Muitos tem a visão equivocada de que construções antigas e interessantes só existem na região central de São Paulo e nos bairros nobres.
Este é um grande problema para perpetuar a história geral da capital, pois relegamos outros bairros e regiões mais afastados a um segundo plano e não dedicamos uma importância maior a estes lugares mais distantes que, muitas vezes, revelam locais curiosos, históricos e interessantes.
Regiões como Santo Amaro na zona sul e Itaquera, Lajeado, Guianases e São Miguel Paulista na região leste da cidade são áreas distantes e que em boa parte de suas áreas não foram ainda tomadas pelo impulso da construção civil, e por isso tem ainda muitas casas e casarões antigos. Muitos destes imóveis, são simples e modestos mas revelam detalhes que remetem ao loteamento destas regiões que no passado foram em muitos dos casos, aldeamentos indígenas. Até cerca de 1920, por exemplo, ainda haviam índios em Guianases.
O imóvel que tratamos aqui é um tipo com uma planta que foi padrão em boa parte da zona leste. Este estilo arquitetônico simples, geralmente com dois quartos, sala, cozinha e banheiro além de um grande quintal, parece um “casão” se comparado aos péssimos sobrados geminados em série que são vendidos hoje pela cidade em forma de pequenas vilas fechadas. Eram construções robustas, de tijolos, com pé direito alto e uma pequena varanda na entrada. Na época, eram considerados imóveis mais populares.
É possível encontrar esta arquitetura padrão principalmente nos bairros de Cidade A.E Carvalho, Cidade Patriarca e Itaquera. A fotografia abaixo, de 1954, é uma publicidade do Banco A.E. Carvalho e mostra a construção e venda em série deste tipo de imóvel.
Neste padrão de imóvel, a variação arquitetônica era mínima ou nenhuma. Suas variações geralmente só se davam devido a alguma necessidade do terreno. Alguns terrenos eram altos e outros abaixo do nível do leito carroçável.
No número 1684 da Rua Damásio Pinto na região de Itaquera mais próxima do Lajeado. Encontramos este exemplar deste estilo arquitetônico. Apesar de estar absolutamente preservado em sua originalidade (telhado, detalhes, muros, portão) o imóvel encontra-se fechado e em situação de abandono. Hoje, uma casa com uma área dessa e uma planta tão ampla é no mínimo algo de se cobiçar. Mesmo sendo tão afastada da região central da cidade.
Respostas de 9
A casa ficava a poucos quarteirões da antiga Estação Quinze de Novembro da Central/RFFSA/CBTU/CPTM. Curiosamente, a estação ainda aparece marcada no Google Maps (!).
Alexandre, aquela região é repleta de construções legais! Pena que a estação não ficou.
Com a palavra o sr. Alckmin que era vice governador da época que desativaram este ramal de trens (desde a 4ª Parada até Guaianazes) e a srª Marta Suplicy que jogou a pá de cal em cima das estações fazendo essa aberração de continuação da Radial Leste cheia de cruzamentos que mais parecem roletas russas.
O que dificulta que muitas dessas casas sejam ocupadas é a ausência de garagem. Para os insanos padrões atuais 2 vagas é o minimo que se espera de um imóvel.
Em Nova York as casas são proibídas de terem garagem em alguns lugares. São dois opostos: o planejamento absoluto e a basoluta falta de planejamento.
Boa tarde.
Nem precisa ter garagem, caso exista ampla e farta existência de transporte (como metro, ônibus, táxi e bonde). Mas não existe um sistema de trasnporte coletivo propriamente dito…Então existe a necessidade de garagens e carros, é apenas mais um círculo vicioso, entre tantos…
Obrigado.
aprecio sim estas casas antigas ,e também os casarões dos barões do café,mas eu gosto muito de casas antigas de ferroviários é tudo de bom muito lindo mesmo…sabe aquelas casinhas ao longo da linha do trem…pois gosto de trem…aquele conjunto que fica próximo a estação barra funda do metro, que é da estrada de ferro sorocabana…são casas geminadas….poderiam publicar alguma matéria a este respeito, sou funcionário de um famoso museu de são Paulo, diga- se de passagem um dos mais antigos daqui de são paulo
Morei durante 19 anos nesta mesma rua, e nem sabia da existência deste imóvel. Para quem não conhece aquela região, a Rua Damásio Pinto começa no Planalto, junto do Hospital Professor Waldomiro de Paula (mais conhecido como Hospital Planalto) e extende-se por quase 2 quilômetros até encontrar-se com a Estrada Itaquera Guaianazes, próximo do Supermercado D’Avó, e foi durante décadas a principal via da Parada Quinze até a inauguração da Avenida José Pinheiro Borges, construída sobre o antigo leito da linha de trem que operou até maio de 2000.
Infelizmente foi demolida. No Street View ela deu lugar a um caixote. Olhem lá!
foi-se em 02/22: https://shre.ink/8Vb2