Fotografias de São Paulo em 1971

São Paulo é uma cidade em constante transformação e desenvolvimento. A paisagem urbana muda tanto por aqui que muitas vezes um lugar que conhecemos numa semana, na outra pode até não existir mais. Essa mutação é absolutamente normal e previsível, ocorrendo em qualquer cidade do mundo, especialmente nas grandes metrópoles.

Não é apenas a especulação imobiliária que causa esta mudança. Obras viárias como alargamento de ruas e novas avenidas também mudam o cenário. Ampliação de malha ferroviária e metroviária, novos aeroportos ou terminais rodoviários também. E até moradores com a reforma de seus lares.

Folheando um exemplar de uma revista Veja, de 1971, encontrei várias fotografias aéreas que faziam parte de uma reportagem sobre o crescimento da cidade. Selecionei aqui as mais interessantes para vocês observarem quanto São Paulo mudou daquela data para cá.

1 – Avenida 23 de Maio com destaque para as obras do anel que faz o retorno para o Ibirapuera ou para acessar a radial no sentido oeste:

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2 – Marginal do Rio Tietê com destaque para o estádio da Portuguesa  na margem direita ainda sendo construído (seria inaugurado em 1972), e na margem oposta apenas a presença do prédio da Ericsson.

Crédito: Divulgação

3 – Vista aérea da região do Parque do Ibirapuera, com destaque para o próprio parque, além do prédio do Detran (atual MAC-USP) e o obelisco. Chama muito a atenção a ausência de edifícios na região, que atualmente já se encontra bastante saturada.

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4 – Tomada aérea do Parque Dom Pedro II, com destaque para o Viaduto Diário Popular (inaugurado em 1969), o Palácio das Indústrias (hoje Museu Catavento) e um enorme estacionamento hoje transformado em terminal de ônibus.

Crédito: Divulgação

5 – Radial Leste Oeste no trecho do Viaduto Júlio de Mesquita Filho. É possível notar na parte superior do viaduto as ruas Abolição (mais a direita) e Major Diogo (a esquerda).

Crédito: Divulgação

6 – Igreja da Consolação e também a Praça Roosevelt, cujas obras foram concluídas nos anos 60.

Crédito: Carlos Namba / Divulgação

7 – Outra tomada aérea da região do Parque Dom Pedro II e região do Mercadão. De todas as fotos esta é que o cenário menos mudou, com poucos prédios construídos neste trecho desde então. Destaque na foto para o prédio do Banco das Nações e na parte inferior da foto é possível notar a cobertura do elegante (e hoje abandonado) Auto Posto S.Paulo.

Crédito: Divulgação

8 – Por fim, uma bela imagem mostrando o anoitecer na região do Vale do Anhangabaú. Destaque para o belo panorama urbano (skyline) dos edifícios do centro de São Paulo. O relógio digital em um dos prédios mostra aponta o horário de 6:03.

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Respostas de 26

  1. Na foto da Vila Guilherme pode-se ver o Aterro Municipal e os estudios da Tv Excelsior. Seria uma reportagem interessante um panorama sobre a area onde está o Center Norte… como era o lixao etc…

    1. Foi isso que eu notei também… o quanto que desmataram de área verde para fazer o Shopping Center Norte, que hoje fica em frente ao Estádio da Portuguesa. (O Shopping Center Norte só viria a existir em 1984)

  2. Incrível como a cidade se transformou em tão pouco tempo.
    Na foto das marginais do Tietê, nota-se a ausência do enorme Center Norte, bem como se pode verificar que o metrô ainda não existia.
    Na foto do Vale do Anhangabaú, que é de 1971, pode-se observar que o Edifício Joelma estava ainda em construção, para logo depois, em 1974, ser o protagonista da maior tragédia da cidade, até então.

    1. Muito triste o que aconteceu no Joelma e Andraus. Lembro de ter visto apavorado pela TV, nos meus tempos de criança, as terríveis tragédias que ocorreram nos dois edifícios. Uma vergonha é o Rio Tietê e o Pinheiros, dois dos maiores rios do Brasil e do estado ainda serem poluídos. Desde meus tempos de criança que o Tamanduateí e o Riacho do Ipiranga já eram pavorosos de tanta poluição. Sempre faltou consciência para as pessoas, pois jogavam no segundo até sofás velhos. Depois, reclamam das enchentes.

