A Mooca terá seu parque?

Muito e há muito tempo se tem falado sobre o parque que poderá ocupar o espaço do antigo terminal da Esso, antiga distribuidora de combustíveis que foi tão importante na paisagem paulista com seus muitos postos de gasolina espalhados pela cidade, com seu conhecido oval azul com ESSO escrito em vermelho.

Nota-se nas discussões a respeito que o “Terreno da Esso”, “Parque da Mooca” ou ainda “Parque Verde da Mooca” é uma área que traz lembranças recentes a respeito da contaminação do solo, questão resolvida pelo proprietário atual que assumiu o passivo ambiental e fez as operações necessárias para tornar a área livre da contaminação. A propriedade fica está localizada entre as ruas Dianópolis e Barão de Monte Santo.

Independentemente das discussões sobre a implantação do parque, não podemos nos esquecer que o lugar tem uma interessante história e que mesmo que as lembranças não sejam boas por conta da contaminação, não podemos deixar de lado o que representou aquela atividade na história do tradicional bairro da Mooca e no desenvolvimento de toda uma região.

Vista do antigo terminal da Esso (clique para ampliar)

A contextualização, num relato histórico, é de suma importância; afinal, não podemos fazer julgamentos levando como base os conceitos e progressos da atual legislação ambiental, mas, sim, o que se entendia como progresso e desenvolvimento no momento relatado.

O terminal que a empresa chamava de “Armazém do Parque da Mooca”, começou a operar em março de 1946 e, na época, foi considerado exagerado em seu tamanho, pois em um terreno de quase cem mil metros quadrados podiam ser armazenados 10 mil tambores e 100 caixas de produtos enlatados. Além desta capacidade de armazenamento, existiam 26 tanques com capacidade total para armazenarem 20 milhões de litros de produtos derivados de petróleo, tais como gasolina comum e de aviação, querosene, óleo diesel, óleo combustível e Varsol, onde estes os produtos eram conduzidos através de 9.080 metros de canalizações. Cabe ressaltar que em 1956 o número de tanques já havia aumentado para 34.

Na foto a entrada do terminal da Esso

Era, na verdade, muito mais do que um simples armazém, pois possuía dois geradores de eletricidade, duas subestações transformadoras de energia e muitas outras construções onde estavam instalados os escritórios e dependências para os funcionários, quais sejam, restaurante, salão de diversões, sala de cinema, ambulatório e instalações médicas.

Para manutenção de sua frota de 45 caminhões tanque, a unidade tinha com oficina de conserto, pintura, mecânica e garagem. Para abastecer o terminal, a companhia ainda contava com oleodutos e um desvio ferroviário da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí com três linhas, totalizando 2.340 metros.

Ilustração do terminal Essa em publicação da empresa

Mas, além disso tudo, qual era a real importância daquela instalação? Para que possamos ter uma ideia, vamos supor que houvesse uma paralisação de uma semana nos trabalhos e as consequências seriam imediatas, com a interrupção parcial dos transportes em São Paulo, sudoeste de Minas Gerais, leste de Mato Grosso e noroeste do Paraná. Também inúmeras indústrias teriam que paralisar suas atividades, os aviões não seriam abastecidos, as ferrovias não conseguiriam abastecer suas locomotivas e milhares de lares ficariam sem energia elétrica por conta das usinas geradoras desabastecidas.

Esperamos que o parque seja implantado trazendo qualidade de vida a uma das áreas mais carentes de verde de nossa cidade, mas também esperamos que a história não seja apagada. Afinal, no seu tempo, foi de importância relevante para o progresso industrial do Brasil.

Terminal da Esso em fotografia da época que estava em pleno funcionamento (clique para ampliar)

VAI SAIR DO PAPEL ?

Apesar da situação do parque não ter caminhado muito, em 2018 foi aprovado pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal de São Paulo, um parecer favorável que autoriza a criação do Parque Municipal da Mooca.

Fotografia panorâmica da área pleiteada para o parque (Crédito: Marcelo Brandt)

Segundo o texto do projeto, de autoria do então vereador Gilberto Natalini (sem partido) e coautoria de dez vereadores e ex-vereadores, o parque será instalado em uma área de aproximadamente 98 mil metros quadrados, localizada entre as ruas Dianópolis e Barão de Monte Santo, na região da subprefeitura da Mooca. A propriedade pertence à Construtora São José.

A região possui o menor índice de cobertura vegetal da capital paulista, diz a justificativa da proposta, o que influenciaria negativamente a saúde e a qualidade de vida no entorno. Além disso, a criação de um parque na região também estabelece uma nova opção de lazer e cultura para os paulistanos, em especial os moradores da Mooca.

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11 respostas

  1. Parques são absolutamente fundamentais para a qualidade de vida nas cidades. Torço para que dê certo. Passa pela comunidade pressionar muito para sair do papel.

  2. Trabalhei na empresa por 30 anos, sendo cerca de 5 anos ligados a esse terminal, o estado exigia uma qualidade de solo melhor que todo solo de São Paulo, coisas de um Brasil absurdo, estado medieval avesso à ciência e progresso científico, sou engenheiro químico e não vou dar luz a cego ideológico

  3. Esse terreno que aparece aí na última foto equivale ao tamanho que era quando havia ali o terminal, ou alguém já invadiu um(ou mais) pedaços?

  4. Frequentei por muitos anos ali a região da Estação Ipiranga (que realmente ficava na V. Prudente, praticamente fronteira com a Moóca) e nunca soube que aquele terrenão era da Esso. Nem do passivo ambiental que tinha ali. Em que ano foi fechado?

  5. Estou surpreso de ainda não terem invadido esse terreno e transformado o local em uma enorme favela…

  6. Exxon, sempre a frente de quaisquer iniciativas desastrosas ao meio ambiente.

    Vazamento do Navio Petroleiro Valdez, Alaska, poluicao na Amazonia Legal , e por ai vai .

    Peculiarmente, na America do Norte, quando se esta em provincias Francofonas ( Quebec), os postos ostentam o nome Esso. Em paises Anglofonos, era Exxon, agora Exxon-Mobil.

    Bom, campos contaminados ( Brownfields ), sao problematicos para limpeza, que se der lugar a ocupacao publica, requer limpeza do solo a fundo.
    E e cara.

  7. Muito boa a Reportagem, e como sou Mooquense, só achei que faltou vocês colocarem uma Planta de Situação para podermos ter uma idéia melhor da área escolhida, com os nomes das ruas… Isso dá uma melhor compreensão do tamanho e quais os limites desse futuro “Parque da Mooca” (não do time Parque da Mooca, que não existe mais… ) . Joguei muito naquelas imediações……….

  8. Pouco provável virar realidade devido ao alto valor de indenização pelo terreno e aos políticos. Parque Augusta demorou mais de 30 anos e teve Ministério Público, etc… Tem que haver muito engajamento da população para que os políticos se sensibilizem.

    1. Querido, o terreno já foi cercado pela prefeitura delimitando onde é parque e onde é área privada. Cercado com as grades verdes dos parques municipais e esse ato foi noticiado no jornal. O parque está em fase de estudo de projeto e sairá do papel, consta no projeto da Subprefeitura o trabalho do entorno também.

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