O distrito do Jaguaré foi projetado e construído pelo engenheiro Henrique Dumont Villares em 1935. Dono da Sociedade Imobiliária Jaguaré, Villares dividiu a região em áreas residenciais, comerciais e industriais, e incentivou sua ocupação, consolidada após a construção da ponte do Jaguaré, sobre o rio Pinheiros.
Nas décadas seguintes, atraiu centenas de fábricas, tornando-se um dos distritos mais industrializados da cidade. O lento crescimento econômico registrado na década de 1980 afetou profundamente o distrito, que perdeu grande parte de suas empresas. Conserva-se até hoje, no entanto, como importante centro industrial, ao mesmo tempo em que assiste ao crescimento do terceiro setor.
CONTEXTO HISTÓRICO DO BAIRRO:
O Jaguaré foi uma das muitas áreas rurais situadas além dos rios Tietê e Pinheiros cuja ocupação e exploração só se iniciou após o expressivo crescimento do parque industrial paulistano e da explosão demográfica a que a cidade assistiu a partir das primeiras décadas do século 20.
Por volta de 1925, alguns imigrantes europeus encontram-se instalados nos arredores do futuro distrito, ocupados por fazendas, sítios e chácaras. A região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 165 alqueires, pertencente à Companhia Suburbana Paulista, empresa responsável pelo loteamento de terras, fundada por Ramos de Azevedo.
O nome “Jaguaré” deve-se ao ribeirão homônimo, que nascia em Osasco e cortava a região até desembocar no rio Pinheiros. O vocábulo tem sua origem no tupi-guarani e significa “lugar onde existem onças”, em referência aos felinos (em tupi-guarani, “jaguar”, ou “jaguaretê”) que habitavam as matas dessa região.
A HISTÓRIA DA BUNGE NO BAIRRO:
Em 1962, dois anos após iniciar a construção da fábrica de óleos de Maringá, no Paraná, a SANBRA dá outro passo em direção à consolidação de seu parque industrial como o mais moderno e completo do País: inaugura um complexo de fábricas no bairro paulista do Jaguaré.
Num terreno de 200 mil m² foi construído o conjunto de prédios que cobrem 40 mil m². Além das várias unidades industriais, o novo parque já contava com um laboratório central, onde passaram a ser feitas as pesquisas para o desenvolvimento dos produtos da SANBRA.
Nessa nova unidade industrial começaram a ser produzido só óleos refinados, gorduras, margarinas e sabões, utilizando como matérias-primas óleo de algodão (foto abaixo), milho, amendoim, babaçu, girassol, mamona e, mais tarde, óleo de soja.
Todas as instalações para a fabricação de produtos industriais que faziam parte da refinaria do Tatuapé foram também transferidas para o novo parque industrial do Jaguaré.
Além disso, foram montadas instalações para hidrogenação de óleo de mamona, introduzindo nos mercados nacional e internacional as ceras artificiais para a destilação de ácidos graxos de óleos vegetais e para a produção de imidazolinonas, destinadas ao tratamento de águas.
No Jaguaré, passaram a ser produzida as gorduras para indústria alimentícia – “Sanax”, “Sanel”, “Sanos” e “Sanalac”, e produtos emulsionantes. E ainda, um toque de modernidade: junto ao parque industrial foi instalado o controle degustativo de qualidade de óleos comestíveis, gorduras e margarinas.
E para completar o parque industrial, a SANBRA adquiriu em frente ao complexo do Jaguaré, uma fábrica de extração de óleo de mamona utilizando solventes.Ou seja: o parque industrial do Jaguaré tornou-se uma síntese de todas as principais atividades industriais da empresa.
Nesse ano de tantas novidades, a SANBRA continuava a fabricar o óleo “Salada”, complementado pelas marcas “Ya-Yá”, “Delícia” e “Rico”. A margarina “Delícia” líder de mercado já tinha uma companheira: “Primor”. E os sabões “Espumante” e “Dileto” faziam sucesso nas prateleiras dos primeiros supermercados.
Em 2024, celebramos 89 anos do bairro do Jaguaré e 62 anos de história da Bunge na região.
Respostas de 8
Que matéria maravilhosa! Digna desta empresa tao conceituada! Trabalho como vendedora de produtos para uso industrial e tenho a honra de fornecer e atender esta empresa.
Parabens
Excelente material. Muito boa a reportagem e imagens.
Gostei ver o óleo nas latas.
Até pouco tempo atras, a gente ia nos supermercados, e o óleo de cozinha era nas latas.
Hoje o óleo esta em vasilhames de plásticos. É péssimo, quando estoura, é uma lástima! Lástima também para o meio ambiente para ser descartado.
Deveria voltar novamente as latinhas de óleo, manteiga, margarina etc. etc. A gente aproveitava até para plantar algumas folhagens e decorar a casa.
Ótimo esse acervo,mas gostaria de saber mais setiver no alcançe de materia de 1973 com relação/ao balão do jaguaré,situado na Praça Henrique Dumont Villares, donos, empregados,imobiliária etc
Aguardo retorno
Olá, gostaria de saber a fonte das informações da matéria.
Aguardo retorno,
Obrigada,
Ariane
Saudades, trabalhei na Sanbra Jaguaré (escritório) em 1971 e gostei demais!
Meu avô trabalhou na Sanbra! Ele era jardineiro! Minha família tem muita gratidão por essa empresa! ❤️
Essa antiga unidade da Sanbra, depois Bunge, desde 2022 é uma unidade do Grupo JBS.