Gráfica do Estadão – 1917 & 2010

Recentemente publicamos um artigo contando um pouco da história do jornal paulistano O Estado de S. Paulo em 1917. O texto mostrava o cotidiano do jornal cerca de um século atrás, com fotos da época.

Pouco depois, começamos a receber inúmeras mensagens de leitores do blog São Paulo Antiga perguntando se o antigo prédio da gráfica do Estadão, na rua 25 de Março ainda existia. Como não sabíamos se ele ainda estava de pé ou não resolvemos ir a campo para tentar encontrar o prédio.

Abaixo, o prédio nos idos de 1917:

No início do Século XX, uma pacata rua 25 de Março.

Não tínhamos ideia do número prédio e não encontramos referências publicadas, então, fomos até a rua em busca do prédio do Estadão. E encontramos!

O local não é mais nada do Estadão (mas não sabemos se eles venderam o edifício ou somente alugaram), mas hoje é uma grande loja chamada Niazi Chohfi. Apesar de ter sido bastante modificado da época que era uma gráfica para os dias atuais, é possível notar claramente que trata-se do mesmo edifício, como ilustra foto a seguir:

Hoje, a Rua 25 de Marça é um endereço movimentadíssimo.

Podemos notar uma profunda modificação na fachada, onde os antigos adornos foram removidos e os detalhes mais característicos do início do século passado foram também retirados. O antigo relógio que ficava no terceiro andar também não existe mais (onde será que ele foi parar ?) e a única porta do imóvel que era no canto direito foi ampliada e transformada em três grandes entradas, para deixar a loja mais à mostra. O prédio também cresceu, ganhando três novos andares.

Uma das características do antigo térreo da gráfica do jornal era que ele tinha um pé direito bastante alto, para poder acomodar a enorme rotativa Marinoni, que tinha a altura de praticamente dois andares do edifício. Isso se reflete no prédio atual, pois para ir ao primeiro andar é preciso usar uma comprida escada rolante.

O antigo edifício ganhou três novos andares.

Apesar de bastante modificado o antigo edifício ainda está lá. Muitas vezes não é possível preservar a cidade inteira, e muitos prédios antigos, do início do século passado, precisam necessariamente passar por uma série de adaptações para se manterem competitivos e utilizáveis nos dias atuais. O Blog São Paulo Antiga está muito contente em ter encontrado a antiga gráfica do Estadão ainda de pé e em excelente estado de conservação.

Quando for fazer compras na região da 25 de março, não deixe de passar pelo edifício e contemplar. Muitas das notícias que foram destaque por boa parte do século XX sairam de dentro deste prédio.

Curiosidade: Já notaram que o jornal sempre escreve O Estado de S. Paulo abreviando o “São” ?

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Respostas de 18

  1. Sobre a curiosidade, sim, já tinha notado, e, inclusive, isso foi objeto de uma disputa animada na Wikipédia, em relação a como nomear o verbete sobre o jornal. Venceu o bom senso: “S.”

  2. Interessante! E graças ao Cidade Limpa, a fachada está bem visível… anyway, o curios é notar que se eu olhasse este prédiop agora pela primeira vez e não soubesse de sua história, eu chutaria que ele ele seria dos anos 1930…

  3. Excelente trabalho o de vocês. Mais uma bela lembrança que está muito viva e tomara que continue assim.

  4. É “O Estado de S. Paulo” para não confundir com o “Estado de São Paulo”, um é um jornal, outro um estado federativo do Brasil.

  5. Hoje estive na 25 de março…
    A multidão de gente não ajuda, mas como ainda tem casarão lindo naquela rua hein?
    A SPA chegou a catalogar todos? Só no entorno da 25 de março com a Barão de Duprat tem uns 5 ou mais!

    É certo que muitas construções estão desfiguradas ou abandonados, além de muito lixo, mendigos, cheiro de urina e o pior de tudo: falta de memória e educação…
    Essa é a revitalização do Centro Velho, prometida pelo pode público?

  6. Como a fachada antiga era charmosa!
    Ollhando as duas fotos eu sinto voltar no tempo.
    Sensacional.

  7. adoro saber histórias sobres prédios antigos.As vezes gostaria de fazer arquitetura de tanto gostar desse assunto.

  8. Sou apaixonada por minha São Paulo. Com repúdio e tristeza vi prédios históricos irem pelos ares. Entretanto sabia que o Estadão jamais permitiria detonar com sua história. Sou fã número um e leitora assídua deste grande jornal.

  9. Obrigado pelas informações. As fotografias indicam que o prédio ganhou mais andares: hoje tem 10. Há, inclusive, uma café no 9o. andar (rua 25 de Março, 607), com uma sacada agradável e uma boa vista para a rua. De lá se avista também parte do Mercadão e o Terminal Dom Predro. Fiquei curioso para saber quando foram feitas as modificações, digo, acrescentaram andares a este edifício que abrigou parte do jornal. O edifício Guinle, na rua Direita, de 1916, é nosso proto-arranha-céu com seus 7 andares, e foi o primeiro a ser construído com concreto armado. O Sampaio Moreira, o segundo “prédio alto” da cidade, só foi feito em 1924, e foi o nosso primeiro com elevadores. Com certeza um prédio típico de 1917 deveria ter 4 ou 5 andares, no máximo, como mostra a foto antida do “Estadão”, na rua 25 de Março, Aparentemente, foi feito com alvenaria de tijolos, e não com concreto armado. Bem, de novo, um muito obrigado pelas informações.

  10. Meu pai trabalhou como Linotipista no Estadão nos meados dos anos 60 e 80. Será que consigo fotos ou alguma lembrança dele dessa epoca?

  11. Meteram as janelas da sobreloja, o que estragou a harmonia da fachada. Os andares de cima, brega.
    Note as guarnicoes de janelas, acho que em ferro fundido. Algo que da um charme unico a moldura dos janeloes.

  12. Não sei como este prédio está hoje, mas uma notícia assim da esperança e alegria. Pensar que o prédio estava muito bem preservado quase 100 anos depois é algo raro no Brasil. Pena que os adereços bonitos e clássicos foram retirados, mas isso faz parte do empobrecimento cultural que vivemos já há tempos. Hoje a maioria não consegue ver e entender a beleza de muitas coisas que já foram padrão e preferem o cafona, o brega, o feio, a falta de qualidade e refinamento.
    Imóveis assim traziam um rosto à cidade. E características marcantes. O que temos hoje em termos de arquitetura comercial é uma vergonha e chega a dar asco. Uma pena. A cidade vai sucumbindo descaracterizada.

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