  3. Existem pontos interessantes nas fotos..

    FOTO 1: esta foto mostra a construção da “Ferradura”… entre os pontos altos da foto, temos algumas modificações como caso da construção do posto BR que fica quase na esquina da Rua Jandaia, e agora, o prédio da Setin que dá frente para a Brigadeiro; a inexistência da cobertura do posto que fica na esquina da Rua Maria Paula com a Rua Asdrubal do Nascimento e a Praça da Bandeira no formato antigo… se a foto fosse pouca coisa ampliada, veriamos a Rua Jandaia ainda sem a descoberta dos “Arcos dos Calabreses”, construidos entre 1885 e 1887 por artesoes imigrados da Calabria, com tijolos fabricados por eles mesmos… foram descobertos apenas em 1985, pela gest˜åo do Janio Quadros.. os 29 arcos foram edificados para servir como muro de contenção da Rua da Assembleia com a Rua Jandaia, e estavam desaparecidos, soterrados pelo casario, que tomou conta da area. Eles re-apareceram finalmente em 1988 após a demolição dos cortiços, ante a necessidade de alças viárias no acesso da Radial Leste, e o seu restauro

    FOTO 2: acho que as principais ausencias da foto são a Rodoviaria Tiete, o Shopping Center Norte e o Shopping D… os trilhos do Metro ainda nao chegavam por ali, aparentam estar em obra – o Metro chegaria em Santana apenas em 1975, a Rodoviaria Tiete em 1982, o Center Norte em 1984 e o Shopping D em 1994. O Canindé já existia desde 1956, e chegou a pertencer ao Sao Paulo FC, que vendeu o terreno para ir para o Morumbi. O Caninde foi inaugurado do jeito que é hoje em janeiro de 1972

    FOTO 3: ainda não existia o Auditorio Ibirapuera, o Hotel Sofitel (na esquina da Sena Madureira), o Complexo João Jorge Saad e não consegui localizar o antigo e lendário barco que havia no local aonde hoje há o Hotel Pullman (antigo Mercure)

    FOTO 4: A Varzea do Carmo foi arborizada em 1922, projeto do francês Joseph-Antoine Bouvard, e transformou-se na principal area de lazer na cidade. Em 1940, o local ganhou o Parque Shangai, digamos, o “avô” do Playcenter, na esquina da Avenida do Estado com a Rua da Mooca. O Parque Shangai seria derrubado em novembro de 1968, para construção dos viadutos. Aliás, nessa mesma época foram abertos os trabalhos de concorrência para “modernização” da região, prevendo a construção de 5 viadutos, pavimentação das pistas da Avenida do Estado ao longo do Rio Tamanduatei, entre outras obras. Curiosamente, o terminal de ônibus foi inaugurado em 1971, então imagino que essa foto seja de arquivo, pois não há nem obras… poucos anos depois, viria a Estação Dom Pedro II (1980).

    FOTO 5: confesso que demorei um pouco para entender o sentido da foto apesar de morar por aqui, mas a parte superior seria dos carros vindos da Zona Oeste. Aquela área branca (cimento) sob o viaduto, virou um estacionamento fechado embaixo do viaduto, usado pela Prefeitura.

    FOTO 6: a Praça Roosevelt foi remodelada novamente, dando fim ao estacionamento anexo a Igreja.

    FOTO 7: realmente pouco mudou na região

  4. Vejam as margens do rio Tiete. Onde está a lei do meio ambiente? Fizeram duas pistas para veículos tanto da margem direita como esquerda. Esse local era uma varzea, e quando era época das cheias, havia lugar para o rio Tietê transbordar. Hoje o Rio Tietê está espremido, poluído, tanto pelas avenidas quanto o asfalto. O rio não é culpado das enchentes. Ele sempre esteve lá e lá é o lugar dele. Mas os ignorantes culpam ele quando transborda.

    1. Se podemos responsabilizar alguem sobre o problema de hoje, talvez a Light seja a maior responsavel por ter optado por esta tecnica.. na epoca, havia projeto para nao retificar o rio, o problema é que a cidade crescia muito… hoje, pagamos o preço do desenvolvimento sem muito estudo. Uma matéria interessante seria sobre a Usina da Traição e a Henry Borden, que vai de encontro com este assunto, e tem muitos pontos interessantes como a alteração do curso dos Rios, a construção da usina subterranea, o projeto do Sr. Billings, entre outros fatos que merecem registro

  5. Ano 1971, a cidade de São Paulo era muito bom demais até hoje deste ano hoje dia tá ruim São Paulo por causa de enchente, hospitais ruídos, pessoas com drogas, crise da água, prédios pichados e abandonados quando o governo de São Paulo não faz! Quando eu cheguei em São Paulo, os paulistanos tava mais calmo. É triste ver São Paulo assim, sou paulistano eu nasci em São Paulo, eu moro em interior de Mato Grosso do Sul.

