Sítio Morrinhos

Um importante fragmento da história de São Paulo está localizada em uma rua sinuosa e tranquila do Jardim São Bento, na zona norte da capital. Trata-se do Sítio Morrinhos.

clique na foto para ampliar

Construído em 1702, data que inclusive está esculpida na madeira da porta de entrada principal da casa, o Sítio Morrinhos é um complexo arquitetônico composto por uma casa sede e outras construções anexas mais recentes, de meados do século 19 e início do século 20. Hoje pertencente à Prefeitura do Município de São Paulo, o sítio originalmente foi uma propriedade rural, pertencendo provavelmente à família Baruel.

Em 1902, duzentos anos após sua construção, a propriedade foi levada a leilão, ocasião que foi adquirida pela Associação Pedagógica Paulista, que representava o Mosteiro de São Bento. Com isso o antigo sítio passou a ter uma nova função, servido de chácara para descanso dos membros do mosteiro nos finais de semana.

Sítio Morrinhos na década de 20 (clique na foto para ampliar).

A propriedade ficou em poder do Mosteiro de São Bento até o final dos anos 40, quando a área foi negociada com a empresa Camargo Correa S/A que passou a ser a nova proprietária. Isso permitiu, em 1948, o loteamento da área no entorno do sítio que acabou por ser nomeada de Jardim São Bento, em homenagem ao mosteiro, que foram os donos anteriores. Já a área do sítio em si foi doada à Prefeitura de São Paulo por Sebastião Ferraz de Camargo, um dos sócios da própria Camargo Correa.

Na foto, monges do Mosteiro de São Bento visitam o Sítio Morrinhos, em 1928 (clique para ampliar).

Após a doação do sítio e o loteamento da área a seu redor, as duas partes tiveram destinos bem distintos. Enquanto o novo bairro, Jardim São Bento, prosperou e tornou-se uma excelente região para se morar, com ruas largas, arborizadas e moradias de alto padrão, o sítio, por sua vez, sofreu nas mãos do poder público, deteriorando-se com o passar dos anos.

Anúncio de loteamento do Jardim São Bento em 1948
Anúncio de loteamento do Jardim São Bento em 1948

Erguido em taipa de pilão, o Sítio Morrinhos sobreviveu por si só durante décadas. Como ele nunca foi aberto ao público desde que foi doado, acabou meio esquecido no meio da zona norte. Sua deterioração foi progredindo com o passar de anos e anos até que na década de 80, no auge do abandono, sofreu uma intervenção estrutural.

Na década de 80 o Sítio estava completamente abandonado (clique para ampliar).

Após as obras de emergência, em 1984, o Sítio Morrinhos só seria contemplado com um restauro completo quase 20 anos mais tarde, em 2000. Um minucioso processo de restauração foi executado, após exaustivas pesquisas históricas e trabalho de prospecção arqueológica. Alguns anos mais tarde, já completamente restaurado, o sítio seria finalmente aberto à visitação oferecendo um amplo e bem cuidado acervo de peças arqueológicas.

MUSEU E CENTRO DE ARQUEOLOGIA

Além de funcionar como um dos principais museus da cidade, no local também está instalado o Centro de Arqueologia de São Paulo. Coordenado por Paula Nishida, o centro é um espaço dedicado a arqueologia paulistana e suas descobertas científicas. No acervo estão os materiais provenientes das escavações e pesquisas arqueológicas realizadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) em toda a capital paulista.

No quadro, um pouco do que está exposto no Sítio Morrinhos (clique para ampliar).

No local, além do centro de arqueologia e do espaço expositivo, existe também auditório, dotado de equipamentos de áudio e imagem preparados para realização de palestras. Há também área de atividades e uma biblioteca especializada em arqueologia.

VALE A VISITA?

Embora bastante visitado por escolas, o  espaço não recebe uma quantidade de visitas que se espera de um museu e sítio arqueológico deste porte. Trata-se de um espaço público exemplar, bem cuidado, com equipe muito bem preparada e com um excelente acervo. Falta, talvez, uma divulgação mais ampla do Sítio Morrinhos por parte da Secretaria da Cultura.

A ausência de  folhetins explicativos para distribuição gratuita é uma falha que precisa ser revista. Também é preciso se pensar em uma lojinha nas dependências do museu, permitindo que visitantes possam adquirir livros, souvenires etc. Apesar destes pequenos problemas, trata-se de um espaço público agradável, muito bem gerido.

Recomendamos a visita. Há muito o que se conhecer em São Paulo antes de explorar outros cantos do mundo.

Serviço:

Sítio Morrinhos / Centro de Arqueologia de São Paulo
Rua Santo Anselmo, 102 – Jardim São Bento
Telefone: (11) 2236-6121
Funcionamento: Terça à domingo, das 9 às 17h.
Visitas monitoradas / Entrada franca

Veja mais fotos do Sítio Morrinhos (clique na imagem para ampliar):

Agradecimentos:
Zanettini Arqueologia
DPH – Departamento de Patrimônio Histórico

Compartilhe este texto em suas redes sociais:
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
Siga nossas redes sociais:
pesquise em nosso site:
Cadastre-se para receber nossa newsletter semanal e fique sabendo de nossas publicações, passeios, eventos etc:
ouça a nossa playlist:

Casa – Avenida Moaci, 649

Para preservar a imagem do passado de Moema, o blog São Paulo Antiga está fotografando todas as casas do bairro que ainda resistem. Conheça mais uma pequena remanescente, localizada no número 649 da Avenida Moaci.

Leia mais »

Respostas de 9

  1. oi, boa noite, parabéns pela criação e manutenção desse site.
    falta um pequeno detalhe, p\quem busca fugir de carro: qual metrô + proximo dessas indincações, e qual transporte público dessa estação indicada p\chegar até o aludido local.
    sds nelio

  2. Estive lá, hoje, 02/05/19, com meu filho. Um local muito agradável e importante para a história paulistana.

  3. Parabéns pelo belo trabalho de pesquisa sobre o sitio morrinhos, no Jardim São Bento. Moro a 53 anos na zona norte, e sempre tive curiosidade sobre o que ali teria sido.

  4. Muito legal a história, frequentei esse local muitas vezes quando criança, pois minha Tia Sofia morou por muitos anos nesse local, era tipo um passeio na chácara no meio de Sampa, tinhas os pés de goiaba eu e meus irmãos subíamos para se esbaldar, na época o estado do sítio era ruim, achávamos que era assombrado, brincamos muito por lá e achávamos que possivelmente tinha tesouro enterrado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *