Um achado bem interessante em um importante e já extinto jornal de São Paulo, a célebre “A Gazeta” de Cásper Líbero:
Na matéria, um clichê (foto) com diversas mulheres e alguns homens diante de uma linha férrea, em um texto onde o jornalista explica o que seriam as diferenças na visão dele entre o “feminismo teórico e o feminismo prático”.
O texto em si pode ser bastante controverso aos dias de hoje, mas temos que entender que em 90 anos (a matéria é de 1929) a visão e a compreensão das coisas, inclusive do feminismo, mudou muito. Mas o que chama mesmo a atenção é onde o texto explica que as mulheres da foto são, na verdade, operárias encarregadas das obras de ampliação da ferrovia sorocabana, no trecho entre Mairinque e Santos.
O chamado ramal Mairinque-Santos foi projetado ainda no século 19 pela extinta companhia da Estrada de Ferro Sorocabana, com a finalidade de ligar o interior paulista ao movimentado porto santista, quebrando assim o monopólio da São Paulo Railway.
As obras só se iniciaram em 1929, sendo concluídas em 1937 entregando ao todo 155 quilômetros de extensão.
O interessante agora é saber que parte desta importante ferrovia foi construída, de acordo com o texto, predominantemente por mulheres. E algumas delas, como é possível observar na única fotografia disponível, são bastante jovens e provavelmente menores de idade. Retrato de uma época onde era bastante comum ver crianças em postos de trabalhos que deveriam ser ocupados por adultos.
Um importante achado que revela ainda mais a força da mulher na contribuição ao progresso paulista.
Bibliografia:
- A Gazeta – Edição 07154 – 25/11/1929 – pp2
Saiba mais:
Respostas de 8
Ótimo artigo. O acervo do antigo jornal A Gazeta está disponível no Arquivo do Estado?
Olá Nilton, digital que eu saiba não. Mas vou verificar e te respondo aqui.
Parabéns por resgatar a memória. Gosto muito das publicacoes da SP Antiga.
De alta importância histórica.
Sensacional!
Obrigado Douglas.
Nessa época acho que era difícil esse tipo de serviço para mulheres.
Mas minha avó materna trabalhou por muitos anos em Fábrica, no setor de Limpeza.
Não reclamava mas comentava do trabalho ser pesado.
Muito bom mostrar essa parte da nossa História.
Mulheres fortes e corajosas! Obg Douglas pelo resgate histórico, comemorativo do mês…
E ainda dizem que mulher é o sexo frágil, que nada, quando chamadas não fogem à luta.