artigo atualizado em 25/02/2024
O sonho do Corinthians em construir um estádio com dimensões suficientes para acomodar sua imensa torcida era um desejo antigo. O antigo estádio do clube, a popular Fazendinha, nunca atendeu as expectativas.
Foi na metade do século 20 que alguns clubes da cidade de São Paulo viram a necessidade de construírem seus próprios estádios para mandarem seus jogos. O público nos estádios cresciam, mais campeonatos surgiam e apenas o Pacaembu como grande estádio de futebol paulistano já não era suficiente.
O São Paulo Futebol Clube inaugurou seu estádio totalmente concluído em janeiro de 1970. Dois anos depois, em 1972, a Portuguesa inaugurava o seu, depois de uma tentativa frustrada décadas antes. Palmeiras, Juventus e Nacional já tinham seus estádios e o Corinthians, embora com um estádio em sua sede no Parque São Jorge sabia que precisava de algo maior, proporcional ao gigantismo de sua fanática torcida.
Durante o regime militar o futebol foi largamente utilizado como uma maneira de distrair a população dos problemas mais urgentes da nação e largamente manipulado pelos governantes. Em 1970, por exemplo, na inauguração total do Cícero Pompeu de Toledo, o presidente Médici se fez presente.
Mas e o Corinthians ? Como reagiu vendo seus principais rivais erguendo estádios ? O Timão resolveu intensificar sua luta em um espaço para um novo estádio a partir do segundo mandato do presidente Vicente Matheus, iniciado em 1972.
Para realizar o sonho de um novo estádio, Vicente Matheus precisaria de muito dinheiro e de apoio público. A cidade de São Paulo estava em expansão e os preços de áreas disponíveis para a construção de um estádio já não estavam tão acessíveis. Foi então que surgiu em cena a figura do histórico dirigente da Portuguesa e então vereador da cidade de São Paulo, Dr. Oswaldo Teixeira Duarte.
Duarte e Matheus eram muito amigos, o dirigente da Lusa representava constantemente o mandatário corintiano em reuniões na Federação Paulista de Futebol, pela plena confiança mútua e respeito que um tinha pelo outro. E a figura de Oswaldo Teixeira Duarte como político foi fundamental para na segunda metade da década de 1970 aproximar Vicente Matheus do poder e da figura do Presidente da República, Ernesto Geisel.
Com o apoio de Geisel em prol de um estádio para o Corinthians, a região de Itaquera onde futuramente passaria uma linha do Metrô foi planejada para ser o local do novo estádio do Timão, na gestão do então Prefeito Olavo Egydio Setubal. Nascia ali o projeto de estádio do Corinthians que só deixaria de ser sonho para se tornar realmente possível no ano de 2010.
O Estádio do Corinthians:
Após a decisão de Itaquera ser o destino do estádio, todo o planejamento do Metrô para a região já foi previsto com a construção do mesmo. Até mesmo a ampliação da COHAB próxima ao terreno foi planejada tendo o futuro estádio como vizinho, como este blog observou em papéis da Prefeitura do Município de São Paulo que tivemos acesso:
O projeto do estádio do Corinthians já na época foi tão importante para a região que até mesmo a estação Corinthians-Itaquera do Metrô teve seu projeto alterado. A estação inicialmente seria apenas do Metrô, sem transferências para o trem de subúrbio (hoje CPTM).
Esta baldeação ficaria na estação anterior de Arthur Alvim, que seria construída ao lado da estação ferroviária, que já foi demolida. Com a decisão de erguer ali o estádio do Timão, a estação foi repensada não só como terminal da linha do Metrô, como também a derradeira estação de transferência entre este serviço e o trem de subúrbio (estas informações estão também disponíveis no mesmo documento que tivemos acesso).
O tempo foi passando e o estádio do Corinthians nunca chegou a região. Apenas uma pedra fundamental foi colocada no local, mais para garantir a posse do terreno do que para iniciar a construção e o sonho de um estádio foi sendo adiado ao longo de três décadas até que fosse definitivamente retomada no início de setembro de 2010 em meio aos festivos do centenário do Corinthians e também dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.
Como seria o projeto daquele estádio ?
O estádio que foi construído ali é bem menor tanto em dimensões como também na capacidade de torcedores. A realidade imposta pela FIFA hoje é bem distinta das praticadas nas décadas de 1970 e 1980 e com certeza se o estádio tivesse sido erguido naquela época teria dificuldades de ser um estádio apto para o mundial de 2014, similar aos problemas que enfrentou o estádio do Morumbi. A espera pelo estádio, embora longa, foi vantajosa ao Corinthians neste sentido.
O estádio da época previa capacidade para até 200 mil torcedores. Mas como seria este estádio ? Uma das poucas imagens deste projeto conhecida até o momento, é esta maquete:
Mas quase nunca se viu outros desenhos do projeto. E o São Paulo Antiga teve acessos a alguns destes desenhos, como perspectiva aérea, plantas e corte esquemático. Estas imagens você confere a seguir:
1 – Planta geral da Estação Corinthians Paulista (nome da época), estádio e pátio do Metrô:
2 – Perspectiva geral da região:
3 – Corte esquemático do estádio:
4 – Plantas dos três níveis de arquibancada (superior, camarotes e inferior):