Residência de Alfredo Prates

Antigo reduto dos Barões de Café o bairro de Campos Elíseos, na região central da capital paulista, é o primeiro bairro de ricos da cidade. Os barões, aproveitaram o fato da área ser às margens da ferrovia e se estabeleceram no bairro. O fato enobreceu a área e desenvolveu a região.

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Com o tempo, a área foi deixando aos poucos de ser nobre com seus moradores mais abastados mudando para outros bairros como Higienópolis, Jardins e Pacaembu, deixando para trás um legado de antigas construções que são parte não só ha história paulistana, mas paulista e brasileira.

Muitos destes casarões já desapareceram, demolidos pela ação da construção civil, ou vieram abaixo depois de anos de abandono e má conservação. Outros tantos, ainda resistem a ação do tempo e estão por lá, sobrevivendo a duras penas às décadas de esquecimento e descaso.

Mas também existem muitos casarões que foram preservados ou restaurados (foto inicial), seja pela iniciativa privada ou por ações do governo estadual e municipal. É o caso deste que trataremos aqui, na rua Guianases. Antes do restauro iniciado em 2013, ele se encontrava desta maneira:

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Construído em 1896, o casarão foi residência do empresário Alfredo Prates. Projetada pelo arquiteto belga Florimond Colpaert – o mesmo que criou o monumento do IV Centenário de São Vicente – é uns dos mais belos imóveis desta região que bravamente ainda resistem.

Blueprint da fachada - Projeto do belga Florimond Colpaert
Blueprint da fachada – Projeto do belga Florimond Colpaert

Em estilo neoclássico, que destoa bastante da arquitetura dos imóveis que foram construídos na região nesta mesma época, o imóvel, possui porão e sótão habitáveis.

Tombada como patrimônio histórico pelo Condephaat desde meados da década de 1980 a residência, mesmo quando esteve transformada em um cortiço, preservou praticamente toda a sua originalidade externa, com alterações visíveis no porão, que teve uma janela eliminada e a outra transformada em uma pequena porta comercial.

Apesar de várias mudanças e inúmeras ocupações irregulares, o imóvel resistiu em razoável estado de conservação. Ele pertenceu, até 2013, a Santa Casa de Saúde de São Paulo, sendo neste mesmo ano adquirido pela holding Porto Seguro. Pouco tempo depois,  o restauro foi iniciado.

Detalhe da fachada (clique na foto para ampliar)

Após cerca de 1 ano e meio de obras, executado pela empresa Olympio Augusto Ribeiro, o trabalho foi concluído no casarão, restando apenas alguns ajustes finais. No terreno à direita do imóvel também ocorreram obras de adequação. Desde o término das obras o imóvel funciona como uma escritório de uma empresa da região. Sempre muito bem cuidado e preservado.

Abaixo mais algumas fotos do casarão (clique para ampliar):

Nosso parabéns à empresa Porto Seguro por mais este grande passo pela recuperação não só do antigo casarão de Alfredo Prates, mas pela renovação do bairro de Campos Elíseos.

Dados do imóvel:

Proprietários originais: Alfredo Prates, Mariana Prates (filha de Alfredo)
Endereço: Rua Guianases, 1281 / Campos Elíseos
Ano de construção: 1896
Projeto: Florimond Colpaert
Execução: Dammaso Ferrara
Estilo: Neoclássico
Situação: Tombado

Quem foi Alfredo Prates ?

Diferente de boa parte de seus vizinhos moradores do bairro de Campos Elíseos, Alfredo Prates não era um barão do café. Sua fortuna e trabalho vinham de um outro ramo: a indústria.

Filho de Fidêncio Prates e Inocência da Silva Prates, ele mantinha, em área próxima ao casarão, uma fábrica de calçados com máquina a vapor juntamente com seu sócio, Joaquim Antônio Leal. A sociedade foi desfeita em 1898, quando Prates ficou sozinho no negócio.

O Estado de S.Paulo (novembro de 1898)
O Estado de S.Paulo (11/1898)

Com o fim da sociedade, a empresa teve seu nome modificado e passou de Prates, Leal & Companhia para Calçados Alfredo Prates.

Correio Paulistano (fevereiro de 1890)
Correio Paulistano (fevereiro de 1890)

Observem que o anúncio faz menção ao número 143 da rua Guaianases. Isso se dá pelo fato da numeração da época ser contabilizada de um maneira diferente da atual.

