Palacete da família Ribeiro da Luz

Quem tem o hábito de passar pelo número 376 da Rua Artur Prado, na Bela Vista, nos últimos vinte anos já se acostumou com a cena de um belíssimo palacete do início do Século 20 totalmente escorado para não desabar.

A residência é uma das mais belas construções da região e por alguma razão está em um estado de conservação tão ruim, que caso as escoras se soltem da fachada ela até pode ir ao chão.

clique na foto para ampliar

Construída em 1913, serviu de residência para a família Ribeiro da Luz até meados dos anos 1980. Nele temos ciência de terem residido o engenheiro Cristiano Ribeiro da Luz e a benemérita Vicentina Ribeiro da Luz, pioneira do serviço social em São Paulo. Ela faleceu em 1979.

No “Livro Vermelho dos Telefones” do ano de 1938 o imóvel é colocado como residência de “Christiniano Ribeiro da Luz”, porém como não encontramos esse nome em qualquer outro lugar acreditamos que seja um erro datilográfico para Christiano.

Os recortes de listas telefônicas abaixo são, respectivamente, dos anos de 1938 e 1961.

Fonte: O Livro Vermelho dos Telefones – Ano 1938
Fonte: Lista telefônica da Cidade de São Paulo – Ano 1961

Não se sabe o motivo do imóvel estar assim nesta situação há tantos anos. A família Ribeiro da Luz vendeu o imóvel para uma empresa em meados da década de 2000, cujo nome é Femar Restauração, Recuperação e Recomposição Predial LTDA. Entretanto de acordo com nossa pesquisa esta empresa foi baixada, ou seja, encerrada.

Talvez seja por isso que o imóvel esteja nesta lamentável situação de abandono. Aliás o IPTU está atrasado e incluído na dívida ativa, sendo que os valores atualizados em fevereiro de 2022 estão em pouco mais de 410 mil reais.

O imóvel encontra-se há mais de uma década escorado como parque se manter de pé. Presumimos que o proprietário o fez ou prevendo um futuro restauro, que acabou não ocorrendo, ou para evitar que ele caísse e tenha problemas com os órgãos de preservação governamentais.

escoras por todos os lados (clique na foto para ampliar)

Existem rumores de que o imóvel tenha sido projetado pelo célebre Ramos de Azevedo, porém não foi possível comprovar a veracidade da informação. Na relação de obras projetadas por Ramos de Azevedo não há nenhuma citação de construções na Rua Artur Prado ou em nome de seus proprietários originais.

O imóvel está tombado como patrimônio histórico desde o ano de 2002.

Veja mais fotos deste imóvel (clique na foto para ampliar):

Atualização 17/01/2013:

Recentemente fomos alertados pelo blogueiro Alexandre Giesbrecht, que o casarão recebeu uma curiosa lona azul como cobertura.

A lona cobre completamente o imóvel, não deixando nenhuma parte da construção visível. Qual seria a finalidade desta cobertura ? Protegê-lo ou esconder eventuais danos à construção dos olhos da população paulistana ?

Qual será o propósito deste “embrulho” ? (clique para ampliar)

Consultamos o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) sobre esta lona cobrindo o imóvel (enviamos inclusive as fotografias ao órgão) mas, até  o presente momento, não recebemos nenhuma resposta. Caso apareçam novidades no caso, atualizaremos novamente este artigo.

Atualização 07/06/2017:

A famigerada lona azul que cobriu o imóvel foi removida há algum tempo, entretanto pouco se modificou na triste sina deste casarão, que segue sem restauro e sem perspectivas imediatas de alguma recuperação.

Atualização 25/02/2022:

Passados cinco anos de nossa última visita constatamos que nada mais mudou no imóvel, além da deterioração do imóvel que vai se acelerando. Com tantos débitos de IPTU passou da hora da Prefeitura de São Paulo desapropriar este imóvel e dar um destino digno a esta construção. Abaixo três fotografias do imóvel, sendo duas feitas com drone.

Atualização 13/01/2024:

Após chuvas torrenciais ocorridas nos primeiros dias de junho, somado ao furto de algumas barras metálicas que sustentava a fachada e o andar superior do palacete, ocorreu um movimentação da estrutura do imóvel, que sofreu um desabamento parcial no sábado 13 de janeiro de 2024. A fotografia abaixo mostra como ficou após a inclinação:

Clique na foto para ampliar (Crédito: Alexandre Giesbrecht)

Devedor de uma pequena fortuna em IPTU o imóvel agora tem poucas chances de ser preservado, já que oferece risco ao edifício vizinho (lado esquerdo) devido a sua inclinação. A prefeitura estuda o destombamento para poder prosseguir com sua demolição.

