Banco Comercial do Estado de São Paulo

Quando hoje pensamos em bancos percebemos que são poucos os concorrentes disponíveis no mercado, especialmente se falarmos de bancos tradicionais, aqueles com agências espalhadas pelo país diferente dos bancos virtuais que não possuem as tradicionais agências abertas ao público.

No passado existia um grande número de bancos, sendo que só no Estado de São Paulo ultrapassava dezenas de instituições diferentes. Aqui mesmo no site do São Paulo Antiga já contamos a história de vários deles, já extintos, e neste artigo abordaremos mais um que igualmente já desapareceu.

Aberto em 1912, o Banco Comercial do Estado de São Paulo foi uma iniciativa do advogado, político e banqueiro brasileiro José Maria Whitaker (*1878 +1970). Filho de comerciantes bem sucedidos da capital paulista, Whitaker formou-se em ciências jurídicas na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1896. Após sua formatura muda-se para a cidade paulista de Espírito Santo do Pinhal, onde exerceu advocacia até o ano de 1903.

Neste ano fundou a Whitaker, Bonfim & Cia, empresa destinada a comercialização de café. Inicialmente apenas como comissário e posteriormente também com o exportador, viu seu prestígio e sua empresa crescerem, sendo afim escolhido presidente da Associação Comercial de Santos em 1910.

A ideia de criar seu próprio banco surge logo em seguida de sua posse na associação santista, em razão de reconhecer uma dificuldade em obter financiamento empresarial nos bancos nacionais da época. Sendo assim fundou em 1912 o Banco Comercial do Estado de São Paulo visando suprir essa carência detectada em outros bancos.

Banco Comercial do Estado de São Paulo – Rua 15 de Novembro, Sé

Ampliando negócios na área financeira, Whitaker também fundou duas seguradoras em sociedade com outros investidores. Uma delas, a Companhia Americana de Seguros, posteriormente foi negociada para um grupo da Inglaterra.

Além da carreira consagrada em negócios José Maria Whitaker teve larga atuação no cenário político brasileiro, ocasião em que manteve-se à distância de suas áreas empresariais. Sua atuação na área pública e política foi como presidente do Banco do Brasil entre 1920 e 1922, ministro da fazenda durante os anos de 1930 e 1931 e novamente em 1951 e 1955, além de uma passagem relâmpago como governador de São Paulo, por seis dias, entre a saída de Hastínfilo de Moura e a posse de Plínio Barreto.

No retrato José Maria Whitaker

O Banco Comercial do Estado de São Paulo funcionou inicialmente em um imóvel alugado na Rua 15 de Novembro, até que teve sua primeira sede própria no ano de 1919 em um imóvel localizado nesta mesma rua, no número 38, no prédio que anteriormente funcionaram os cinemas Íris e Progredior (foto que abre este artigo).

A ocasião de mudança para a nova sede serviu também para marcar o grande crescimento do banco entre seus concorrentes. Entre 1912 e 1919 o capital do banco dobrou, tal qual sua relevância.

Na foto os guichês do Banco Comercial do Estado de São Paulo em 1919 (clique para ampliar)

Com o passar dos anos a sede passou a ficar pequena levando ao banco a projetar uma nova sede para abrigar toda a sua estrutura. Para tanto foi adquirido um imóvel na Rua 15 de Novembro que estava sendo preparado para abrigar um outro banco, este estrangeiro, o London & River Plate Bank, que estava encerrando as atividades no país. O novo prédio em questão, aliás, foi construído no mesmo local que anteriormente existiu a famosa Galeria de Cristal. O Banco Comercial foi transferindo suas atividades para o novo edifício aos poucos.

Com o surgimento de novos concorrentes no âmbito bancário o Banco Comercial do Estado de São Paulo foi lentamente reduzindo sua influência. Após a morte de seu fundador, em 1970, o banco foi sendo sondado por outros grupos até ser incorporado, em 1974, pelo Banco Itaú.

A SEDE DO BANCO ATUALMENTE:

Detalhe da fachada da Rua Boa Vista com destaque para o nome do banco, ainda legível (clique para ampliar)

Mesmo tendo encerrado suas atividades há 47 anos, ainda é possível observar na fachada de sua antiga sede o nome “Banco Comercial do Estado de S.Paulo”. O letreiro infelizmente há muito foi arrancado, mas sua marcar ficou ali gravada como uma cápsula do tempo.

A impressão que se dá é que o edifício é apenas parcialmente ocupado, em alguns andares da face que dá para a Rua Boa Vista. Já na Rua 15 de Novembro temos a impressão de que ali nada funciona tem um bom tempo.

O imóvel atualmente está em nome de uma da empresas do Grupo Itaú, a Itaú Rent Administração e Participações S/A, tendo como fiduciante o Governo do Estado de São Paulo.

Veja mais fotos (clique para ampliar):

Dados técnicos:

Banco Comercial do Estado de São Paulo
Ano de fundação: 1912
Ano de encerramento: 1974 (incorporado pelo Itaú)
Fundador: José Maria Whitaker
Endereço: Rua 15 de Novembro, 38 (atual 318)

Notas:

1 – No site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, há a informação de que José Maria Whitaker ocupou o cargo de governador, ao contrário da Fundação Getúlio Vargas e alguns historiadores, que o classificam como “chefe do governo provisório”.
2 – Corresponde ao atual número 318

Artigo atualizado em 28/6/2022 – Informação corrigida sobre o edifício novo.

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8 respostas

  1. Excelente matéria ! Como sempre. Além de conhecer a história dos bancos de São Paulo ainda conhecemos de quebra a história por trás dos nomes de ruas – no caso a Rua José Maria Whitaker.
    Uma coisa que me chamou a atenção no prédio sede foram os arcos árabes na fachada, muito bonitos, e os vitrais coloridos em toda a extensão do primeiro andar. Deve ser admirável ver estes vitrais por dentro do prédio.

  2. Excelente artigo, como sempre!
    No entanto, carece de uma correção: o edifício neogótico que abrigou o BCESP na XV de Novembro foi erguido por volta de 1922/1923 para servir de sede, originalmente, ao London & River Plate Bank. Também não foi construído no local da antiga sede do BCESP, mas da antiga Galeria de Cristal, razão pela qual o edifício tem entrada, também, pela Rua Boa Vista. O BCESP passou a ocupar o local somente no final de década de 20, mais ou menos na época em que o edifício foi ampliado com a anexação do lote ao sul.

    1. Olá Octávio, como vai ?

      Fizemos a correção aqui muito obrigado. Inclusive temos um catálogo de época do London & River Plate Bank, faltou olhar né ?
      Em breve este catálogo estará digitalizado e disponível no site.

  3. Opa!
    Quanto tempo…, trabalhei como contínuo na Agência Mooca, na Rua da Mooca, 2009 em 1968…
    Bons companheiros na época, alguns já foram e outros ainda persistem…

  4. Tendo nascido em 1878, teria José Maria Whitaker se formado advogado em 1896, com apenas 18 anos? Ele ingressou nas Arcadas com quantos anos?

  5. Douglas, na verdade o prédio está funcional e ocupado. É administrado pela CDHU e abriga departamentos do Metrô e do DAEE. A sede do Metrô hoje é o prédio da Rua Boa Vista 175. Ele é conectado internamente com este prédio do banco e são tratados como bloco A e bloco B. Trabalho no último andar do prédio desta matéria, no mezanino onde as janelas são menores. Por dentro os prédios estão bem descaracterizados, pouco sobrou da arquitetura original. Apenas o subsolo, parcialmente abandonado, ainda guarda o antigo cofre do banco.

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