É sempre preocupante quando vemos um anúncio de ˝vende-se˝ em uma residência antiga. Nos dias de hoje, salvo excessões, a venda significa o seu trágico fim.
Recentemente passando pela Vila Nair, na região do Ipiranga notei que uma casa que já havia fotografado há algum tempo foi colocada à venda:
Localizada no número 260 da rua Sussurana¹, esta casa é mais que uma simples residência. Trata-se na verdade de uma espécie de chácara encravada na região urbana de São Paulo, uma sobrevivente.
Hoje bastante desenvolvida, essa área do Ipiranga consistia basicamente de chácaras e propriedade rurais ao menos até meados da década de 1930, quando a região começou a ser loteada e ocupada.
Os dois mapas abaixo, respectivamente de 1930 e 1951 mostram a rua Sussurana¹ em dois momentos bem distintos. No primeiro era apenas um traçado e no segundo a região já urbanizada, mas ainda bem diferente do que é hoje em dia (arraste a régua para observar os dois mapas):
[image-comparison left=”22497″ right=”22498″ position=”mostlyright” /]
A casa em questão é possívelmente umas destas inúmeras chácaras que já existiam na região na década de 1930. O estilo da construção, e a grande área verde são claras evidências disto. Entretanto, tudo isso pode estar ameaçado, ao menos desde que surgiu o cartaz abaixo:

Nome e telefone da imobiliária removidos de acordo com a nossa filosofia editorial.
Contatando a imobiliária e fazendo uma pesquisa na internet, é possível encontrar não apenas esse mais outros anúncios de venda da área. Em quase todos a o local é tratado apenas como terreno, o que significa que a finalidade da venda é a uma possível demolição.
O valor estimado é de R$ 6.300.000,00 algo absolutamente proibitivo para alguém comprar e manter a área como ela é, mas acessível para a especulação imobiliária erguer algumas torres no terreno.
Demolir a casa não é o maior dos problemas, mas sim a grande área verde do terreno, cuja área total se aproxima a 1800 metros quadrados e está repleta de árvores, sendo muitas delas frutíferas como pé de manga, bananeira e jabuticabeiras.
Abaixo uma visão do outro lado do terreno, onde encontra-se as árvores e toda a área verde:
Que futuro estará reservado para esta importante área verde paulistana ? Só o tempo dirá.
1 – A rua atualmente é grafada como Sussurana, mas está errada. Originalmente – e corretamente – a rua era chamada de Sussuarana, nome de um felino de grande porte bastante comum nas Américas. O nome passou a ser escrito errado em algum momento após 1961, pois até esta data ainda era grafado corretamente.
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