No já distante março de 1962, através de um acordo entre as prefeituras de São Paulo e Milão, ambas as cidades declararam-se por decreto como “gêmeas”.
Através deste decreto em comum, as duas cidades iniciaram uma série de ações com o objetivo de estreitarem ainda mais seus laços. O primeiro gesto, ainda no primeiro semestre, partiu da “irmã” italiana com a inauguração do Largo Brasilia, uma bela e arborizada praça em um bairro requintado da cidade.
A retribuição paulistana viria poucos meses depois em outubro do mesmo ano, quando na ocasião da visita do prefeito milanês, Gino Cassini, à cidade foi inaugurada uma praça como o nome Praça Cidade de Milão (foto ao lado).
O ato foi muito noticiado à época pelos grandes jornais paulistanos e a visita de Cassini bastante festejada pela grande comunidade italiana de São Paulo.
Na ocasião da inauguração da praça o prefeito de São Paulo, Prestes Maia, ainda anunciou a inauguração no local da Fonte Milão que viria a ser um grande monumento para unir definitivamente as cidades “irmãs”.
A obra consistiria em uma réplica, em tamanho dobrado, das famosas esculturas de Michelangelo para o túmulo dos Médicis em Florença. Ao centro, o monumento seria adornado com os brasões de São Paulo e Milão.
Apesar da praça ter sido inaugurada em 1962, o monumento só foi instalado no local quase uma década depois em 1971.
CONSTANTES RESTAURAÇÕES:
De 1971 até os dias atuais a praça e especialmente a Fonte Milão, alternaram altos e baixos. Como parece ser uma praxe nos monumentos em São Paulo, os mesmos são inaugurados e depois deixados à própria sorte, deteriorand0-se rapidamente.
Ao invés de gastar menos com a constante manutenção e limpeza das obras em logradouros públicos, esperam elas ficarem completamente deterioradas para se fazer alguma coisa. Gastando-se assim, muito mais.
Assim sendo, menos de duas décadas depois da instalação da Fonte Milão, foi necessária uma primeira e ampla restauração, com recursos oriundos da iniciativa privada, no ano de 1988 durante a gestão da então prefeita Luíza Erundina.
No entanto, o monumento seria deixado à própria sorte novamente e iria necessitar de uma nova restauração mais recentemente em 2004.
Neste novo restauro, foram gastos (segundo o jornal O Estado de S. Paulo) aproximadamente R$450mil com a total recuperação dos sistemas elétricos e hidráulicos, como também a restauração do conjunto de esculturas. A reforma foi resultado de uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Instituto Italiano de Cultura, que entrou com parte do capital.
Passado apenas 7 anos da segunda restauração da fonte, ela está mais uma vez largada à própria sorte. A constante e notada ausência de guardas civis nos monumentos paulistanos fez com que novamente o vandalismo entrasse em ação. A vítima ? A Fonte Milão.
Todos os instrumentos que são necessários para manter a fonte em constante funcionamento (bicos, motores, bombas) foram roubados.
A situação de abandono persistiu até 2017, quando uma parceria público privada entre a Prefeitura de São Paulo e a multinacional italiana Pirelli, que contou com projeto desenvolvido pelo Instituto Europeu de Design (IED) e ainda com ajuda da empresa Polishop.
O resultado, que felizmente permanece, é este:
Veja mais fotos, com os detalhes da fonte (clique para ampliar):