Quase todo mundo tem uma boa lembrança da casa dos avós e comigo não é diferente. Então, porque não falar um pouco sobre a casa dos meus avós paternos, Raul e Alzira ? Ou como gostamos de chamar, a “casa da vó”.
Para mim, quando se fala na “Casa da Vó” muitas coisas boas surgem na minha mente. A primeira coisa a aparecer são os “sabores de infância”, provenientes dos doces e quitutes que minha avó sempre fez (e esporadicamente ainda faz), como rosquinhas, bolo peteleco (de chocolate), mousse e a sempre gostosa macarronada dominical. Também muita saudade de meu avô Raul, alfaiate dos bons, e que me ensinou a amar São Paulo.
Casa da Vó pra mim também me traz recordações saudosas dos meus brinquedos, da minha bicicleta Caloi Cruiser e principalmente dos meus amigos que foram grandes companheiros de brincadeiras simples e que hoje parecem quase não existir mais, como tocar a campainha dos outros e sair correndo, esconde-esconde e mãe da rua.
Saudade grande dos amigos Valmir, Eduardo, Chinite, Luciano e Lirane que nunca mais vi e nem ouvir falar, e também do Leandro, grande companheiro de infância e de escola, que perdeu a vida em um acidente automobilístico ainda bem jovem.

Mas Casa da Vó também me lembra das divertidas matinês de carnaval que minha mãe me levava todos os anos no Salão da Sociedade Amigos de Vila Granada. Lembro-me que as músicas que tocavam no carnaval eram bem mais dançantes e nada vulgares como os Lepo-Lepos, Anittas e Telós dos tempos atuais.

A foto acima, de aproximadamente 1968, mostra a casa dos meus avós na época que meus pais moravam lá. Eles se casaram em 1964 e moraram alguns anos na casa, já que minha avó não tinha se adaptado a morar tão longe de onde morava antes (na Rua Joaquim Carlos, no Belenzinho) e custou a mudar-se para esta nova casa. A rua é a Ramon Platearo, no bairro de Vila Granada (entre a Vila Esperança e a Vila Ré) região que tinha sido loteada em meados dos anos 50, com o nome – hoje em desuso – de Jardim Maravilha.

Com o tempo, depois que eu nasci, em 1974, meus pais mudaram-se para a rua Heloisa Camargo na Vila Esperança e minha avó passou a morar definitivamente na casa.
A cada vez que eu voltava por lá para visitar a minha avó vejo como os tempos modernos são, ao mesmo tempo, bons e ruins. Se são bons por termos mais conforto e tecnologia são, por outro lado, mais ruins pois não temos mais segurança e nem a simplicidade de outrora.
Me entristece, por exemplo, que além da casa de minha avó Alzira apenas mais uma ainda mantenha os muros e gradis baixos originais. Todas as demais fizeram muros e portões tão altos que parecem presídios ou jaulas. As crianças, que em meu tempo (anos 80-90) brincavam muito na rua, hoje só ficam dentro de casa com seus gadgets. Ao meu ver, falta espontaneidade na molecada de hoje.
Com cada vez mais prédios e menos casas, estarão as “Casas de Vó” fadadas a desaparecer, levando com ela os sabores e sensações de nossas infâncias ? Pelo menos no caso de Dona Alzira, isso parece que não acontecerá. Ao menos não tão cedo. Mesmo minha avó tendo falecido em 2016, aos 95 anos de idade, a casa continua do mesmo jeito.
Abaixo uma outra fotografia da casa da minha avó, tirada pelo meu pai quando no final da década de 60. Destaque para o Dauphine Branco, primeiro carro zero quilômetro que meu pai teve.

E você, lembra-se da casa de seus avós ? Ela ainda existe ou já foi demolida ? Quais são as sensações que a casa de seus avós traz para você ? Conte para nós nos comentários!
EXTRA – Anúncio do Jardim Maravilha
Anúncio veiculado no jornal “O Estado de S.Paulo” no dia 4 de dezembro de 1950.

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