Os mais jovens moradores da Vila Matilde que são usuários da estação de metrô daquele bairro podem não saber, mas há um século a região já era atendida pelo transporte sobre trilhos. No caso era através da Central do Brasil, que mantinha ali uma estação ferroviária.

Inaugurada em 15 de janeiro de 1924, a estação ferroviária de Vila Matilde foi fundamental para o desenvolvimento e urbanização de diversos bairros ao seu redor, como Vila Esperança e Vila Dalila cuja população também se beneficiou desse modal para alcançar a região central da capital em busca de trabalho.
Basicamente uma simples estação de subúrbio, era basicamente uma pequena casa de estação (foto acima) com sua plataforma parte cimentada e parte em madeira. A estrutura em madeira, aliás, nunca foi removida ao longo dos anos e continuou existindo até ser desativada.
CURIOSIDADE:
Durante a Revolução de 1924, conhecida como “Revolução Esquecida”, a então recém inaugurada estação de Vila Matilde teve importância fundamental para o conflito. Pois foi ali que as tropas do governo paulista ficavam acampadas, enquanto na estação seguinte, Guaiaúna*, uma composição de trem funcionou como sede do improvisada do governo estadual.
* Em virtude desse conflito a estação Guaiaúna fora posteriormente rebatizada para Estação Carlos de Campos, em homenagem ao então Presidente do Estado (cargo equivalente ao atual de governador).

A estação por muitos anos teve pouco adiante dela uma passagem com porteira, que ligava os bairros de Vila Matilde e Vila Esperança. Isso só acabou em 1965 com a inauguração do viaduto de Vila Matilde. No ano seguinte a estação foi reformada.
Com a reforma a estação passou a ter bilheteria, entrada e a saída principal no viaduto, onde para embarcar era necessário descer uma longa escadaria até a plataforma. Já para o desembarque havia duas opções, uma no viaduto e outra no lado da Vila Esperança na atual rua Alvinópolis (antiga rua Beatriz).
O fim da estação viria com a sua desativação em maio de 2000 com as mudanças da CPTM que culminaram no chamado Expresso Leste. Além desta estação outras como Patriarca, Carlos de Campos e Carrão igualmente deixaram de existir.
No entanto, por ter parte da sua estrutura vinculada ao viaduto, a entrada da estação até hoje existe apesar de abandonada. Por alguns anos, entre 2007 e 2015, foi utilizada como uma pequena galeria cultural mas há quase uma década está tudo fechado e em situação de abandono. O lugar poderia ser mantido como um centro de memória ou algo do gênero.

