Palacete de José de Lacerda Soares

Coração do chamado centro novo – que são as áreas da região central a oeste do viaduto do Chá, a praça da República foi assim batizada em 1889 na esteira das várias mudanças de nomes de logradouros ocorridas devido à Proclamação da República naquele ano. Até essa data era chamada de Largo 7 de Abril, nome oficializado em 1865 em substituição ao anterior, Largo dos Curros.

No final do século 19 a praça e seus arredores receberam um sopro de urbanização e a região ganhou moradias de alto padrão para a época, como o Castelo do Arouche – apelido dado pela população para a luxuosa residência do Dr. Marcos Arruda e outro, pouco conhecido hoje em dia: a residência de José de Lacerda Soares.

Foto 01 – Palacete de José de Lacerda Soares em 1912 (clique para ampliar)

Projetado por nada menos que Ramos de Azevedo este suntuoso palacete foi construído em 1892. Localizado no números 60 da praça da República, a residência não deixava nada a desejar aos mais elegantes palacetes de Campos Elíseos ou mesmo de cidades europeias como Paris ou Bruxelas.

Lar de José de Lacerda Soares, sua esposa Maria Flora de Souza Queiroz e filhos, a propriedade em estilo neo-medieval ficava em um amplo lote entre as ruas Marquês de Itu e do Arouche, na lateral da então Escola Normal.

Infelizmente as informações a respeito deste palacete são muito escassas, uma vez que o imóvel teve breve duração, sendo demolido ainda na primeira metade do século 20. As imagens também são raríssimas, resumindo-se a essas fotografias que estão disponíveis neste artigo.

O palacete por outro ângulo (clique para ampliar)

Fazendeiro bem sucedido, dono da Fazenda Mato Dentro, José de Lacerda Soares era filho do coronel João Soares do Amaral e de Maria da Glória Lacerda Soares. Ele morreria de forma abrupta na véspera de natal de 1915, sendo sepultado no mesmo dia no Cemitério da Consolação. Sua esposa, que curiosamente também era sua prima, ainda viveu no palacete por um período.

Galeria – Veja mais fotos do palacete (clique para ampliar):

Notas:

*1 – A numeração da época é diferente da atual.
*2 – Antes de se casas com José de Lacerda Soares, Maria da Glória foi esposa de Fernão de Souza Queiroz, casou-se com ele após enviuvar do primeiro marido.

Bibliografia consultada:

Correio Paulistano – Edição de 4/10/1907
Correio Paulistano – Edição de 17/1/1913
Correio Paulistano – Edição de 22/5/1913
Correio Paulistano – Edição de 25/12/1915
Correio Paulistano – Edição de 29/12/1915
Acervo virtual do IMS – Instituto Moreira Salles – Link visitado em 12/12/2023

Crédito das fotografias:

01 – Rosenhain & Meyer (Acervo Instituto São Paulo Antiga)
02, 03, 04, 05, 06 e 08 – Otto Rudolf Quaas (Acervo IMS)
07 – Guilherme Gaensly (Brasiliana)

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Respostas de 8

  1. Parabéns pelo seu trabalho, acho magnífico as construções antigo com tanta riqueza.
    Sou professora de história e sempre que posso trabalho com os alunos a história da construção de São Paulo que está cada dia morrendo

  2. Boa tarde Douglas !!
    No email do SP Antigo você postou que a casa foi construída pelo sogro do José Lacerda Soares … É isto mesmo?
    O José de Lacerda Soares faleceu segundo minhas pesquisas no dia 24 dezembro justamente de 1915 !!!
    Por favor você poderia confirmar ?
    Abraços,
    Maria Sylvia

  3. Complementando, colocando o texto em questão:
    – Quem poderia imaginar que a nossa praça da República já teve um palacete tão incrível como este da foto? E projetado por ninguém menos que Ramos de Azevedo!
    – Construído em 1892 o palacete foi residência do fazendeiro e político paulista José de Azevedo Soares, proprietário da fazenda Mato Dentro. Ele viveu nesse imóvel suntuoso entre o final do século 19 e 1915 quando faleceu.

  4. Lembro-me da década de 1940, do Palacete de José de Azevedo Soares, que chamava a atenção pela sua majestade.

  5. Lembra uma igreja em estilo gótico em muitos aspectos. Pena que tenha tido uma vida tão curta.

  6. Seria interessante entrar em contato com o arquiteto Carlos A. C. Lemos. Na capa de seu livro, Alvenaria Burguesa, tem uma perspectiva artística do palacete. Talvez ele tenha mais informações (projetos, fotos, etc.).

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