Os períodos de conflito são marcados por apreensão e tensão, uma vez que os que partem para a linha de combate sempre correm o risco de jamais regressarem a seus lares.
Em 1932 durante a Revolução Constitucionalista houve o chamado Correio Militar. Bastante utilizado naquele período, ele servia também para manter um meio de comunicação seguro e eficiente entre os soldados paulistas e seus familiares. Muitos destes valorosos combatentes, inclusive, eram jovens garotos.

As granadas das tropas revolucionárias eram apelidades de “abacaxis paulistas”
Recentemente encontramos duas cartas enviadas naquela época. Uma foi enviada do front para um familiar e a outra fez o caminho inverso. São relatos precisos de uma guerra em que o objetivo era lutar pela constituição e democracia.
PARABÉNS, MAMÃE!
Esta primeira correspondência abaixo, foi enviada por um soldado chamado Fábio. Bem curta e bastante carinhosa, a carta é uma felicitação de aniversário para sua mãe, que celebraria a data no dia 9 de setembro. No final, o respeito dele para com sua mãe no trecho “… o filho que pede a benção…”.
A REVOLUÇÃO VISTA PELOS FAMILIARES
Já esta segunda carta é de uma família de Guarulhos (Vila Galvão) e foi enviada para um soldado. Nela, um homem chamado Jair responde a comunicação enviada previamente pelo seu irmão que estava no front, de nome Nélson.
Na longa carta, Jair explica ao irmão sobre a situação na capital paulista e na vizinha Guarulhos, tece comentários sobre a revolução que estava em andamento, e fala até sobre um ataque aéreo mal sucedido ao Campo de Marte, feito por avião federal, chamados por ele de “abutres da ditadura”.
Outro trecho interessante também, é quando Jair refere-se as incursões das tropas de Getúlio Vargas em São Paulo, que são ridicularizadas por ele “… Até hoje elles só nos proporcionaram inoffensivos espetáculos cinematographicos ” (obs. grafia da época).
NOS JORNAIS
Após o término da revolução, a cada ano que se celebrava um novo 9 de julho, sempre eram publicadas cartas enviadas as redações escritas por intelectuais, figuras populares, ex-combatentes e políticos. Esta a seguir, foi enviada em 7 de julho de 1933, para o jornal Correio Paulistano.
Estes são relatos de uma revolução ocorrida há 85 anos atrás, e que jamais será esquecida não só pelo povo paulista, mas por todos aqueles que lutam pelos ideais constitucionais, democráticos e de liberdade.
Pela honra de São Paulo, em defesa do Brasil! Salve 1932! Salve o 9 de Julho!
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