Embora o São Paulo Antiga seja defensor do patrimônio arquitetônico, entendemos que a alternativa mais viável é mesmo a derrubada. Contudo salientamos a necessidade da desapropriação da área, devido a negligência de seus proprietários, uma vez que o imóvel está situação há pelo menos duas décadas.

Extra – Planta do imóvel (parcial)

Atualização 23/01/2024:

O programa “Balanço Geral” da Record TV fez uma ótima reportagem sobre o caso do casarão tombado que está tombando, que conta a participação do São Paulo Antiga, assista:

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Respostas de 48

        1. A casa cai e o atual dono fatura horres com um terreno limpinho pronto para venda_ o abandono seria proposital???

      1. SERÁ QUE ESTE CASARÃO NÃO PERTENCEU A MESMA FAMILIA DE Joaquim Delfino Ribeiro da Luz ?E a citação de Cristiano se deve a familia ser da cidade de Cristina em Minas Gerais.Até hoje existe a fazenda amarela em Cristina MG

  1. Aí é que está: se o terreno vale tanto assim e a casa com certeza não vale nada (a não ser historicamente), por que o proprietário a “amarrou”? Deveria deixar cair. Ainda bem que ele está segurando, deve estar querendo restaurar. O que sei é que pelo menos desde 2004 – com certeza – ela está assim.

    1. Morei na Artur Prado desde criança, hoje tenho 32 anos e sai de lá faz uns 6 anos ou seja, esta casa está assim mais tempo que 2004, se não me engano desde 99, nunca viamos ninguem na casa, há muito tempo abandonada.
      É uma pena pois é história da cidade, na própria Artur Prado tinham outras casas antigas que já foram pro chão e hoje virarm torres novas, é uma pena a rua e o bairro perder a história dela.

      1. Eu também morei na Rua Artur Prado, no Edificio Artur Prado mais precisamente. Você é o Davi, irmão do Tiago?

  2. É triste, é como saudosa maloca (Adoniran Barbosa)

    “Si o senhor não está lembrado
    Dá licença de contá
    Que aqui onde agora está
    Esse edifício arto
    Era uma casa véia
    Um palacete assombradado
    Foi aqui seu moço
    Que eu, Mato Grosso e o Joca
    Construímos nossa maloca
    Mais, um dia
    Nem nóis nem pode se alembrá
    Veio os homi cas ferramentas
    O dono mandô derrubá
    Peguemo todas nossas coisas
    E fumos pro meio da rua
    Aprecia a demolição
    Que tristeza que nóis sentia
    Cada táuba que caía
    Duia no coração
    Mato Grosso quis gritá
    Mas em cima eu falei:
    Os homis tá cá razão
    Nós arranja outro lugar
    Só se conformemo quando o Joca falou:
    “Deus dá o frio conforme o cobertor”
    E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
    E prá esquecê nóis cantemos assim:
    Saudosa maloca, maloca querida,
    Dim dim donde nóis passemos os dias feliz de nossas vidas
    Saudosa maloca,maloca querida,
    Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vidas.”

  3. Passei em frente ao casarão esse fim de semana, a coisa está feia pois com as chuvas que estão acontecendo, o perigo de desmoronamento se torna ainda maior, mesmo com as madeiras que estão escorando.
    É muito triste ver o descaso com a nossa história em cada esquina que passo.

  4. Realmente é uma pena,moro nesta rua e vejo o casarão tds os dias qd saio para fz caminhada,adoro pesquisar estes casarôes,saber quem lá residia,pesquisei a casa das rosas na av.paulista e descobri que o jardineiro sr.Antoninho aida vive e ainda cuida do jardim,além de pesqusar a casa das rosas ainda pude visitar,não só os casarões mas as casas antigas tb eram maravilhosas amplas,belos jardins e historias incriveis!E o propritario do casarão ng sabe quem é? pelo iptu da para saber,li em uma pesquisa que qd o Sr. Paulo Maluf namorava D.Silvia Maluf,ela morava nesta rua no num.439 0u 437, me lembro que era quatrocentos e pouco se isto ajuda alguma coisa,talvez ela tenha conhecido.Só sei que amo estes casarões nesta epoca se respirava melhor,não havia a poluição que tem hoje!derrubaram tantas residencias para dar lugar a predios e mais predios infelizmente!