Curiosidade:

Mariana Prates foi a última moradora do imóvel que ainda tinha ligações com seu primeiro proprietário (era filha dela), após sua morte o imóvel foi destinado à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo como doação. Recentemente compramos um livro de receitas que (possivelmente) pertenceu à Mariana, uma vez que dentro do mesmo encontramos dois recibos destinados a ela, nesta mesma residência. Um de compra de café e o outro de uma doação. Confira-os abaixo:

Veja fotos deste imóvel antes do restauro (clique na miniatura para ampliar):

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Respostas de 23

  1. A rua Guaianazes, pelo menos nos 3-4 quarteirões perto do antigo Palacio do Governo, deveria ser preservada, mantendo muito bem externamente esses prédios (mesmo que abandonados) e com gramado, terrenos vazios em cuidados, etc. Mas a prefeitura aqui não tem essa cultura.

    1. Concordo com vc Ralph.Estive recentemente em Londres e lá as casas antigas são muito bem preservadas, pois fazem parte da história da cidade.É muito lindo!

  2. vale resaltar o belo trabalho de recuperação e reutilização de outros imoveis na mesma quadra adquiridos pela compnhia porto seguro empresa que tenho uma grande estima por ter como retorica recuperar imoveis deteriorados p suas instalações,bem que eles poderiam adquirir este tb como alguns de seus vizinhos,que bom seria!

    1. Doutor Jaime Brasil Garfinkel é sensacional, ele tem vários imóveis na região, Porto Seguro foi a melhor Cia de Seguros que trabalhei, se pudesse, voltaria para lá correndo. Mas eles não me quiseram! (risos). Há um casarão lindo que restauraram, desde os anos 90 é da Porto.

  3. Paulistanos vamos acabar com a “chinelagem”. Onde eles pisam nada mais cresce. estou prestes a sair do centro por perder totalmente a esperança em uma recuperação. As saúvas estão cada vez mais acabando com a qualidade de vida nesses locais, grogas, bandidagem, funkeiros… o centro está, literalmente, entregue às traças.

  4. é impressionante como o Condephat ou qq outro órgão que se diz cuidar do patrimônio histórico não funciona…sou formada em turismo e havia um professor na faculdade que dava aulas de teoria e técnica de turismo, que sempre dizia “que o patrimônio histórico tomba e deixa cair”…é a mais pura e lamentável verdade!!

  5. A ficha deste imóvel está perfeita, informações, fotos, mapa, tudo na medida certa. Parabéns.

    Faz tempo que eu tenho uma curiosidade: Gostaria de saber quem construiu a casa da Alameda Ministro Rocha Azevedo, 419, onde hoje funciona a Aliança Francesa.

    O prédio é lindíssimo por dentro, com detalhes em cada canto.

    1. Infelizmente a belíssima casa de esquina, foi ao chão, para dar lugar a um novo empreendimento, muito triste…

  6. Pessoal, artigo atualizado!

    A holding Porto Seguro adquiriu o imóvel e ele já está sendo restaurado.
    Estamos acompanhando o processo e o artigo terá várias atualizações semanais até o imóvel ter sua obra concluída.

  7. Muito bom. Parabéns à holding Porto Seguro. Eu sou moradora da Bela Vista – Bixiga aqui em São Paulo – Capital. Percebo que ninguém se interessa pelas casas antigas do Bairro. Gostaria de saber a razão maior desse problema.

  8. Parabéns pela iniciativa. Os poucos imóveis que ainda restam em São Paulo deveriam ser restaurados também.Infelizmente essa cultura está muito aquém do necessário.

  9. Meus olhos brilham ao ver tudo isso, sou apaixonada por casas antigas, e vocês não imaginam a minha curiosidade para ver essas casas por dentro.
    Espero que logo tenha uma atualização para ver o resultado,excelente trabalho de vocês do site!

  10. A nossa história está sendo preservada graças a Família de Dª Rosa Garfinkel, seu filho Jaime, sendo engenheiro, é um entusiasta da preservação do patrimônio histórico paulista, pois já adquiriram outros imóveis na região e que também foram restaurados. Parabéns à família de Abrão Garfinkel e a seguradora Porto Seguro.

  11. Belíssimo trabalho parabéns. Cada dia que passa mais eu fico interessada em conhecer um pouco da nossa história. Eu nos meus 23 anos não consigo nem imagina o quanto o nosso Brasil era belo uma pena não preservarem e não darem continuidade a tudo isso. Nosso Brasil era um país de primeira. Hoje kkkkkkk não somos mais reconhecidos e nem nós nos reconhecemos, mais em nenhum aspecto quanto aos povos do tempo passado.
    Ah e so para nao deixar passar em branco rsrs o Sr. Alfredo Prates eo Conde Eduardo da Silva Prates com certeza devem ser meus parentes kkkkk.

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