  6. Parabéns…good job….de grande valor para quem aprecia imagens de sampa.E importante para as futuras gerações.

  7. São belas tomadas,sem dúvida!
    Mas eu costumo pensar comigo mesmo que nossa queridíssima São Paulo teve 70 anos de “Belle Èpoque”: de 1895,quando já existia há alguns anos a Avenida Paulista e também suas primeiras mansões,além da monumental Santa Casa de Misericórdia,indo até 1965,quando,pelas imagens,filmes e fotografias, a cidade atingiu o ápice de sua beleza,com parques e praças bem cuidadas,o centro era “o” centro e os bairros no entorno do mesmo, como Brás,Parí,Cambucí,Bixiga,Liberdade,Bom Retiro,Consolação,Mooca, Belenzinho,Vila Maria,etc,etc,etc…à todo vapor,com referência às fábricas em alguns desses lugares mas também as suas residências,já mostradas várias vezes aqui no São Paulo Antiga,aquelas casas mais “simples”,todas ornamentadas,aconchegantes,charmosas e belas!!!!
    A Belle Èpoque de São Paulo: de 1895 à 1965.

    1. De fato… A partir dos anos 70 começou a degradação da cidade, ainda que lentamente. Nessa época, a cidade começava a dar os primeiros sinais de que algo ia mal
      Talvez o novo Plano Diretor, o fechamento das ruas da região central para carros, surgimento das primeiras favelas, entre diversos outros problemas tenham contribuído massivamente para essa lamentável situação que se agrava desde então…

  8. Perfeito Luiz Henrique: a belle èpoque de SP, se existiu, acabou em 1965. Data que bate com o que alguns historiadores, sociólogos e jornalistas afirmam ser o ano/período histórico em que a besta-fera do caos desenfreado (que já existia, claro), tomou de vez a cidade, sem controle algum. Por que esse ano?O que exatamente ocorreu? Se eu postar qual a explicação deles ( com a qual concordo), certamente alguns vão de chamar de “comuna”, “petralha”, me mandar “de volta para cuba”, pois a internet tornou-se um campo de batalha em que pelejam todo tipo de ignorância política, social, cultural.
    Não quis ofender ninguém com as palavras acima; se o fiz, minhas escusas.

    1. É preciso tomar cuidado com as ideias de “caos” e “crescimento desordenado” ou “falta de planejamento”.

      Justamente a partir de 65, com a ditadura civil-militar, houve um movimento crescente, por parte do poder público, de promoção de ações de planejamento urbano. De fato, nunca se “planejou” tanto o crescimento da cidade quanto nos anos 60 e 70: PUB em 68, PPDI em 72, Lei de Zoneamento em 74, etc (sem falar na lei federal 6766 de 79). Estes planos, porém, além de altamente burocráticos e tecnocráticos, limitavam-se à cidade formal, colaborando com a expulsão das populações de baixa renda para loteamentos (regulares e irregulares) cada vez mais distantes, associando especulação imobiliária, loteamentos privados e produção pública de grandes conjuntos habitacionais distantes.

      Portanto, existe sim planejamento em SP: planejamento para os ricos e para a cidade formal.

  9. Estas fotos me lembram de um poema do autor Bastos Tigre: ¨Saudade, palavra doce que traduz tanto amargor, saudade é como se fosse espinho cheirando a flor”.

  10. Caio,saudações!!
    Como eu mensionei,1965 foi o último ano “belo” da cidade de São Paulo por vários aspectos.Havia bondes,praças,parques(oohhh, Parque Dom Pedro II,o que fizeram com você?) bem cuidados,as pessoas ainda se vestiam bem.Os homens de terno e gravata pelas ruas era comum,e todos os dias.As mulheres,de vestido ou saias(era raro ver uma de calça comprida).À partir do ano seguinte,o barco começou a afundar…
    É claro que estou me baseando em fotos(de meus pais na época,por exemplo) e os filmes do período.Por tudo isso(e mais um pouco),pelos meus olhos de observador,a nossa Belle Èpoque,que teve início em 1895,acabou mesmo em 1965.Mas isso é uma opinião minha,de um cara observador.Eu,sinceramente,desconhecia(e desconheço) essa pesquisa.Abraço.

