Pequena e tranquila cidade do Vale do Paraíba, Paraibuna é um lugar fácil de se apaixonar. Seja pela graciosidade de suas construções históricas, pela simpatia de seu povo ou ainda pelas guloseimas típicas de interior que são encontrados em seu precioso mercado central.
Estive em Paraibuna recentemente para preparar uma nova sessão para o site, focada em municípios do interior paulista, quando me deparei com esta jóia que resolvi antecipar publicando antes do restante da cidade:
Segmento cuja arquitetura é pouco preservada no Brasil, os postos de combustíveis também são fonte de história e estudos da arquitetura. A grande maioria destes estabelecimentos que foram preservados em todo o estado paulista, são basicamente frutos de design desenvolvido no exterior, a partir de gigantes como Shell e Atlantic.
O posto acima é uma adorável exceção. Sua arquitetura ao invés de nos remeter ao padrão que muito vemos em filmes de época americanos, nos transporta para as linhas modernas do grande arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.
É claro, não foi ele quem projetou esse posto. Mas a construção de Brasília inspirou arquitetos por todo o país e fez escola no mundo tudo. Não é difícil encontrar em bairros paulistanos e até de outras cidades casas com esse moderno ´V´ (foto acima) que adorna esse estabelecimento.
De acordo com o que foi possível apurar trata-se do posto de combustíveis tido como o mais antigo da pequena Paraibuna. Não é a toa que a Praça Antônio N. Santos, onde ele se encontra, também é popularmente chamada de Praça da Bomba, em referência a antiga bomba de gasolina que havia ali.
Até alguns anos atrás havia uma placa na parede do posto onde era possível ler o nome que fazia referência à bomba. É possível que em meados dos anos 1960 o velho posto da bomba tenha sido modernizado para esta bela construção que perdura até os tempos atuais.
Em 1932 existiam duas bombas de combustíveis na cidade¹, sendo essa e mais outra no Largo da Matriz.
Há muitos anos operando sem bandeira², era até a cerca de 20 anos atrás chamado de Posto Fonte Luminosa, quando tinha um pintura com as cores vermelha, branca e cinza³. Posteriormente o estabelecimento recebeu nova pintura em tons de branco e azul, sendo renomeado para Bomba do Agenor, e depois Amigos do Agenor.
Mais recentemente recebeu as cores atuais, em amarelo, branco e azul, porém sem qualquer identificação do nome do estabelecimento.
Além do atrativo ímpar da arquitetura única que o posto possui, chama muito a atenção as suas quatro bombas de combustíveis, todas elas antigas. Na pista são duas bombas de diesel, uma de etanol e outra de gasolina.
Este posto de combustível é um patrimônio da cidade e deve ser não apenas preservado, como tombado. Faço votos que se mantenha funcionado e recomendo a quem estiver por ali – seja a passeio ou morador – que prestigie o estabelecimento.
E fica uma pergunta que caso alguém saiba a resposta, envie para nós: Quem seria o Agenor ?
Veja outras fotografias (clique para ampliar):
Notas:
1 – De acordo com o livro Parahybuna, de João Netto Caldeira, em 1932 havia também uma outra bomba de gasolina no Largo da Matriz. Esta ficava dentro da Officina Mechanica Autorisada (grafia da época) que além de prestar serviços mecânicos para as marcas Ford e Chevrolet, possuía uma bomba com gasolina da bandeira Atlantic.
2 – Bandeira é o nome que se dá a marca que está no posto de combustível, exemplo: bandeira Petrobras, bandeira Shell etc.
3 – Um morador com que conversei afirmou que a bandeira do posto nesta época era da extinta São Paulo. Embora as cores sejam próximas a desta rede não encontramos referências para referendar o testemunho.