Residência de Olívia Guedes Penteado

Neste ano em que celebramos 100 anos da Semana de Arte Moderna, não podemos deixar de lembrar aquela que foi uma das principais apoiadoras e incentivadoras do modernismo e das artes em geral no Brasil: Olívia Guedes Penteado.

Olívia Guedes Penteado (foto: divulgação / colorização: São Paulo Antiga)

Paulista nascida em Campinas em 12 de março de 1872, era filha do rico cafeicultor José Guedes de Souza, mais conhecido pelo título de Barão de Pirapitingui. Olívia Guedes Penteado é descendente de uma importante linhagem genuinamente paulista com antepassados bandeirantes e indígenas.

Casou-se aos dezesseis anos de idade, em 1888, com seu primo Ignácio Penteado vindo então a morar em um lindo palacete em São Paulo no bairro de Campos Elíseos. O projeto de sua residência, construída na virada do século 19 para o 20 foi de nada menos que Ramos de Azevedo.

Residência de Olívia Guedes Penteado (clique para ampliar)

Localizada na Rua Conselheiro Nébias esquina com Rua Duque de Caxias (atualmente uma avenida com o mesmo nome) a residência era uma ampla construção eclética em um dos melhores endereços da São Paulo daquele tempo. O imóvel possuía dois andares, além de porão habitável e uma cúpula que ficava bem na quina do imóvel, onde se dava a junção das ruas. A entrada da casa se dava por um grande portão na Rua Conselheiro Nébias onde através dela se dava acesso ao jardim e também às dependências da residência.

Amante das artes Dona Olívia Penteado mandou construir na década de 1920 um pavilhão na área do seu jardim para abrigar seu acervo de obras modernistas, uma vez que ela acreditava que o interior da sua casa era clássico demais para abrigar obras de viés mais moderno. O teto do pavilhão era adornado com uma obra do artista Lasar Segall.

Mulher excepcional com atuação não só no mecenato como também na Revolução Constitucionalista de 1932, onde lutou por melhores condições de vida para viúvas e órfãos de voluntários, Olívia Guedes Penteado viveu em seu palacete até o final de sua vida, vindo a falecer em 9 de junho de 1934, vítima de apendicite.

Nota sobre o funeral de Olívia Guedes Penteado (Correio de S.Paulo – Edição de 11/6/1934)

Após seu falecimento o imóvel sofreu algumas alterações pontuais, com a abertura de uma porta bem na quina da casa. Apesar de não termos dados se a casa a partir dai passou a ser de uso comercial ou continuou como comercial o fato é que em 1943 a casa foi demolida para dar espaço à reformulação viária da região, que duplicou a Rua Duque de Caxias, transformando-a em avenida.

Os projetos de Prestes Maia para a região previa outras modificações viárias, contudo isso não ocorreu. Assim alguns anos depois da demolição da casa o terreno foi vendido para uma construtora que ergueu no local um dos hotéis mais emblemáticos da São Paulo antiga: o Comodoro. Com isso foi o fim da linha para o palacete de Olívia Guedes Penteado.

Na foto o Hotel Comodoro

CURIOSIDADES:

1 – Se a casa não existe mais, há uma lembrança do que representou o Pavilhão Modernista para as artes, com a instalação de uma placa do projeto Memória Paulistana por parte da Secretaria Municipal de Cultura e do Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo (DPH).

2 – Ao lado da residência de Olívia Guedes Penteado na mesma Rua Conselheiro Nébias residia seu neto, Goffredo da Silva Telles. Curiosamente seu sobrado apesar de muito descaracterizado ainda existe, inclusive com o seu portão original. Nos próximos dias vamos publicar uma pauta dedicada a ele.

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Respostas de 5

  1. Quando o edifício foi erguido, em fins da década de 40, a região ainda era uma beleza! Acho que ficou assim até, pelo menos, meados da década de 70. De uns 40 anos pra cá…
    Mas lamento a destruição da residência. Uma pena mesmo.
    Dentre as casas de famosos que eu já entrei em Sampa, estão: a casa do Mário de Andrade, na Barra Funda; a de Dona Yáyá, na Bela Vista; a do Gulherme de Almeida, no Pacaembu/Sumaré e de um parente aí da Dona Olívia: a mansão do Álvares Penteado, a chamada Vila Penteado, em Higienópolis.

  2. Oi, Douglas
    Que matéria incrível, parabéns!Sempre aprendo muito por aqui. No finalzinho da matéria você se refere ao Godofredo da Silva Telles como neto da Olívia Guedes, mas acredito que ele tenha sido seu genro, esposa de sua filha Carolina… Já peço desculpas caso eu esteja enganada.

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