    1. Eu estou com 67 anos , morei na 13 de Maio 1911 até 1958 . A 1ª casa da 13 de Maio foi a de meu avô , do qual tenho o nome . Ficava onde hoje se situa o prédio da Fujitsu , logo depois da Amadeu Amaral . Eu não tenho certeza se era esta casa ou uma vizinha , que aconteceu um assassinato , o marido matou a mulher,parece que êle voltou de viagem e a encontrou com outro (fofocas) . Como quem me contou esta estória , já não esta mais vivo e nem há outro que possa conhece-la , ficamos na suposição . Mas este crime realmente aconteceu , acho que na década de 1920 .

    2. morei nesta rua em 1965 num cortiço que tinha do lado de um predio que tinha um quintalão muito grande em frente a utragas nem sei se existe mais

  5. Morei nesta rua nos anos 70 e inicio de 80 no numero 264, tinha uma pensão com martins meu amigo ja falecido, e mais vizinho de esther, olha nesse casarão namorei cilene uma menina linda a mãe dela era de criação uma senhora de cor muito distinta, quantas saudades, pena que o Brasil não tem memoria, como pode deichar isso ficar nesse estado, pais que precisa ter mais amor no coração e preservar patrimonios, que pena quanta saudades.

    1. Estava no completo abandono por décadas …mas agora os donos vão aparecer para negociar o valioso terreno

  6. Realmente para um imóvel estar desse jeito ele deve ter sido vandalizado e descuidado por muitos anos realmente é lamentável que imóveis dessa idade estejam tão esquecidos. Lembro-me que meu avo nos deixou um imóvel parecido com esse no interior de minas, lamentavelmente por motivo de herança de vários irmãos a casa teve de ser vendida, ficou abandonada por 10 anos até que o novo proprietário colocou no chão e é isso que temos que evitar. Parabéns sempre ao administrador desse site pelas denúncias como essa.

  7. Estou virando fã deste site! Eu herdei uma casa em Londrina PR que foi do meu bisavo. A casa tem uns 60 e poucos anos nem tinha lotiamento na época ainda…. Bom, tudo isso pra dizer que as casas tipicas de Londrina esta passando pelo mesmo problema! O governo não insentiva os proprietarios a conservarem essas casas tipicas! Acho que so vai sobrar a da minha familia mesmo… pq a minha eu ja restaurei. Gastei dinheiro mas foi com tanto amor que nao me incomodo e afinal é um investimento. Não se compara com esses lindos casarões de SP… é uma pena! O Brasil, SP tem tantos outros problemas que quem dara atenção a identidade, historia, arquitetura?

  8. Infelizmente esse casarão está abrigando muitos ratos e outros insetos ,fora isso também esta abrigando usuarios de drogas e bandidos .Em decorrência disto,tem aumentado o numero de assaltos na rua e redondesas.

  9. Atrás dos ratos, reúnem-se os gatos.
    Certa noite, passando em frente ao casarão (antes de colocarem a lona, que, há uns 2 ou 3 meses já estava bem rasgada), levei um susto com gatos, que saltaram por entre as grades da mureta.
    Olhe o comentário “Abandono na Bela Vista”, da leitora Diva Luisa de Luca no Estadão, coluna “São Paulo Reclama”, em 02.03.2011:

    http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,sao-paulo-reclama-imp-,686478

    Não consegui abrir o link do leilão, não sei se foi realizado:

    http://www.sodresantoro.com.br/pdf_/editais/leilao10394.pdf

  10. Eu já trabalhei nesta casa, ela pertencia a um casal de sobrenome Ribeiro da Luz família tradicional de São Paulo proprietária de varias instituições sociais e creches do Brás e Mooca também fiquei horrorizada pelo estrago, esta casa era linda com varias salas e uma escada giratória antiga colonial que vai do 2º andar até o porão parecia mais de filme de terror mesmo assim era linda, também logo na entrada tinha dois leões na escada de mármore, muitas cristalerias e uma mesa enorme que da para umas 20 pessoas ou mais.
    Acho que isso tudo deve ser por causa de burocracia quem manda nesse mundo e o documento,

