O centro de São Paulo, é verdade, já teve dias melhores. E houve uma época em que a área mais desejada dessa região de São Paulo era o chamado “centro novo”, além do triângulo histórico, que é a região compreendida pela Praça da República e proximidades, como as avenida Ipiranga e São João, a rua Bento Freitas e o Largo do Arouche.
Foi justamente neste período áureo do centro novo que surgiu a necessidade da construção de uma sede moderna e ampla para o departamento de São Paulo do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SP). O local escolhido foi na esquina das ruas Bento Freitas e General Jardim.
Para erguer a nova sede foi da instituição, que até então ficava na rua Major Diogo, foi feito um concurso de projetos com a participação de arquitetos em grupo. O trabalho vencedor foi do grupo do arquiteto Rino Levi, que também contava com os nomes de Roberto Cerqueira César e Zenon Lotufo, entre outros.
Com o início das obras, ainda no ano de 1947, esperava-se a conclusão do edifício antes da virada para a década de 50. Contando com a colaboração financeira de seus associados e de outros abnegados, o edifício sede do IAB-SP foi rapidamente erguido e inaugurado em 28 de maio de 1949.
A partir dai o departamento de São Paulo do IAB passou a contar com uma sede própria compatível com o tamanho e importância de sua instituição, não demorando para o local se transformar em importante palco para exposições, eventos e exibições de filmes sobre urbanismo.
Com o tempo, porém, a região do centro novo, especialmente no trecho onde está o edifício, começou a sofrer com a decadência, o que também afetou a frequência a sede do IAB-SP.
Isso somado a novos espaços destinados a arquitetura e o envelhecimento e falecimento dos frequentadores antigos, trouxe uma deterioração do edifício. Esta deterioração lenta e gradual deixou o prédio que antes era um grande modelo de arquitetura moderna em péssima aparência.
Abaixo, fizemos um comparativo entre duas épocas do prédio tiradas a partir da rua General Jardim. Na primeira vemos o IAB-SP em 1951 e na segunda imagem em setembro de 2015.
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As imagens mostram como o entorno do IAB-SP mudou drasticamente nos últimos 64, que é a distância de tempo entre as fotografias.
Podemos notar que tanto as ruas General Jardim como as mais próximas eram dotadas basicamente de imóveis térreos e residenciais, inclusive sendo o prédio do IAB o primeiro da região. Observem que ao fundo há apenas um outro prédio sendo construído na rua Amaral Gurgel, mais ao fundo.
Apesar de atualmente apresentar-se bastante deteriorado, o edifício sede do IAB-SP encontra-se em reforma para voltar aos velhos tempos. Será ótimo ver novamente este prédio chamando a atenção na região pela sua beleza, não por sua decadência.
Respostas de 11
Parabéns Douglas, pelo seu trabalho.
Seus artigos são sempre enriquecedores!
Abços,
Andréia Queiroz
Esse prédio é lindo mesmo, se não me engano no andar térreo funciona uma livraria, não vejo a hora que acabe essa reforma. Espero também que, na mesma quadra, retirem aquele estacionamento vizinho ao prédio da Aliança Francesa, um galpão improvisado que estraga a rua; aliás, estacionamentos improvisados existem aos montes naquela região.
Salvo engano, essa foi uma das ruas que mais rapidamente mudou depois de 1950, pois desde 1972, quando passei a frequentá-la, já tinha o aspecto atual.
É sempre um patrimônio histórico !
Parabéns ao jornalista que mostra a memória(que é identidade)da nossa cidade!
DOUGLAS: Realmente a foto antiga é de 1951???
Eu estou perguntando porque na foto tem um Fusca que parece ser o “Oval” e os Fuscas “Ovais” só foram lançados em 1953.
Mas gostei da foto.
Eu me perguntei a mesma coisa, mas foi enviada pelo próprio IAB e a data é essa.
Na foto tem um Plymouth Special Deluxe 1948, igual ao meu (exceto pela cor)
Estranho… 😮 😮 😮 😮
Existem 2 fuscas na foto: a de vidro traseiro oval repartido e outro oval inteiriço.O de vidro inteiriço foi lançado em 1953 ou 1954.Eu tive um 1955 que era inteiriço.
Sim, Fábio, como eu disse, os Fuscas de vidro oval só saíram a partir de 1953, teve o modelo “Zwitter” (híbrido em alemão) que saiu entre Outubro de 1952 e Março de 1953 que mesclava o painel do Oval com o vidro traseiro do Split (janela traseira bipartida), mas realmente Fusca Oval em 1951 é beeeeem estranho.
O IAB é testemunha ocular do processo de degradação e declínio pelo qual o centro da cidade se encontra devido à letargia e incúria que reinam nas esferas públicas.