Costumo dizer que São Paulo é tão fascinante quando o assunto é casa antiga que, a cada saída para pesquisar novas casas posso me surpreender encontrando casas que não tinha visto antes, mesmo passando por diversas vezes naquele bairro.
É o caso do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, que é uma região que visito com muita frequência e que, sei lá como, ainda não tinha observado essa construção simplesmente maravilhosa:

Localizada na rua Agostinho Gomes este magnífico palacete antigo, construído nas primeiras décadas do século 20, é daquele tipo de imóvel que ao passar na frete tive que parar, estacionar e ficar contemplando por longos minutos, antes de começar a fotografar. É, simplesmente, de tirar o fôlego.
Embora não tenha sido possível (até este momento) precisar sua data de construção, posso afirmar que ele já existia ao menos desde a segunda metade da década de 1930. Isso é possível devido ao fato de o número da casa já ser o mesmo da atualidade e a residência possuir à época número de telefone, conforme a imagem abaixo extraída do Livro Vermelho dos Telefones para o biênio 1937-1938:

No imóvel residia José Lettiere Napoli cujo sobrenome permanece nos residentes atuais do imóvel, o que indica que a preservação do imóvel passa pela tradição familiar. Não encontrei referências em pesquisas que fiz com esse nome do meio “Lettiere” já o retorno com apenas José Napoli retornam vários resultados por se tratar em um nome relativamente comum entre imigrantes italianos e seus descendentes.
Não posso afirmar que seja esse, mas o José Napoli mais bem sucedido de São Paulo na época em que este palacete for construído era o dono da “Typographia Paulista” escrita da época, cuja empresa ficava na rua da Assembleia, na região central de São Paulo e tinha por contrato impressos das Indústrias Matarazzo.

Voltando para a residência, é impossível não deixar de notar o quanto ela é bem preservada em todos os seus mínimos detalhes, mostrando o esmero de seus proprietários. Desde o muro junto à calçada até o telhado tudo é cuidado com muita dedicação. Destaco a sacada peculiar, a fachada com tijolos aparentes e os adornos ao redor de janelas, vitrôs e até sob os balaústres da sacada.
Outro detalhe que me chama muito a atenção é a “caixa selecta” que é um compartimento para que fornecedores de carne, leite e pão deixem o mantimento para a família depois retirar. Era comum que leiteiro e outros entregadores tivessem uma cópia das chaves para poder deixar seus produtos ali armazenados.

Enfim, esta casa para mim é uma das mais bonitas de toda a Cidade de São Paulo. Sei que a capital paulista tem milhares de residências, muitas realmente interessantes, mas essa toca meu coração de jeito. Não é uma mansão gigante, nem uma casa geminada, é um palacete no tamanho certo para uma família residir ali, e tenho certeza que José Napoli foi muito feliz ali dentro.
Veja mais fotos deste palacete (clique na miniatura para ampliar):





Respostas de 6
Bom dia, Douglas.
Foi meu avô q construiu essa casa. O nome dele era Francisco Napoli, como o meu. José Napoli era o terceiro filho dele e não me consta q no nome dele tivesse o Lettiere, q era o sobrenome de minha avó.
Esse palacete, como você o chamou, recebeu um prêmio de arquitetura em Londres.
Tenho uma revista com várias casas q meu avô projetou e construiu em São Paulo.
Abs. Francisco Napoli
napolifn42@gmail.com
Vi sua publicação de 01/07/2024 aob o titulo: Palacete da Familia Napoli. Fiquei feliz de ver a casa que meu avô construiu. O artista dessa obra de arte chamava-se Francesco Napoli, italiano nascido na Sicilia, que imigrou ainda jovem para o Brasil. O Palacete ainda esta na familia. Grato por seu trabalho.
Essa prolongação curva da sacada faz todo um lindo diferencial: parabéns pelo bom gosto! Nunca havia visto esta ideia antes.
Como não se encantar por essa beleza , fiquei encantada .
lindo,maravilhoso! e faz muito bem aos olhos ver imóvel,tão bem cuidado.parabéns aos proprietários pelo esmero e bom gosto! e douglas, seu texto sobre o imóvel,descreveu o sentimento de muitos, que leram esse artigo! sinto que foi com o coração,que escreveu estas palavras.