Recentemente falamos da história e da lenda que envolve o bairro de Chora Menino, na zona norte de São Paulo. E, de acordo com o que abordamos lá, explicamos que o nome batiza o bairro e, de maneira informal, o cemitério, cujo nome oficial é Cemitério de Santana.
Fundado no ano de 1897 o Chora Menino é uma das primeiras necrópoles de São Paulo e a mais antiga da zona norte da capital. Sua construção atendeu uma necessidade daquela região nos derradeiros anos do século 19, cujos habitantes tinham que percorrer grandes distâncias para sepultar seus entes queridos em outros cemitérios. De maneira extra-oficial há relatos de sepultamentos no local do cemitério desde anos antes da sua criação oficial.

Na foto, a Capela do Chora Menino de 1897
Ocupado principalmente por moradores de áreas então periféricas da cidade, o Chora Menino conta com muitos túmulos de imigrantes armênios em suas alamedas. É quase impossível percorrer uma rua interna do cemitério e não se deparar com uma lápide com um nome de origem armênia nela. O local já abrigou também o Cemitério Israelita de Santana, desativado no início da década de 70 e com seus sepultados transferidos para outras necrópoles.
Diferente de outros cemitérios de sua época ou até mais recentes, como Consolação e São Paulo, são poucos os túmulos grandiosos com esculturas de bronze ou capelas próprias.

Uma das poucas esculturas grandiosas presentes no Chora Menino
Devido a estar fora do circuito turístico cemiterial tradicional, são poucas as pessoas que vão ao Chora Menino para conhecer o que há de interessante nas lápides e túmulos existentes por lá. Mas isso não quer dizer que o cemitério não é interessante, pelo contrário.
Apesar da ausência de um grande número de esculturas ou estruturas de bronze, os túmulos desta necrópole tem uma decoração de custo mais modesto mas ainda assim de bastante beleza e valor artístico: azulejos pintados à mão.
São inúmeros os túmulos decorados com estes azulejos espalhados por todo o cemitério. Há inúmeros desenhos diferentes, todos em temática religiosa, sendo que alguns que se repetem, fazendo do Chora Menino um dos cemitérios paulistanos com mais azulejos pintados à mão da cidade de São Paulo.
Boa parte destes desenhos foram feitos por um artista local, que identificamos no canto inferior direito da maioria das pinturas. Trata-se do Ateliê Artístico Rocha, que era localizado no número 176 da rua Conselheiro Saraiva.
Apesar de termos identificado o artista de boa parte dos azulejos, não foi possível levantar nada sobre a pessoa ou sobre seu ateliê em si, tendo em vista de no local identificado ser outro estabelecimento comercial. É uma pena pois estes artistas cemiteriais são pouco lembrados por seu trabalho e merecem mais reconhecimento. Se alguém tiver alguma informação que nos ajude a encontrar algo sobre o Ateliê Rocha, deixe um comentário.
Para mostrar a nossos leitores a beleza e variedade destes azulejos, fizemos uma seleção dos mais interessantes que encontramos por lá em nossa última visita:
Hoje em dia esse costumo caiu praticamente em desuso e é raro encontrar até artistas que dão manutenção as pinturas já existentes. Hoje em dia os azulejos provavelmente escapariam da temática exclusivamente religiosa. É possível imaginar túmulos modernos com temáticas de desenhos animados, política e até de super heróis.
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