Velha conhecida dos paulistanos a Rua Paula Sousa é famosa por acolher diversas lojas dedicadas a artigos de cozinha, principalmente para a área industrial e restaurantes. É ali que muita gente vai atrás dos mais variados artigos desse ramo quando precisa de algo.
Por lá se encontram ainda muitas construções antigas, erguidas nos primeiros anos do século XX como esta a seguir:
Localizado nos número 358 a 370 este magnífico edifício é um dos mais antigos e bem preservado da Rua Paula Sousa. O interessante é que até mesmo as portas comerciais de aço são antigas – embora não as originais – como pode ser visto na foto acima (e por isso optamos fotografar num domingo, quando o estabelecimento está fechado).
Na mesma edificação existem originalmente três imóveis independentes entre si, que são acessados da seguinte maneira: pavimento superior com entradas pelas extremidades e o ponto comercial através das três portas de aço centrais.
Embora não seja possível apurar o ano da construção do imóvel, ele já existia em 1914 quando passou a abrigar o estabelecimento Cocito – Irmão & Cia, que naquele mudou-se de seu antigo endereço na Rua da Estação 25. A fotografia abaixo, de 1921, mostra o imóvel poucos anos depois:
Mesmo passado mais de um século desde a instalação da Cocito-Irmão & Cia (que não existe mais) o imóvel segue bastante preservado e é alvo constante de manutenção. Entretanto o que entristece e intriga é a remoção da adorável arte que existia no frontão da edificação e que pode ser vista na fotografia acima. Nela existia um grande brasão ao centro, com a figura de uma mulher à direita além da inscrição datada “1871-1915“.
O que teria representado este brasão ? E no caso da data o que tal período representava ? É bem possível que jamais venhamos a descobrir, pois não existe mais. Como a construção é bem preservada estranha esta porção ter sido removida e nosso palpite é que o imóvel tenha ficado em mau estado de conservação em algum momento de sua existência e aquilo tenha caído. Já a numeração “1871-1915” ela teve seu relevo apagado mas ainda está lá e poder ser vista na última fotografia da galeria no final do artigo.
Ao menos podemos desfrutar desta edificação preservada, mesmo que sem seu detalhe no frontão. Abaixo veja mais fotos (clique na miniatura para ampliar).
ATUALIZAÇÃO 26/03/2021:
O leitor Marcelo Albuquerque Magalhães deixou um comentário no artigo bastante pertinente, o que nos levou a atualizar o artigo com as informações por ele enviada.
Ele sugere que o brasão que havia no frontão da construção possivelmente era o da família Cocito, sobrenome este bastante relevante na Itália. Ao observamos o link por ele enviado constatamos a grande semelhança entre o símbolo do imóvel e o da família, os detalhes ao redor do brasão talvez tenha sido uma configuração optada para adornar ainda mais a construção.
Respostas de 14
O que me parece a data de construcao no frontspicio e 1871-1915. Circa 1915, portanto.
Apesar da separacao de andares, permanece sob um unico dono, ate pelo menos na minha ultima averiguacao.
Boa pedida. Nao sabia o nome do edificio.
Pelo bom estado geral, posso supor que o brasão apodreceu devido às intempéries.
Deviam reconstruir o frontão. Pela foto antiga se vê que era muito bonito mesmo.
Hipóteses:com o golpe republicano de 1889 quase tudo que remetia à monarquia foi destruído, retirado ou alterado, porém é remotissima essa hipótese pois em 1915 a destruição já tinha acontecido. Penso também que seria algo italiano, pois o Reino da Itália foi fundado em 1871 e o brasão parece algo da monarquia italiana, na década de 40 com a guerra muita coisa que se referia à Itália, Alemanha e Japão sofreram o mesmo destino das construções do período monárquico brasileiro.
Em 1915 a destruição já tinha acontecido? Qual destruição? Não entendi…
Lembrando que Cocito é sobrenome italiano e nobre…
Talvez o brasão seria esse:
https://www.cognomix.it/stemma-famiglia/cocito
Vi também no Correio Paulistano de novembro de 1935 um anúncio da empresa Ernesto Cocito & Cia e fabricavam balanças metálicas e ficava na rua Cruz Branca (próxima às porteiras do Brás), talvez haja alguma ligação…mar
Um achado realmente importante. Obrigada pelo registro.
Muito bonito o prédio, vamos torcer pela sua constante preservação, seria muito interessante se fosse descoberto o significado do brasão e as datas que faziam parte do frontão da fachada!
Parabéns pelos posts! Sensacional! Já indiquei sua página para minha turma de pós de educação patrimonial!
Nós temos uma verdadeira arte, pena que muitas já foram destruídas pelo ainda modernismo fajuto.
Caramba! A porta de madeira, do lado direito da construção, é original! Talvez até as portas de aço sejam…E a insegurança também passou por ali: providenciaram as famigeradas grades nas janelas…
Quanto às datas, um mistério…Não sei(e nunca saberemos), mas uma coisa era e continua comum em casas, pontos comerciais e etc: o novo proprietário, do imóvel ou do negócio(ou os dois), quer “apagar” a lembrança que tinha ficado do anterior. E isso acontece até em família.
A porta de madeira, do lado direito da construção, é original. Talvez as de aço também sejam, por que não?
Não sei se é o caso(e nunca saberemos), mas, muitas vezes, o novo proprietário(do imóvel ou do negócio, ou os dois) quer apagar a lembrança do anterior. isso acontece até entre familiares e talvez possa explicar a ausência do adorno e as datas apagadas.
Olha a qualidade dessa porta de madeira, passaram-se 100 anos, e ainda está lá, e se deixar, ainda vai durar muito!