Quem anda pela região central de São Paulo, tanto no centro novo ou no velho, nota que praticamente não existem mais casas por ali.
Entretanto, muito antes da selva de pedra generalizada do coração da capital, haviam um sem número de residências que com o passar dos anos foram dando lugar a edifícios. Um dos raros sobreviventes, é este conjunto de três residências da Rua Bento Freitas.
Localizados nos números 76, 86 e 88 estas residências do século 19 geralmente dão a impressão de que se trata de um casarão, quando na verdade são três casas originalmente independentes. Tratam-se de duas casas geminadas menores, e uma terceira um pouco maior na esquina com a Rua Santa Isabel.
Construídas em 1897, estas casas são típicas representantes das residências da classe média paulistana do final do século 19.
Atualmente constam como patrimônio histórico de São Paulo, tombados em 1993 pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) como um dos raros remanescentes da formação do bairro de Vila Buarque.
Na época de seu tombamento o conjunto não estavam em boas condições:
Logo após o tombamento o imóvel ainda corria sério risco de desaparecer. Estava bastante degradado com inúmeros focos de infiltração, forro de madeira apodrecido, telhado em situação precária e com os elementos do frontão sofrendo rachaduras e riscos de queda. Parecia, mesmo com o tombamento, não haver esperança para o conjunto de residências.
Entretanto alguns anos mais tarde iniciaram-se as obras de restauro e as casas, que até alguns anos antes do tombamento pareciam ter como destino a demolição, ressurgiram belas e restauradas e assim encontram-se até hoje.
As obras de restauro não só recuperaram as casas do século 19, como também ajudaram a recuperar o entorno que estava bastante degradado no período em que os imóveis encontravam-se em situação de abandono.
Este trecho da Rua Bento Freitas sofria com constantes problemas de descarte de lixo irregular e insegurança que acabaram desaparecendo.
Durante o restauro as casas foram interligadas por dentro e passaram a funcionar como um imóvel único, de função comercial.
Mesmo já se passando vários anos de sua recuperação, o imóvel segue com bastante vigor. A riqueza de detalhes das fachadas são muito interessantes, como pode ser observado na foto a seguir.
A Vila Buarque foi surgiu em 1890 a partir do loteamento das terras da antiga chácara que pertencia ao Marechal José Arouche de Toledo Rendon.
Por estar próximo de dois bairros mais elitizados, Campos Elíseos e Higienópolis, a Vila Buarque acabou sendo um bairro bastante eclético, com residências de alto padrão e, principalmente, de classe média.
Estas casas de 1897 foram construídas para alugar. Era muito comum à época, que famílias com maior poder aquisitivo construíssem casas como estas para locação, garantido uma renda extra e segurança financeira para os herdeiros.
Infelizmente, a grande maioria das casas desta época não resistiu e hoje o bairro de Vila Buarque é consistido basicamente de edifícios.
Curiosamente até meados de 2012 havia na Rua Marquês de Itu uma casa ainda mais antiga que estas da Rua Bento Freitas:
Entretanto, mesmo sendo de 1896, não foi protegida e hoje encontra-se parcialmente destruída (leia a reportagem desta casa aqui).
A residência pertence à Santa Casa, que fica do outro lado da rua. O que mostra a falta de critério do poder público ou incompetência.
Será assim tão difícil para o órgão estadual, com tantos funcionários a disposição, dar uma caminhada pelo bairro ? Afinal, se o São Paulo Antiga consegue, o CONDEPHAAT também consegue.
Veja mais fotos das casas da Rua Bento Freitas (clique na foto para ampliar):
Respostas de 12
Que bom(ou melhor,que ótimo!)que as casas foram restauradas! É impressionante mesmo o capricho que o pessoal de antigamente aplicava nos imóveis.É impressionante também o descaso do poder público para com essas pérolas.
Falando nisso,Douglas,lembra do palacete na rua Conselheiro Cotegipe,670,no Belenzinho? Ele está com placas tanto de “vende-se” como de “aluga-se”.Estou até pensando em me passar por interessado,só para vê-lo por dentro.
Em tempo: interessado eu estou mesmo,só não tenho recurso para tanto…
Foi onde funcionou, durante muito tempo, a Fábrica de Velas Veronezi, da família Veronezi, moravam na frente e a fábrica era atrás, embaixo. Essa família tinha como integrante mais famoso o médico infectologista Ricardo Veronezi
Que maravilha amgo ainda bem que preservao parte da história antiga. que na verdade não tem dono ela tem seguidores amigo assim eu vejo. Jaime Prado- Bauru/SP
perfeito………… gostaria muito de sabr como ficou lá dentro…..amei
Resido na região e essas casas são realmente maravilhosas, Sempre achei que abrigavam algum orgão público, não sei se ainda tem a função de moradia. Há um conjunto de casas parecido no Largo da Santa Cecília (estão em ótimo estado e merecem uma reportagem)
Quanto a casa na Marquês de Itu: A fachada será mantida, porém será construido um prédio. Será um hospital.
Bacana mas, você sabia que dessa janela junto a esquina (a que o rapaz de camisa branca está parado) Nenê Romano foi vigiada pelos criminosos que lhe deram a navalhada no rosto? Nesta época Nenê Romano morava praticamente em frente. Forte abraço e sucesso!
morei 16 anos nessa casa.
Muito bom.
Parabéns!
Gostaria de saber, quando acontecerá alguma coisa, pelos lados do Glicério?
Cara, parece que esse prédio voltou a ficar abandonado. Já tem pichações nas paredes. Parece que não funciona mais nada ali. Você tem alguma informação nova?
Abraços.
Veja a casa na Rua Martin Francisco 427projeto de Ramos de Azevedo igual a uma das casas do Shopping Higienópolis.
Hoje funciona uma igreja oriental e pode ser visitada.
A casa é anterior ao calçamento da rua e por isto não é alinhada.
Deveria ser tombada,está super bem preservada.
Há iluminação há gaz ,portas de Pinho de Riga e muitos detalhes ,a casa deve ser de 1880.
Que maravilha, eu nasci nesta casa em 1953, e segundo a minha irma, eu passei pelo menos 1 ano de vida la (meu primeiro aniversario, foi comemorado la! Devo agradecer pelo conteudo do material. Obrigado!
Jorge Da Cunha