A Editora Desacato lança no próximo dia 12 de abril, a partir das 16h, na Livraria Ugra, o livro “Silki – Um tratado sobre a arte do faquirismo”, que reconstrói a trajetória de Adelino João da Silva, o Fabuloso Silki — figura central de uma arte quase esquecida, o faquirismo. Em São Paulo, Silki viveu algumas de suas performances mais extremas e realizou sua última prova pública em 1980, encerrando uma carreira marcada por feitos radicais, provocações e enorme repercussão popular.
O evento de lançamento contará com um bate-papo entre os autores e convidados especiais ligados à cena da modificação corporal, como André Fernandes e Emilia Aratanha, além de sessão de autógrafos.

UM ARTISTA QUE DESAFIAVA OS LIMITES DO CORPO
Escrito pelos pesquisadores e cineastas Alberto Camarero e Alberto de Oliveira, “Silki – Um tratado sobre a arte do faquirismo” ilumina a história de um artista que desafiava os limites do corpo humano em provas de jejum extremo, convívio com serpentes, enterros ao vivo e crucificações públicas. Silki popularizou o faquirismo no Brasil nas décadas de 1950 e 1960, tornando-se um fenômeno de audiência e tema recorrente na imprensa da época.
Com 272 páginas e ampla iconografia, a obra traz documentos inéditos, fotografias, cartazes, entrevistas e um manuscrito autobiográfico do próprio faquir. A pesquisa, realizada ao longo de 12 anos, reconstrói uma prática que mesclava espetáculo, religiosidade popular e resistência física. O livro também revisita o impacto cultural e midiático do faquirismo, traçando paralelos com a performance corporal contemporânea. A publicação está disponível em lojas digitais e pode ser adquirida também pelo e-mail: alberto1992oliveira@gmail.com
Criada em 2021 por Camarero e Oliveira, a Editora Desacato dedica-se à memória da cultura underground brasileira, com obras como “Eloína, muito além das curvas” e “Divina Valéria”, além de produções audiovisuais ligadas aos temas de seus livros.

SOBRE OS AUTORES E CONVIDADOS:
Camarero e Oliveira mantêm o canal e perfil “Os Albertos Apresentam”, onde resgatam histórias de personagens marginalizados da cultura popular brasileira, como vedetes, faquiresas, artistas circenses e burlescos, cantores de rádio e dançarinas exóticas.
Participam do bate-papo de lançamento:
● André Fernandes – Piercer desde 1998, fundador da Millennium Piercing & Co, presidente da APPBR, membro da APP (EUA), ASTM e fundador do GEP. Palestrante em eventos na Espanha, Alemanha e México.
● Emilia Aratanha – Mestre em História (PUC-SP), tradutora do GEP, pesquisadora da alteridade (área que estuda a relação com o outro) e atuante no meio da modificação corporal desde 2009.
UM HERÓI NACIONAL:
“O Silki chega e rouba a cena, faz do faquirismo uma profissão, se torna um herói nacional. Se autopromovia muito bem, falava com eloquência, tinha orgulho do que fazia”, comenta Alberto Camarero.
Segundo os autores, a trajetória de Silki é inseparável da cidade de São Paulo, onde o faquir se apresentou em diferentes momentos. “Em 1957, ele faz uma prova de 107 dias de jejum e quem fecha sua urna é o Ademar de Barros, então prefeito de São Paulo. Isso mostra a importância do evento. Depois, volta em 1969 com uma performance no Cine Rivoli, e segue até 1980, quando realiza sua última prova no largo do Paissandu, jejuando por 115 dias aos 60 anos. Esse tempo em cena também faz dele o maior faquir do Brasil”, conta Alberto de Oliveira.

O livro cobre toda essa trajetória, do início no circo, passando pelo primeiro recorde em 1955, no Rio de Janeiro — quando o então presidente Café Filho visitou a urna do faquir — até o encerramento da carreira em plena capital paulista, em 1980.
“Era um espetáculo muito popular. O público era diverso, mas essencialmente adulto. Crianças quase não apareciam nas fotos, e geralmente nem podiam entrar. Silki montava sua estrutura em praças movimentadas, perto de rodoviárias ou mercados, e cobrava ingressos baratos. No interior, virava atração da cidade”, completa Camarero.
Alberto de Oliveira reforça a projeção midiática do faquir. “Artistas famosos, como Aracy de Almeida e Mazzaropi, faziam questão de tirar fotos ao lado da urna. Prefeitos de várias cidades do interior também. Era quase uma obrigação: a imprensa dava muito espaço. Alguns jornais compravam a cobertura da prova e faziam um verdadeiro diário do faquir — diziam se ele tinha passado mal, se estava bem, se a cobra o mordeu. Entrevistavam médicos, inventavam tensões. Era o Big Brother da época.”
Com o tempo, o interesse da mídia foi diminuindo, mas, como lembra Oliveira, a última apresentação de Silki ainda teve grande repercussão. “Em 1980, o Jornal Nacional cobriu a prova e o Fantástico fazia matérias semanais sobre ele.”
Serviço:
📍 Local: Livraria Ugra – Rua Augusta, 1371, loja 116, São Paulo – SP
📅 Data: 12 de abril de 2025
🕕 Horário: A partir das 16h (sessão de autógrafos e bate-papo)
🎟 Entrada: Gratuita
Sobre a Livraria Ugra:
Criada em 2010 como um projeto de fomento e divulgação das culturas alternativas, a Ugra (@ugra _press) se consolidou, a partir de 2015, como livraria, editora e produtora de eventos. Localizada na Rua Augusta, é reconhecida nacionalmente por seu extenso acervo de quadrinhos brasileiros contemporâneos e por ser um espaço de valorização das produções independentes. Entre as publicações lançadas por seu selo editorial estão obras de autores como Angeli, Laerte, Rogério de Campos, Gabriel Dantas e Thiago Souto. A Ugra também organiza feiras culturais de destaque, como a “Bruxa Solta” (terror), “Alt Toys” (brinquedos autorais) e “Ogra” (HQs independentes).
Uma resposta
Eu o vi no Largo do Paissandu. Ele ficou muito bravo com um rapaz que entrou na tenda comendo um hamburguer para provoca-lo. Foi hilário.