Colégio Itatiaia / Palacete de Jorge Maluf

Sempre destacamos aqui no São Paulo Antiga a grande capacidade empreendedora dos imigrantes árabes em nossa cidade. São diversos os sobrenomes de origem sírio e libanesa que estão marcadas em nossa história e em nossas ruas e avenidas. Quem nunca ouviu ou leu nomes como Jafet, Maluf ou Cutait por exemplo ?

O palacete que apresentamos aqui neste artigo é um precioso patrimônio histórico paulistano erguido por uma família que ostenta um desses sobrenomes. Trata-se da residência que pertenceu ao industrial paulistano Jorge Maluf. Famoso por atuar na área de tecelagem ele foi proprietário das Indústrias de Seda Maluf, fábrica essa que era localizada na Alameda Nothmann, bairro de Campos Elíseos.

No início da década de 1930 Jorge Maluf contrata o então recém formado engenheiro Alfredo Mathias para projetar a sua nova residência, no bairro paulistano da Bela Vista. Construída por imigrantes italianos o palacete erguido para a família de Jorge Maluf é concluído em 1934.

Localizada no número 350 da Rua dos Franceses o imóvel é no estilo art déco e reflete o espírito da época, em que os arquitetos apostavam em linhas puras, volumetria reta e ornamentos geométricos estilizados. O imóvel conta também com vitrais da famosa Casa Conrado, uma das pioneiras desta arte em território brasileiro. Além disso, em seu interior, a casa conta com diversos ornamentos inspirados em cenários do Egito antigo e do Oriente Médio.

Anúncio recrutando cozinheira para trabalhar no palacete na década de 1950

O palacete foi ocupado como residência da família de Jorge Maluf até o início da década de 1970, quando ela então é desocupada e posteriormente passa por diversos inquilinos até os dias atuais.

Ainda na mesma década de 1970 o imóvel é alugado para o Governo do Estado de São Paulo, onde passa a funcionar a Secretaria dos Negócios Metropolitanos. Uma curiosidade é que foi neste palacete, em 1979, que a referida secretaria iniciou os estudos solicitados pelo então governador, Paulo Maluf, de transferir a capital paulista para o interior do Estado, projeto este que jamais saiu do papel.

Posteriormente o imóvel ainda teve vários outros inquilinos onde destacamos o Espaço Cultural De Simoni e o Bufê Casa dos Franceses.

Após este último inquilino o imóvel enfrenta um breve período de decadência onde vários problemas de manutenção podem ser vistos ao nível da rua, como a queda de um pedaço da fachada, queda do muro etc. Neste momento a casa é brevemente anunciada à venda pelo valor de 12 milhões de reais.

O palacete em 2019 em péssimas condições (clique para ampliar)

Em 2020 o anúncio de venda removido e a casa é colocada para locação. Com um IPTU consideravelmente alto, não parecia que seria fácil encontrar um inquilino para o palacete, ainda mais em meio a uma pandemia e tantas obras a se fazer e que se complicam justamente por ser um imóvel tombado como patrimônio histórico desde 2002, cuja resolução só permite adaptações tais como novas instalações de acessibilidade e segurança. Mesmo assim o imóvel tem um bom destino e passa a abrigar um colégio.

PEAK SCHOOL by COLÉGIO ITATIAIA:

Palacete ressurge renovado (clique na foto para ampliar)

Em agosto de 2021, o bairro da Bela Vista recebeu de presente uma de suas preciosidades arquitetônicas restaurada e reformada. O antigo palacete da Família Maluf, situado no ponto mais alto do Morro dos Ingleses recebeu a unidade Peak School do Colégio Itatiaia. O termo peak é uma referência ao “pico” do morro, lugar onde é possível enxergar o horizonte e, ao Pico das Agulhas Negras, que fica em Itatiaia (RJ), onde nasceu o colégio.

Neste espaço os alunos do ensino fundamental da escola desfrutam não só de um ambiente histórico renovado, como também de uma área com 3400 metros quadrados repleta de verde, a três quadras da famosa Avenida Paulista.

Hall central do palacete com 6 metros de altura (clique na foto para ampliar)

De acordo com Carlos Lavieri, arquiteto e um dos sócios do Colégio Itatiaia, “A casa reflete uma tendência das famílias ricas da época de querer viver ao estilo europeu”. E ele prossegue “Além de ser enorme, essa casa também é um sonho pela área verde, hoje tão rara nos centros urbanos. Em nossas unidades, privilegiamos sempre que possível jardins grandes, com árvores para subir, espaços amplos para as crianças correrem, pois sabemos da importância do movimento para o desenvolvimento infantil. O aluno não aprende somente sentado na cadeira da sala de aula”.

