Casa – Rua Sinimbu 296

Sempre que observo uma casa com as janelas emparedadas, vejo-o como um imóvel com sua história censurada. Tal qual vendas nos olhos das pessoas as impedindo de ver o que há ao seu redor, casas com janelas seladas com blocos e tijolos são residências que, privadas de suas venezianas, privam suas memórias da luz do dia a dia.

Imaginem quantas histórias, não passaram por estas portas e janelas ? Quantas coisas aconteceram na velha casa antes de ter este triste destino ? E tal qual esta, localizada no número 296 da rua Sinimbu, muitas outras estão em situação igual ou pior.

clique na foto para ampliar

A velha casa deixou a função de lar e hoje abriga um ferro-velho, suas entradas foram lacradas pela rua e seu acesso agora se dá apenas pelo terreno ao lado. Muito lixo, entulho e sujeira se acumulam não só nas dependências do imóvel, mas também pelas calçadas onde muitos carroceiros fazem ali mesmo suas necessidades, transformando o local em um banheiro a céu aberto.

Região é bastante esquecida pelo poder público:

A região compreendida pela parte mais baixa da Liberdade é de longe a região mais deficitária e carente do centro da capital paulista. É uma área com tanta miséria e pobreza que muitas vezes perde-se a noção de estarmos em São Paulo.

Existem muitas casas, velhos sobrados e casarões antigos que são invadidos ou transformados em cortiços.É uma área bastante carente e onde há muita ausência de serviços públicos decentes e eficazes.

Na esquina da Sinimbu com rua São Paulo, abandono e miséria se misturam (clique para ampliar).

É uma área do centro tão distinta das demais, que mesmo tendo um grande potencial construtivo, com grandes terrenos e casas antigas em péssimo estado de conservação, não desperta o interesse das construtoras e incorporadoras. Na própria rua Sinimbu existem apenas um edifício mais novo, na esquina da rua Barão de Iguape, meio que isolado. O outro, dos anos 1950, fica diante dos cortiços da foto anterior.

É hora do poder público olhar com mais atenção para a parte baixa da Liberdade, reurbanizar a área, tornar a coleta de lixo mais eficiente e trazer melhor policiamento. Não podemos esquecer que a parte turística da Liberdade está apenas algumas quadras acima e que qualquer turista mais aventureiro pode descer as ruas Barão de Iguape ou São Paulo e chegar até as ruas Sinimbu e do Glicério. E que ao chegar lá, a impressão que ele terá não será das melhores.

Mesmo assim, recomendo aos leitores uma visita a região da Rua do Glicério, Rua Sinimbu, Rua São Paulo e Rua Barão de Iguape. O casario antigo desta área é revelador e mostra muito de nosso passado arquitetônico.

Veja mais fotos deste imóvel (clique para ampliar):

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Respostas de 14

  1. Olha,fiquei muito feliz com seu post,mas o problema desses casarões não é só o fato de alguns terem sido fechados e outros virado cortiço,antes fosse!
    Chega a ser ridículo o jeito que a prefeitura ignora a Rua Sinimbu,todos esse casarões (que com certeza no passado foram lindos e cheio de histórias) infelizmente hoje são moradia para traficantes,usuários de drogas,ladrões,etc.Nessa esquina da rua Sinimbu com a São Paulo,já perdi a conta de quantas vezes vi pessoas vendendo e comprando drogas nela,e o mais cômico disso é saber que alguns metros acima se encontra o 1º DP.Olha sonho com o dia em que a prefeitura tomara alguma iniciativa e virá tirar essas pessoas daqui,sei que parece arrogância minha querer que as pessoas percam seus “lares”,mas só quem mora perto dessas ruas sabe o quanto é difícil ter de lidar com bandido todos os dias,pior são as pessoas de bem que saem prejudicadas.Mas realmente,o mais incrível é saber que a polícia passa reto diante de tanta gente fazendo coisa errada nessa rua,quando será que tomarão a decisão de fazer uma operação e prender todos os bandidos,drogas e armas que estão escondidas atrás dessas paredes?!

    1. Realmente eram lindos, nasci na Rua Sinimbu n 77 em 1963, morei até 1971, mas ia visitar as pessoas que la conhecia, na esquina da Rua Lins ( na epoca chamavamos de vilinha, eram muito bonitas) tinha uma fabrica de bateria e uma vez o cantor Roberto Carlos chegou a visitar o local, isso nos anos 60, pessoas distintas la moravam como o meu vizinho o Dr. Miguel, D. Lurde, D.Ota e por ai vai. Onde nasci não existe mais, pode ter certeza se esses casarões que restam se recuperados dariam excelentes museus, casas de show, peço a Deus que iluminem suas mentes os homens publicos e olhem para este que era e pode ser de novo um excelente bairro.

      1. Pascoal, sou estudante de arquitetura e preciso de fotos antigas da rua sinimbu. Você teria algum registro fotográfico?

  2. Lembro com muita saudade da rua Sinimbu. Em 1956, aos 16 anos, fui FOCA do jornal A Hora, que funcionava num prédio de tijolo à vista, não sei se ainda existe. Na próxima visita a São Paulo pretendo passar pela Rua Sininbu e rua da Glória, e ver o que mudou dos meus tempos de rapaz. A saudade é grande!

