Getúlio Vargas – Guia da Nacionalidade

No final de 2021 o São Paulo Antiga teve a oportunidade de visitar a lendária Rafulândia, um museu particular muito interessante montado ao longo da vida de seu idealizador, Raful de Raful. Foi praticamente a última visita de alguém neste local antes que ele começasse a ser desativado pelos herdeiros do querido senhor Raful.

Na ocasião, durante as filmagens do vídeo para o nosso canal, me deparei em um canto de um dos cômodos do velho casarão de Raful um busto do presidente Getúlio Vargas. Ele estava com muita sujeira, um pouco de graxa e um bocado de ferrugem, exatamente como na foto abaixo:

Me encantei desde o primeiro momento com aquela escultura e resolvi seguir o conselho do meu amigo José Vignoli, colaborador aqui do instituto, que diz o “não a gente já tem” e decidi perguntar se Victor Raful, neto de Raful de Raful, estaria disposto a doar a peça aqui para o instituto. Em nosso acervo já temos dois outros bustos, do presidente Floriano Peixoto e do então interventor paulista Adhemar de Barros. Victor, ficou de falar com seu pai e me dar um retorno.

Alguns dias depois ele me retorna e disse que a peça era minha e que eu poderia agendar para ir buscar, o que fiz algum tempo depois. Agora tinha um outro desafio: o que simbolizava esse busto ?

Na base do busto existem duas frases. A primeira está escrito “Decênio 1930-1940” e a segunda “Guia da Nacionalidade”. Fomos pesquisar e conseguimos descobrir que os bustos foram confeccionados em 1940 por ocasião do aniversário de dez anos da Era Vargas.

Não foi possível descobrir o artista ou mesmo a fundição responsável pela produção do objeto, apenas uma menção em um jornal de 1940 onde se diz que milhares dessas peças foram produzidas e distribuídas em repartições públicas, partidos políticos e dadas de presente a personalidades e autoridades. Também apuramos que uma parte das peças foram produzidas em bronze enquanto uma parte, igual a nossa, fora confeccionada em ferro fundido.

Com a peça na mão partimos para a segunda etapa: limpar a peça. Como dissemos ela estava um pouco enferrujada na frente e com um pouco de graxa na parte de trás, algo que muitos fazem para evitar que a corrosão se espalhe. Removida a graxa levamos para a terceira etapa, o jateamento. Foi ai que a peça ficou completamente limpa e os escritos menores finalmente legíveis.

As duas imagens acima mostram a peça nas duas etapas finais, o jateamento e a posterior pintura. Como não existe referência alguma de padrão de cor a seguir para a peça de ferro fundido (a de bronze não se pinta) optamos por fazer uma pintura leve em cor prata.

Figura amada por uns e odiada por outras, Vargas é sem dúvida o grande nome político do Brasil no século 20 e um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Com tudo concluído agora vamos escolher um local especial para pendurar o busto de Getúlio Vargas em nossa parede, por enquanto ele repousa sobre uma mesa com a bandeira brasileira.

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Respostas de 5

  1. Que achado, hein? Bem legal!
    Pelas imagens não parece ser grande. E essa gravura em que se lê: Fundador do Regime e Guia da Nacionalidade, o que seria?

  2. Getúlio Vargas, o caudilho gaúcho, como você bem disse, Douglas, é amado por uns e odiado por outros, e tornou-se persona non grata no território paulista ao impedir a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôr um fim na política do café com leite que marcou a República Velha, flertou com o nazifacismo e só declarou guerra aos países do eixo somente por pressão dos EUA, o que atraiu a fúria do Chucrute Encrenqueiro e colocou o país na rota de uma possível invasão nazista, lembrando que o Brasil tinha a maior seção do partido nazista fora da Alemanha, mas ao fim mostrou-se hábil para tirar proveito dos dois lados enquanto pôde, enfim uma figura controversa e que está longe de ser uma unanimidade.

  3. Muito bacana, há um exemplar deste aqui em Tauá-Ce, vamos tentar levar para o nosso Museu. Suas explicações foram importantes para entendemos do que se trata, abraços!

  4. Eu tenho uma peça feito em bronze.
    A encontrei nos anos 1990 pendurada na tela de um antigo galinheiro que os donos utilizavam como alvo de tiro de espingarda de chumbinho.

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