Os conhecidos pratos leitosos Colorex, as inconfundíveis xícaras âmbar da Duralex e as travessas transparentes que vão ao forno da Marinex tem algo em comum: compartilham sua origem e história pois foram fabricadas pela mesma empresa.
Essa trajetória começou há muitos anos, o Brasil ainda era um país essencialmente agrícola e ainda começava sua industrialização. Foi então que Elias Fausto Pacheco Jordão, renomado engenheiro, empresário e político e Antônio da Silva Prado, primeiro prefeito da cidade de São Paulo ainda durante a primeira república, decidiram em 1892 na várzea do rio Tietê abrir uma vidraria, que se tornou em 1895 a Prado e Jordão.

O interesse pelo local veio da areia branca abundante no local, que era ideal para produção de vidro. Em 1901, Antônio Prado comprou dos herdeiros a parte de Elias e mudou o nome da fábrica para Santa Marina, uma homenagem à sua falecida filha Marina da Silva Prado de Queirós Aranha.
A empresa ajudou a desenvolver a região e vários bairros vizinhos em São Paulo como Água Branca, Pompeia e Freguesia do Ó, pois os funcionários foram morar perto da fábrica devido às enchentes, que os impossibilitavam de ir trabalhar. O loteamento da Lapa também acelerou-se com a chegada da Santa Marina.
Durante os anos seguintes a empresa passou por vários momentos de dificuldades, tanto por conta de enchentes quanto por bombardeios durante a Revolução de 1924.

A Santa Marina fabricou desde sua fundação, artigos como vidros planos, garrafas sopradas, vestuário, alimentos, frascos para remédios, perfumes, tubos de vidros, ampolas, flaconetes, vidros azuis da marca registrada do Leite de Magnésia de Philips e tijolos refratários, além de fuzis e bombas.
Em 1944 a empresa associou-se à Corning Glass Works dos Estados Unidos que detinha a marca Pyrex, o que foi primordial para a recuperação da Santa Marina no período pós Segunda Guerra Mundial.

Na década de 1950, foi inaugurado um forno projetado para suportar uma temperatura muito maior do que as dos fornos industriais da época. Dele surgiu um material que revolucionou a vida das pessoas na cozinha – refratários de vidro que suportam altas e baixas temperaturas.
Em 1960, a Santa Marina passava por divergências entre seus herdeiros, além de problemas com bancos. Foi então que houve a associação com a Saint Gobain. A empresa passou por alterações nos equipamentos e edifícios visando melhor eficiência e flexibilidade.
Em 1982, o método de fabricação do vidro mudou e a parceria com a Corning Glass terminou, ficando então proibido o uso da marca Pyrex. A empresa então mudou o nome do produto para Marinex.
Os produtos Marinex aguentam altas e baixas temperaturas e tem uma linha composta por diversas peças de formas e tamanhos variados. Com o passar dos anos a empresa também lançou as marcas Duralex e Colorex, focadas em utensílios para mesa.



A colorex e duralex tiveram também várias cores de vidro temperado como caramelo, verde, azul, rosa, fume e transparente:

Em 2011 a empresa Nadir Figueiredo, fabricante brasileira de vidros comprou a rival Santa Marina do grupo francês Saint-Gobain e até os dias de hoje vende os utensílios de cozinha dessas marcas.
Gostou ? Quer saber mais ? Assista abaixo ao vídeo com a história da marca:
Quem escreve:

Ana Carolina Biazotti Saidel – Assessora executiva e fundadora da Rescue Brazil, canal de coleções, restaurações e história de marcas, além do antiquário online de mesmo nome
Crédito das imagens publicadas neste artigo:
Foto 1 – Acervo Santa Marina
Foto 2 – Reprodução – IPHAN
Fotos 3, 5, 6 e 7 – Murilo Godoy (acervo de Meire Kovalski)
Fotos 8 e 9 – Coleção de Ana Luiza Vieira do Nascimento
Agradecimentos: Angela Rosch Rodrigues
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