Você já parou para pensar quantas casas – de qualquer porte – já existiram e posteriormente deixaram de existir em nossa São Paulo? Com certeza o número é alto e são inúmeras as memórias que junto com os escombros das demolições desapareceram por completo. Ainda mais em um país onde a memória não é levada à sério, tanto pelo poder público como por uma parte da população.
Um pequeno número do que desapareceu você pode conferir aqui mesmo no site. E hoje coloco aqui mais um pedaço da memória paulistana que não está mais entre nós para conhecerem, trata-se da Villa Nina*¹.
Construída entre 1909 e 1910 a Villa Nina é o nome dado ao palacete que serviu de residência ao comissário e exportador de café José Toledo Malta, sua esposa Maria Olimpia de Cerquinho Malta e filhos. Sua empresa chamava-se Malta & Cia.
Localizada na avenida Higienópolis*², no bairro homônimo, a residência era inspirada nas vilas palácios da Toscana de acordo com o arquiteto Samuel Augusto das Neves autor do projeto e executor da obra. Neves também é autor da Casa Médici, da estação Júlio Prestes, do edifício Sampaio Moreira entre outros.
A suntuosa construção refletia a fortuna de seu proprietário que acumulou riqueza negociando café para o exterior. Em seu interior, além da luxuosa decoração dos ambientes, existiam pinturas do artista Luiz Dumont (veja na galeria abaixo) e madeiramento nobre nas escadas, janelas, portas e esquadrias. Já na porção exterior o luxo ficava por conta do mármore das escadarias, além dos toldos em vidro que protegiam quem estivesse na porta de entrada do palacete ou na porta balcão do quarto principal (andar superior).
José Toledo Malta não viveu suficiente para ver a crise arrasadora que atingiria o mercado de café, ele viria a falecer em 25 de junho de 1928*³, deixando a esposa e seus quatro filhos, estes todos adultos.
Após a morte de Malta a documentação histórica a respeito do palacete fica muito escassa até que desaparece por completo. Não consegui levantar onde exatamente ficava a Villa Nina, contudo é certo que ficava em um dos cantos de esquina da avenida Higienópolis com Angélica. A numeração da época, 11, não é a mesma atual.
NOTAS:
*1 – Existiu outra Villa Nina que é mais conhecida do que essa, localizada na então avenida Água Branca (atual avenida Francisco Matarazzo) que tal qual essa também era um palacete, contudo não há qualquer relação com este imóvel, exceto pelo nome idêntico.
*2 – Na época da construção deste palacete a avenida Higienópolis tinha outro nome, sendo conhecida como avenida Martinho Prado Júnior, contudo esse nome não agradou aos moradores e em 1913 voltou a se chamar Higienópolis. Vide mapa de 1911 abaixo.
*3 – José Toledo Malta faleceu em Santos, onde se tratava de um problema de saúde, e foi trasladado para São Paulo sendo velado em sua própria residência. O cortejo partiu com destino ao cemitério do Santíssimo Sacramento onde foi sepultado.
Respostas de 4
Lindas fotos e dá até uma certa tristeza saber desses casarões que simplesmente sumiram das ruas. Belo trabalho o de vocês, parabéns!!
Se eu fosse uma pessoa que tinha poder, faria uma lei para preservar casas antigas.mas como não tenho fico muito chateada com a destruição dos mesmos. Parabéns pelas matérias.
Grata Jane Souza
Na minha opinião a cidade inteira deveria ser tombada e permitida a verticalização apenas em regiões degradas.
Olá Douglas este Sr. José Toledo Malta teria algum parentesco com José Maria Toledo Malta, cujo pseudônimo Hilário Tácito, autor do livro Madame Pommery?