    1. Deixei um outro comentário, e parece que o mesmo se perdeu. Muito triste o que virou o Parque Dom Pedro. Nunca esqueço, de no final, dos anos 1980, mais precisamente em 1988, ter que passar por ele tarde da noite, para esperar um ônibus (no final, apareceu um táxi e eu entrei correndo nele), e ficar apavorado com a escuridão e a sujeira. Ratazanas passeavam à vontade pelo meio do lixo, a poucos metros de mim, do outro lado da rua. Como mencionei no outro comentário, imagino que a década de 1960 tenha sido muito boa, mas eu gostei demais de ter vivido a década de 1970, e parte da década de 1980 ainda foi boa. Depois de uns tempos, São Paulo, sobretudo a região central, ficou decadente e pavorosa. Conseguirão “nossos heróis” (políticos) fazer São Paulo sair dessa pavorosa situação? (Como dizia a chamada final de algum antigo seriado de TV).

  11. Luiz, saudações. Sua descrição é perfeita: São Paulo era tudo isso até o meio dos anos 60 e essa beleza perdeu-se. Por quê? bem, segundo esses intelectuais(e repito, concordo com eles), o estabelecimento da ditadura militar, que é amplamente sabido, contou com apoio irrestrito da maioria da classe média e da elite paulistanas, instaurou de vez uma cultura de desprezo pela coisa pública, pela rua, pela praça, além de um rebaixamento cultural, um emburrecimento da população promovido pelos governos militares, juntamente com uma visão de que a cidade era apenas meio de ganhar dinheiro, uma visão pragmática e desumana da cidade. O resultado era visível em dez anos e explodiu no anos 80.
    Acusações de “petralha”, “comuna”, “volta para cuba” em 1, 2, 3…

  12. KKKKKKKKKKKKK…Caio,nem se preocupe com isso.Nós,como observadores,pesquisadores,críticos(etc,etc,etc…) geralmente somos mal interpretados mesmo.As pessoas não entendem,parece que falamos outra língua,que viemos de outro mundo,sei lá.
    Mas é isso aí,valeu por compartilhar.Abraço.

  13. Somente agora em 2018, vejo esta bela matéria, com fotos que aceleraram meu coração!!! Sai de Spaulo em 1974 e guardo comigo grandes lembranças desse tempo mostrado nas fotos. Já se foram 44 anos !!! A matéria é muito boa e os comentários também, aliás muito bem colocados. Só faço uma ressalva ao Caio (menos, Caio, menos …). Os governos militares não tiveram esse papel negativo em Spaulo, pelo contrário. Um dos grandes prefeitos de Spaulo foi o Figueiredo Ferraz que teve grande atuação nessa época, com reflexos positivos até hoje. Naquele momento não havia metrô!!! Ele estava no início da construção. Quem viu sabe o gigantesco trabalho que foi feito.
    Mas parabéns a todos vcs pelo belíssimo trabalho apresentado aqui.
    Abraços, afonso

  14. Demais as fotos! A ausência de prédios, em alguns lugares, era um alento. Em 1971, eu tinha somente quatro anos de idade, ainda não conseguia compreender a beleza das coisas da cidade, e morava no bairro do Ipiranga. Naqueles tempos, década de 1970, existiam pouquíssimos prédios na região, ao contrário de hoje. Morei na Vila Gumercindo, de 1999 até 2008, e a região, que um dia havia sido mais bela e tranquila, igualmente a outras da metrópole de São Paulo, quase megalópole, foi se enchendo de edifícios. Em um terreno imenso, ao lado do prédio em que eu morava, ainda construído na década de 1970, tiraram um estacionamento (eu preferia que ele tivesse continuado), para construírem três torres imensas, com 25 andares cada. Tendo me mudado para Santo André – SP há doze anos, também noto que locais onde antes quase não existiam edifícios, pouco a pouco estão sendo tomados por eles. Na minha opinião, a década de 1970 ainda foi linda, e a de 1980, um tanto, depois, a decadência da capital ficou evidente, sobretudo na região central. Recordo, com saudades, de como o centro velho e sobretudo o Parque Dom Pedro eram limpinhos. Bons tempos em que ia passear e fazer compras com minha família na “cidade” (como nos referíamos ao centro, naquela época). Quanto ao planejamento urbano ter sido feito em função dos ricos, não há dúvidas sobre a isso. Não queria entrar em detalhes sobre política, mas o governo eleito está só se preocupando com os ricos, chamando os grandes empresários de coitadinhos, e como é difícil empreender no Brasil, blá blá blá. Tem até gente de família de políticos reclamando na internet “o quanto é duro viver com um salário de R$ 33.600,00 por mês”. O Brasil não tem coisas surreais, mas sim, coisas irreais. Onde vamos parar? Sou da classe média, não sei, ou não tive oportunidades, de “empreender” na vida, para ficar rico, “vencer” e aparecer nas colunas sociais. Tem horas em que tenho medo de onde vamos parar. Que Deus nos ajude!

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