Na corrida maluca que é a busca por terrenos para construir em uma São Paulo cada vez mais saturada, observamos muitas aberrações que jamais deveriam ser aprovadas. Já falamos da curiosa “meia casa” da avenida Rangel Pestana, recém demolida, e do imenso “monolito” que escondeu a capela de Santo Antônio, no Belenzinho.
Recentemente encontramos outro exemplo de resistência a especulação que mostra o quanto a cidade precisa de maior controle na hora de liberar plantas e construções. Observem a casa abaixo:
Localizada na rua Alexandrino Pedroso, no Pari, esta casa é a última sobrevivente de toda a rua, que já foi completamente dominada por lojas, galpões e grandes construções. Construída na primeira metade do século 20, a casa teve até cerca de três anos atrás sua vizinha geminada que foi demolida para dar espaço a mais um armazém.
A foto abaixo, extraída do Google Street View mostra como era:
Embora eu concorde que o crescimento da cidade e o desenvolvimento urbano é algo que não pode parar, fico imaginando qual o critério que é utilizado para permitir que construções novas praticamente “engulam” outras mais antigas.
Com dois enormes paredões que estão colados nesta casa, não se respeitou em nada o direito daquele que está ali há muitos anos tem pelo sol e pelo sossego. Cercada deste jeito, a casa fica muito mais propensa a ser fria e com isso com mais umidade, prejudicando até a saúde dos moradores a longo prazo, especialmente se for idoso.
A foto aérea abaixo, dá uma boa ideia de quão espremida está o sobrado entre seus vizinhos:
Não há como conceber que se tenha autorizado construir ao redor da casa sem nenhum recuo, e fico imaginando aqui se o processo de licença de alvará para a construção destes vizinhos tenha sido lícito ou se foi mais uma autorização no melhor estilo de Hussain Aref, funcionário da prefeitura envolvido em um milionário esquema de liberação de empreendimentos imobiliários.
De qualquer maneira, tenha sido intencional ou não, o proprietário desta casa ao recusar-se a vendê-la tornou-se um herói contra a especulação imobiliária e fez dela um marco, ao ser a única sobrevivente de um passado mais tranquilo desta rua do Pari.
ATUALIZAÇÃO – 03/05/2015
A nossa leitora Clelia Person Lammardo, moradora do bairro do Pari, enviou-nos mais quatro fotografias deste local e que mostram todas as casas antes de serem demolidas, confira:
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