  11. Hoje parei em frente ao casarão para aguardar a tacnica de infermagem fazer uma coleta no prédio em frente ( mansão tour de pin).
    Em busca de saber a história desse belo imóvel antigo, encontrei esses site, fiquei muito triste em saber que ele está nessa situação a tanto tempo e sem perspectiva de restauro.
    Estou encantado e ao mesmo tempo triste por uma obra tão bela( mesmo em ruínas) está nessa situação de descaso.
    Vi muitos gatos e um morador de rua zanzando pela propriedade….
    Fico imaginando, quem viveu, quem realmente construiu e as histórias desse lugar tão diferente e singular no meio da cidade de São Paulo, tão rica e tão pobre na preservação da sua história…

  12. Essa estrutura toda para manter o casarão de pé, foi instalada pela prefeitura, e está apodrecendo e se soltando. O dono não consegue vender o terreno pois o casarão é tombado pelo Patrimônio Histórico. Então ele não faz absolutamente nada para preservar, só esperando que que vá ao chão. O que pode acontecer logo, visto que o piso teto todo de madeira, já desabou. Existe uma colônia de gatos lá a anos, que é cuidada por alguns protetores.
    E tem um morador de rua instalado nos fundos, em uma edícula, com a permissão do proprietário, para impedir a invasão de outras pessoas.

  13. Bem, o dono obviamente está esperando o imóvel ficar arruinado para além de um restauro possível. Por outro lado, acho um absurdo imóvel tombado pagar IPTU? Cade os vereadores de São Paulo nessa hora?

  14. Esse negócio de tombar imóvel dos outros não serve para nada! O proprietário fica com medo de não poder dispor do imóvel como lhe aprovém. Não existe incentivo nenhum para se manter um imóvel antigo, sua manutenção não é barata, exige mão de obra qualificadissíma. Não pode modernizar a gosto, tudo tem que ser como o condephhat quer. Ou a propriedade é do indivíduo ou não é se não é o Estado que desaproprie os imíveis tombados. A lona serve para proteger o imóvel da chova, do tempo, preserva mais e evita q algum item que venha a se desprender, caia na cabeça de alguém.

  15. O casarão está atualmente, em janeiro de 2023, entortando para a esquerda de quem o vê da rua.
    Periga cair sobre o prédio ao lado. Devem ser seus últimos anos.

    1. Eu fui ver um apartamento na rua Santa Madalena, que fica ao lado, pra comprar, mas ver essa ruína tão de perto me assustou. Perguntei sobre ela ao funcionáriodo do predio e a um morador, e ambos disseram que não havia perigo, pois há alguém que mora nos fundos do casarão para evitar que o terreno não ser invadido, mas fiquei pensando na sujeira: ratos, dengue…

  16. Atualização: devido às chuvas dos últimos dias, a estrutura da fachada do casarão cedeu a ponto de entortar as escoras metálicas. Passei pela rua há alguns minutos, e a vizinhança observava a casa como se ela fosse desabar a qualquer momento. A Defesa Civil isolou a calçada por segurança.

  17. 15/01/2024 saiu na folha de São Paulo, fachada dele desabou, atingiu um quarto do prédio ao lado e esta totalmente interditado com risco de desabar de vez, pelo que eu entendi, querem destombar o imóvel, pois esta totalmente irrecuperável, com risco desmoronar por completo, triste isso 🙁

  18. Acabei de ouvir no rádio que a prefeitura irá demoli-lo, depois do que houve em 13/01/2024.

  19. Triste fim do casarão… (1913-2024)
    “Casarão do século 20 tombado na região central de SP precisa ser demolido imediatamente, aponta laudo”

  20. Infelizmente este casarão já era! Deixaram chegar a este ponto, a família seus descendentes não tiveram interesse, na preservação por vários motivos, acabei de ver daqui de Brasília no SBT, hoje 23/01/2024 uma matéria sobre este casarão . Mais uma parte da história de SP que se vai!

  21. No passado, na Europa já houve muita destruição de antigas construções. Mas perceberam a importância da preservação dos imóveis que aliás, são super bem cuidados. De olho no turismo, preservar o antigo tornou-se muito lucrativo. Observa-se o progresso e a modernidade distribuídos por toda parte sem que se destrua um, para construir outro. Os novos prédios, são construídos ao redor dos antigos e o mais interessante, é que os países são pequenos em extensão territorial. O Brasil que é um país tão grande, não consegue preservar nada. Tanta terra não sei para quê ? Do jeito que a “coisa” esta, as crianças do futuro não conhecerão as histórias locais a não ser por fotos. Triste realidade!

  22. Alguém reparou que uma senhora comentou aqui na página que trabalhou nesta casa e descreveu ela por dentro?
    Não seria interessante uma entrevista para saber mais detalhes da casa e da família que morou ali?

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