As ruas de São Paulo são sempre surpreendentes. É incrível como muitas vezes mudar de um caminho para outro, entrando em uma rua que não tinha entrado antes pode revelar casas incríveis que quase não seriam percebidas.
No Ipiranga, bairro que já andei e fotografei a exaustão, sempre parece que já encontrei tudo o que tinha que encontrar. Mas basta entrar em alguma ruazinha que tinha deixado passar batido e – boom – lá está uma preciosidade como esta:
Passei centena de vezes na rua ao lado e nunca entrei na Rua Southey, estreita e curta via que liga a Praça Pinheiro da Cunha com a Rua Vieira de Almeida. E ali encontrei est preciosidade da primeira metade do século 20 que é por demais encantadora.
Infelizmente a rua é um pouco estreita e como não é uma via de tráfego intenso há muitos carros de moradores sempre estacionados por lá, dificultando fotografar a casa de totalmente de frente, mas mesmo assim consegui registrar ótimas imagens dela.
Absolutamente preservada, a casa possui uma fachada bem peculiar com um trabalho feito com argamassa criou um ótimo efeito visual texturizado. Janelas, portas e portões todos originais também estão por lá. Uma residência que é uma verdadeira obra de arte.
Percebe-se, apesar, que já houve substituição do piso original do quintal por outro mais moderno e o mesmo no revestimento do pequeno muro que limita a residência com a calçada. Entretanto foi uma substituição de muito bom gosto que não atrapalhou o visual.
Veja mais fotos (clique para ampliar):
RUA SOUTHEY ? MAS QUE NOME É ESSE ?
Muitos podem se perguntar. Que nome complicado é esse que deram pra essa rua ? O que ou quem é Southey ?
Diversas ruas do bairro do Ipiranga são alusivas a personalidades e fatos da história do Brasil, mais especificamente à Independência. É por isso que neste bairro temos ruas como Manifesto, Lord Cockrane, dos Patriotas, dos Constituintes etc. A Southey é mais uma ligada nossa história.
Trata-se do sobrenome do escritor e poeta inglês Robert Southey (*1774 +1843). Sua relação com o Brasil começou por acaso nos primeiros anos do século XIX, onde ele pretendia originalmente escrever uma obra sobre a História de Portugal.
Entretanto Southey acabou por acatar a sugestão de um amigo, Lord Grenville, para escrever uma obra não sobre Portugal, mas sobre o Brasil algo quase inexistente até aquele momento.
Foi assim que em 1807 o poeta inglês deu início a “History of Brazil“, considerada até hoje a mais extensa obra histórica sobre o Brasil colonial, composta em três volumes.
Seu escrito sobre o Brasil é magnífico e grandioso, porém é pouco conhecido aqui no país, retrato de uma nação que despreza a história e seus historiadores. A obra original é disponibilizada gratuitamente para download no site do Senado Federal. Clica aqui e baixe.
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