A instituição está em um momento importante de seus 40 anos de existência: a ampliação do ensino fundamental, que agora passa a atender até o nono ano na unidade Peak School, localizada na Bela Vista. Peak School é o projeto de educação bilíngue idealizado pelo grupo, que há décadas pesquisa práticas de ensino em mais de 20 países. Nessa proposta, “learn is fun” não é só uma ideia, é uma prática constante que envolve metodologia ativa.

Na foto um dos ambientes do palacete (clique na foto para ampliar)

O Colégio Itatiaia foi fundado em 1980 pela educadora Maria Carolina, que levou sua experiência de infância no sítio do avô, localizado em Itatiaia, no Rio de Janeiro, para o universo educacional. Aprender brincando é uma das bases fundamentais da metodologia do colégio, que agora amplia suas instalações para receber alunos até o nono ano do ensino fundamental.

Na mesma Rua dos Franceses, há outro casarão da rede Itatiaia, a unidade Bela Vista, também erguida em um imóvel tombado, de dois andares, com jardins e área amplas. “Como arquiteto, existe um desejo meu em recuperar esses imóveis ‘perdidos’ de São Paulo. Muitas vezes eles viram museus pouco visitados ou bufês e são raros os que são abertos à sociedade para outros usos”, explica Lavieri, que pretende justamente oferecer visitações abertas ao público a partir do ano que vem.

Vista da área verde localizada nos fundos do colégio (clique na foto para ampliar).

SERVIÇO:

Peak School by Colégio Itatiaia
Rua dos Franceses, 350 – Bela Vista, São Paulo – SP
www.peakschool.com.br
Instagram ::: Facebook
(11) 4395-6036

DADOS TÉCNICOS:

Autoria: Alfredo Mathias
Estilo: Art Déco
Ano: 1934
Andares: 3
Área do lote: 2807m²
Primeiro proprietário: Jorge Maluf
Ano de tombamento: 2002

PLANTAS BAIXAS:

Para melhor visualização das imagens do Colégio Itatiaia dividimos as imagens em galerias distintas.

GALERIA 1 – FOTOS EXTERNAS E AÉREAS:

GALERIA 2 – FOTOS INTERNAS:

GALERIA 3 – SALÃO EGÍPCIO:

GALERIA 4 – VITRAIS:

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

Correio de S.Paulo – Edição de 21/8/1934 pp 3
Correio de S.Paulo – Edição de 16/4/1935 pp 3
Jornal de Notícias – Edição 1581 pp 9
Jornal da República – Edição de 12/12/1979 pp 12
O Estado de S.Paulo – Edição de 24/8/1999 pp z8
Lista de Assinantes de Telefonia para o ano de 1961
Imóvel Web – Link visitado em 14/12/2021

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

A Casa Rodovalho

Conheça a história da Casa Rodovalho, uma das pioneiras no serviço de táxis em São Paulo e também uma das primeiras a operar no serviço funerário municipal.

Leia mais »

10 respostas

  1. Fico muito feliz em saber disso, e chocado que um imovel tombado precise pagar IPTU, fala sério…ficou lindo , exceto pelas cores pavorosas da fachada hehehe

  2. Os materiais empregados, a ousadia na arquitetura e o requinte na mistura de cores, deixa claro o poder do dinheiro em cada época da construção civil no Brasil.

  3. Puxa! É o tipo de coisa que jamais passou pela minha cabeça!!
    Lembro do Sr. Paulo Maluf em sua época como governador do Estado, em fins dos anos 70.

  4. Parabens Douglas Nascimento pelo seu empenho incansavel em manter nossa história arquitetonica.

  5. Moro na mesma rua e vi a mudança da casa várias vezes. Só gostaria de alertar que o muro e fachada ficaram danificados por causa de queda de um galho de uma grande árvore que ficava em frente (e acabaram cortando ela inteira). Várias outras casa na rua tbm são tombadas e adoro o estilo antigo e tranquilo do bairro. Que continue assim sempre.

  6. Apenas uma correção. Moro na região e passo sempre por ele. Era alugado para eventos e nunca esteve abandonado. A fachada não estava caindo. Houve uma queda de árvore em um dia de chuva que danificou o frontão que logo foi restaurado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *