É muito triste quando recebemos a notícia de que um imóvel antigo corre risco de ser demolido. Mas é muito mais triste quando recebemos a péssima informação de que um sobrado absolutamente preservado e de considerável valor arquitetônico é colocado abaixo sem que sequer tenhamos tempo de fotografá-lo para a posteridade.
E foi exatamente isso que aconteceu no número 634 da Avenida Pompéia, região das Perdizes:
O imóvel que no passado foi uma belíssima residência, abrigou até dezembro de 2011 o Colégio Alvorecer, que aparentemente vendeu a área (ou devolveu, não sabemos se eram proprietários ou inquilinos) para uma construtora, que não perdeu tempo e no início de fevereiro colocou esta preciosidade abaixo. No local, muito em breve, subirá um novo empreendimento.
A demolição foi tão rápida que sequer deu tempo de ir fotografar o imóvel. Fomos salvos pelas imagens do Google Street View que felizmente ainda não foram atualizadas para aquela região e nos permitiu ao menos algumas últimas imagens do casarão.
Reclamar aqui mais uma vez do pouco caso e do desprezo que a nossa memória arquitetônica recebe é chover no molhado. Ano vai, ano vem e a história se repete continuamente. E vai chegar um dia em que seremos definitivamente uma cidade sem memória.
Alguém ainda duvida que nosso órgão municipal de preservação está dormindo no ponto ?
Confira mais fotos do casarão demolido (clique para ampliar):
Crédito de todas as fotografias: Google Inc (via Google StreetView)
Respostas de 21
Impotência, tristeza, indignação…tudo
ao msm tempo!
Nasci e cresci na Pompéia e já faz algum tempo que a história do bairro está sendo destruída sem a menor cerimônia, responsabilidade e planejamento. Uma sacanagem que a cidade inteira paga.
Imaginem o pavor neoclássico que será construído.
Reabilitar o edificado antigo é preservar a memória dos lugares.
Recuperar significa transformar sem destruir. Além disso, a reabilitação do edificado é ainda uma atitude sustentável, uma vez que se reutilizam partes da casa e os materiais com que estas foram construídas, e sempre respondendo de forma eficaz às exigências térmicas e acústicas dos dias de hoje. – EcoCasa Portuguesa
http://www.facebook.com/ecocasaportuguesa
Imaginem o pavor neoclássico que será construído. (2)
São Paulo está virando uma cidade horrorosa. isso com tantos edifícios desocupados… ninguém faz estudo de impacto na vizinhança, ninguém pensa na harmonia estética, na identidade dos bairros.
Não precisa nem ir pra Europa: em Porto Alegre as pessoas cuidam da cidade, em Curitiba… Olha o caso da rua Gonçalo de Carvalho em Porto Alegre! Se fazem isso no Sul porque não podemos fazer em São Paulo?
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Vamos acordar e cobrar da prefeitura!!! Lembrando que esse ano termina o antigo plano diretor. Vamos ficar de olho nesse novo plano e cobrar medidas de preservação, estudo de impacto, etc…
Passei ontem em frente de onde ficava o casarão. Ele faz parte de minhas lembranças, desde a época em que ele abrigou a escola Poço do Visconde até os anos do Alvorecer, onde estudou minha prima. Era um belo exemplar de estilo colonial português e ainda estava inteirinho, mas infelizmente desapareceu para que um novo caixotão comercial, provavelmente a ser edificado em um estilo Herzog & De Meuron ou Rem Koolhas “wannabe” – se não for o temido neo-neo-neoclássico de que falaram acima e que tanto tememos. Pfff!
juliana, vc estudou no Poço do Visconde?
São Paulo está se favelizando por esses arquitetos porcos que se acham artistas. São uns imitadores ridículos sem expressão.
Concordo com vc e tem mais o kassab é o maior corretor pois tudo isso acontece com o aval dele. Ele tá fazendo fortuna em cima disso, pois varias áreas z1 estão virando z2 .
É memso uma pena. Eu já tinha alertado sobre esta demoliçao, infezlimente não deu tempo de tirar as fotos.
Acho que um pequeno e charmoso predio de apenas três apartamentos , provavelmente dos anos 30/40, situado nas esquinas da rua Fábia com rua Claudio, na Vila Romana, terá o mesmo destino. Os imoveis ao seu redor já foram todos demolidos para a construção de mais um enorme predio residencial.
Mais um pouco da nossa memoria que se vai!
QUE PENA EU ESTUDEI LÁ. E o interessante é que do lado no 678 funcionou durante muito tempo um bordél e por conta do mesmo meu pai era proibido pela minha mãezinha de me buscar.
tipico do KASSAB alem de não ter marcado historia na politica, destrói a nossa historia o pior lixo que o povo paulista escolheu para prefeito!
Realizei meu Jardim da Infância neste imóvel da Avenida Pompeia de 1969 a 1973. Na época, a escola se chamava Florence. Ao lado direito da casa principal, existia um pé de jaboticaba, o qual desfrutávamos de seus frutos com muito gosto e embaixo de sua sombra realizávamos eventos externos. Me lembro perfeitamente que no Dia do Índio uma tenda de lona verde foi montada, parecida com aquelas tendas triangulares altas dos índios norte-americanos, e alí comemos mandioca. Com o passar dos anos, fiquei estarrecida ao ver meu saudoso pé de jaboticaba cedendo lugar a mais um prédio da escola Poço do Visconde. O pé de pitanga, ao lado esquerdo da casa, era uma outra opção para nós podermos subir em árvores em meio a uma cidade urbanizada. Há pouco tempo senti mais uma vez a marca de minha história desaparecer, ao ver a construção de um prédio sobre a Colégio Florence. Infelizmente, a inconsciência entre os habitantes de São Paulo e empreendedores em geral sobre a importância de se manter em pé as construções iniciais dos bairros para a existência viva de marcos históricos destroem uma cidade de beleza arquitetônica inicial inquestionável, desde as técnicas mais simples quanto as mais sofisticadas, em nome de construções de torres munidas de materiais de baixa qualidade, as quais, enriquecem seus empreendedores, empregam pessoas “cegas” sobre os verdadeiros valores patrimoniais, enchem de orgulho os “novos ricos” que ali habitam e entristecem meia dúzia de pessoas que se importam com a qualidade de vida de toda a comunidade e não somente a sua. Vou imprimir as fotos de teu site para manter em meu álbum de infância.
Isso sem falar em todas as memórias de pessoas que, como eu, estudaram durante anos (11 anos, no meu caso) no Poço do Visconde. Eu brinquei muito neste casarão, passei minha infância e pré adolescência lá, e adorava passar na frente e lembrar de todos os anos felizes que passei lá. O Colégio Alvorecer não era dono do prédio, ele sempre foi alugado. Pelo menos, vale deixar registrado aqui que alguns ex-alunos do Poço do Visconde contataram a construtora uma semana antes da demolição e eles permitiram que fizéssemos uma última visita ao local.
Douglas, bom dia!!!!!
Quero deixar registrado, pois sou uma das pessoas que dirigiam o Colégio Alvorecer, que o prédio não era nosso, de nossa propriedade e que não o vendemos. Nunca faríamos isso!
Formos inquilinos por 19 bons anos, anos nos quais mantivemos tudo muito limpo, conservado e preservamos as características do prédio, lindíssimo! Foi com enorme pesar que dali mudamos.
Para você ter ideia do impacto, um ano depois fechamos o colégio, pois não havia na cidade de São Paulo, um local para locação que preservasse as características desse espaço, que sempre nos foi um diferencial.
Passar por lá, hoje, me causa indignação e fica a clareza de que um espaço tão lindo, com tantas histórias , foi abaixo, sem o menor respeito com a história.
Uma PENA!
Um espaço que fará falta para as pessoas que lá trabalharam e estudaram, com toda certeza, Era escola desde 1963, Florence, poço do Visconde e Alvorecer. Ficou apenas a lembrança!
Muito orgulho de seu registro e de seu trabalho, Douglas!
para nós, restaram as fotos, as lembranças e a saudade!
Abraços,
Vanessa Andrade
Eu estudei neste casarão em 1962, quando cursei o 5° ano primário, na época era o “Instituto de Educação Florence”. Minha professora , dona Branca, jamais a esquecerei. Muitas recordações dos colegas, das aulas de Educação Física,.até da merenda, do sagu…Bons momentos!
Obrigada Douglas pelas fotos que me levaram ao passado. Recordar foi muito bom!
Estudei no Florence em 1961/62 , até hoje minha memória é bem viva quanto ao casarão, dos jardins e de como eu corria ao fim das aulas para ficar no balanço no lindo jardim do colégio.
Cada vez queria ir mais ao alto e desejava que minha mãe demorasse muito pois ela trabalhava e somente me pegava mais tarde.
O uniforme com peças vermelhas, a escada para subir nas salas de aula, as meninas e meninos com o pequenos sinais da adolescência, as imensas árvores da Avenida Pompeia e a sensação de alegria e tranquilidade de um garoto de viver naquele mundo.
Considero, como todos que aqui postaram comentários, uma grande perda desse patrimônio e lamentar a inexistente falta de preservação em nosso país.
Wagner de Abreu Oliveira
Olá Dulce, também fui aluno da D.Branca.
Certamente fomos colegas no Florence.
Abraço
Wagner
Parecia em estado perfeito de conservação pelas fotos.