  3. Nasci em 1947 na R. Sinimbu, 105, quase na esquina da Barão de Iguape, ao lado da venda do João e da Clara Era uma rua muito tranquila, numa época que quase não havia carros.Dos vizinhos, lembro-me de minha tia Nenê e tio Plínio, de da Olga e seu Pascoal, o Dr Miguel e as meninas de minha época: Maria Luiza, Silvia, Suely, Rosa, Isabel. À noite, jogávamos queimada e barrabol, na rua. Haviam meninos, também, mas fora o meu primo Paulo, já não me lembro os nomes. Quando passo pela Sinimbu, agora, fico sempre emocionada, ainda que minha casa não esteja mais lá. pelo abandono da rua e dos casarões que poderiam ser aproveitados, pois são enormes: mais de 20 cômodos. todos com pé direito alto. tijolos de barro maiores que o normal. Meus pais saíram de lá em 1972. Na rua Sinimbu ficou minha infância, ficaram muitos amigos. Levei comigo só a saudade.

    1. Prezada senhora – eu morei na Sinimbu por 7 anos de 1965 a 1972 minha casa era a de numero 234 ao lado da lavandeira dos Takatsu, a seguir a lavanderia, existia a casa da maria (a portuguesinha) em seguida a casa do Léo Sampaio e seu pai Léo sênior, sua mãe dna Geronima (que foi secretaria do gabinete do Laudo Natel e a sua irmã a Cristina, logo a seguir a oficina de taxímetros do Salvador (um italiano que consertava os equipamentos, e acho que ate os adulterava para a corrida render mais) a frente e acima da oficina do italiano Salvador morava a Cristina (a gostosa da rua) e adiante da casa da Cristina a casa de Jânio Quadros (morou ali nos anos 40 quando ainda era professor de português na Dante Aliguieri, ele pegava o bonde ali na lavapes seguia ate a pça joão mendes e dai pegava o vila mariana indo a pé ate o colégio, adiante da casa do Jânio Quadros (vereador, prefeito, governador e presidente da republica) estavam 4 casas geminadas onde morava a Dna Izolina e seus 3 filhos a regina, o Carlos e a helena (a mais gostosa delas) o marido dela era pedreiro de telhados, a frente havia o Falchi e Miúra (faziam carimbos) e mais a frente ainda a casa da dna conceição e seus 7 filhos (todos de minas de cassia) todos meus amigos o que mais se destacou e o João Rodarte dono da CDN a maior agencia de noticias do Brasil hoje, a frente a fabrica de ferros de passar elétricos Dimarch e o edificio Sinimbu na esquina da rua Barão de Iguape, – em 1966 na construção da lavandeira dos Takatsu minha casa caiu e tivemos que mudar, os Takatsu fizeram tudo e nos entregaram 1 ano depois, na época ficamos na Vila Sonia no numero 4117 da BR 116 (av francisco morato) – sei muito mais da rua se quiser saber entre em contato..

      Marcos

      1. Marcos, morei na casa dos fundos da dona Izolina, na década de 90, conheci seu filho Roberto e um casal de mudos, creio que filha dela, e o neto, que tinha o apelido de Dizinho.
        As casas e o casarão da frente era do velho Seu Mario, que acabou deixando o Jardim Europa e se mudando também para esse casarão da rua Sinimbu.
        Na verdade alí virou um cortiço com ares de Vila do Chaves.
        Esse casarão era em frente a uma casa cujo Jânio Quadros havia morado.
        A rua já era muito perigosa na época que morei, muito tráfico, bandidos, mal se podia sair de casa. Eu tinha saído da rua São João Batista, Cambuci, para morar lá na Sinimbú, odiei a rua nos primeiros anos, depois aprendi a amar, e sinto muita saudade.Minha casa dava de fundo com a Padaria Famiglia Franciulli no Glicério, os melhores pães que já comi na vida, bom eu escreveria um livro aqui, então melhor parar.
        Me venho a mente algumas pessoas que moraram lá na rua na época que morei, então resolvi “caçar” e caiu aqui nesse incrível site, que já sigo no Facebook.
        Abraço a ti e a todos!

    2. Itaci, boa noite. Sou estudante de arquitetura e preciso de fotos antigas da rua Sinimbu. VocÊ tem algum registro fotográfico antigo dessas casas?

  4. Adorei o post. Poxa parece incrível que esta rua já tenha sido tão bonita e traga tanta boas lembranças às pessoas. Moro na região e infelizmente esta é a situação da região, completamente ABANDONADA pelo poder público. Aqui virou a rua dos moradores de rua, dos drogados e dos trombadinhas, pessoas que não respeitam ninguém, são os “donos da rua”…a barulheira e a bagunça são gerais e diárias!
    Agora com um ponto do BIKE SAMPA na Rua Sinimbu, a molecada faz a festa, usam as bikes como “ergométricas”, todos os dias eles sobem, batem e quebram as bicicletas, assim, o BIKE SAMPA ao invés de trazer lazer e benefícios à sociedade, faz o divertimento dos moleques e trombadinhas da rua.
    É muito triste saber que estando a região nessa situação de abandono, a solução que parece ser mais plausível seria as pessoas honestas e trabalhadoras que moram na região mudarem de endereço, devido à inércia da Prefeitura para tomar uma atitude que melhorasse esta região.

  5. Nasci na rua Sinimbu, morava na casa 229, se não me engano, filho da Norma e Matheus, minhas irmãs Marisa e Solange, sou gêmeos da última irmã. Nos mudamos no ano de 1977 para Carapicuiba (Cohab), meus amigos de infância foram em duas oportunidades nos visitar em Carapicuiba. Pessoas que me recordo, Jurandir (Zizinho), Jaime (Japonês) Abílio, Dona Carmen, Dona Rosalina, Tereza e seu marido formavam um casal de mudos, Akira, Vadão, Dito, Bate Beg, e muitos outros que não me recordo pelo nome Saudades da minha infância.

    1. Sérgio, sou estudante de arquitetura e preciso de fotos antigas da rua sinimbu. Você teria algum registro fotográfico?

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