MEU TESTEMUNHO:
A estação de Vila Matilde e o viaduto onde ela está localizada é parte integrante de boa parte da minha vida, em específico da infância e adolescência. Como estudante do Colégio São José de Vila Matilde entre 1979 e 1990, durante longos anos embarquei em ônibus para voltar para minha casa no ponto que existe até hoje bem neste local.
Quando o trajeto era da casa para a escola, muitas vezes desci na rua Alvinópolis, no ponto sob o viaduto, o que me obrigava a subir uma tenebrosa e estreita escadaria (que existe até hoje) e que dá acesso ao viaduto. Lembro-me que era raro essa escadaria não estar cheirando a urina.
E me recordo muito bem das pessoas embarcando e desembarcando nesta estação que na década de 1980 ainda era muito movimentada, mas cujo movimento caiu bastante no final desta mesma década, com a inauguração da estação de metrô logo adiante. Saudades…
RAIO X:
Estação ferroviária de Vila Matilde
Inauguração: 15/1/1924
Desativação: 27/5/2000
Operações: Central do Brasil (até 1975), RFFSA (1975-1983), CBTU (1983-1992), CPTM (1992-2000)
Desativação: 2000
Estação anterior: Cidade Patriarca
Estação posterior: Carlos de Campos
Respostas de 21
Muito bem descrito, de forma bastante didática e com uma fonte de pesquisa incrível. Digno de ser tombado pelo Condephaat
Acho muito boas suas publicações, sou um saudosista da São Paulo dos velhos tempos.
Tenho uma sugestão a dar :
Faça uma visita a Rua Alabastro na Aclimação, na altura do número 150.Ha algumas casas maravilhosas para seres mostradas.
Realmente Regina, também gostei muito e, assim como o Douglas, também fui muitas e muitas vezes nessa linha e diferente estação pois tinha uma rua avó falecida recentemente que morava perto, não sei aonde, acho que era vila esperança. Muita saudade desse lugar e dessa época
Muito bem descrito,adoro ler essas historias…constragendor e o abandono desses locais historicos pelo poder publico….
Mas valeu a historia
Grato.
Saudades…
Lembro dos bloquinhos de Carnaval que até hoje acontece, mas de maneira menos saudável, como grande parte da nossa cultura.
Hoje 2025 no viaduto o muro da estação há pinturas que deixam saudades… bons tempos como o Carnaval da escola de samba Nenê de Vila Matilde; eterno sambista seu Nenê, e danceteria Toco Dance Club
Sou dessa época lembro que tinha uma escada para acessar a estação isso na década de 1960,saudades dessa época de ouro que podíamos andar pelas vilas sem sermos assaltados.
…Show, toda informação instrutiva sempre será bem vinda.
Estudei no Colégio João Teodoro, perto da Rua Dona Matilde e perto também do Externato São José. Ia e voltava a pé. Tempos bons. Hoje vejo que a meninada com a mesma idade 11/ 12 não fazem isso, pois os pais têm medo. Belos tempos, belos dias.
Estação Vila Matilde, utilizei muito essa estação de trem, trabalhava na antiga Roosevelt (atualmente Brás), essa estação Patrimônio dos vila Matildense
Eu sou apaixonado por fotos antigas como era e como está eu gostaria de colecionar quadros com essas fotos
Nasci na Vila Esperança em 1947 lá tinha meus parentes e na Vila Matilde também, inúmeras vezes utilizávamos o trem nessa estação, agora só saudades!
Obrigada pelas fotos!
Meus avós, pais, filho, somos uma geração da Vila Esperança e a Estação Ferroviária da Vila Matilde fez parte de nossa vida, somente meu filho que nasceu em 1993 que pouco lembra.
Gostaria tanto de ver novamente essa Estação ativada e poder andar novamente nos trens.
Bons e velhos tempos.
Obrigada pela recordação.
Eu vivi minha infância e juventude perto da vila Matilde, morava na travessa Valdemar e usávamos o trem para ir a Mogi das Cruzes, uma viagem inesquecível, vivi neste bairro até 1977 quando me casei e fui morar em outro lugar, tenho saudades deste tempo.
Muito bom. Conheci muito dessa história.
A estação Carrão, que foi citada, na verdade era Sebastião Gualberto. Ficava na Av. Conde de Frontin e os trilhos dividiam a Rua Antonio de Barros.
Pegávamos o trem na vila Matilde e descíamos na Sebastião Gualberto para irmos ao Parque São Jorge assistir aos jogos do Corinthians ou para frequentarmos as piscinas. Bons tempos.
APENAS UMA CORREÇÃO ,A ESTAÇÃO,FICA NA VILA ESPERANÇA .
” O QUE SE ESTABELECE ACIMA DOS TRILHOS ,E OU ACIMA DA RADIAL LESTE SE CONSIDERA VILA MATILDE.
ABAIXO “. VILA ESPERANÇA .
“.
Belas lembranças me vieram a mente.
Fui moradora de Vila Matilde no tempo em que se descia uma escada feita de dormentes dos trilhos para se chegar a bilheteria da estação, que ficava abaixo do nível do viaduto.
Bons tempos, belas lembranças, excelente descrição.
Muito bom, Douglas!
Bons tempos desta época!
Bom dia ,
Adorei recordei minha infância apesar de não ter utilizado ,pois durante pouco tempo estava morando no VL Esperança.
Mas uma coisa é certa deveria ser patrimônio tombado ,fazer uma reestruturação do local e conservar melhor ,para que TDS possam ter memória de um ótimo tempo marcado no bairro VL Matilde.
Nossa excelente postagem! Viajei no tempo junto com você pois também estudei no São José de 1985 a 1995 e pegava o ônibus no viaduto para voltar para casa.
Obrigada por manter viva a memória da nossa cidade.
Eu moro na região de Vila Matilde. E sempre passo no viaduto da VILA Matilde. Sempre fiquei curioso da estaçao abandonada. Obrigado pela matéria. Esse que o bom da internet,quando tem matérias úteis,saudosista(no bom claro). Abraço.
Eu morei na vila Matilde em 1990 eu tinha 2 prá 3 anos e lembro de muitas coisas que eu me lembro principalmente as pracinhas que meus pais levava eu e minha irmã minha irmã tinha 5 ou 6 anos eu não sei se a pracinha mais próxima era praça da bíblia ou praça eu não me lembro muito o nome mas sei que nós ia nos ensaios da escola de samba nenê da vila Matilde que meu pai era amigo do fundador na época se eu podesse eu me mudava prá lá hoje eu sou de Itaquaquecetuba mas não gosto muito daqui e nem do prefeito da cidade