Diz um ditado famoso que “o tempo é o senhor da razão”. Essa frase ficou especialmente conhecida pelo Brasil afora quando o então Presidente da República, Fernando de Collor de Mello, caminhou pelo lago Paranoá em 1992 com essa simbólica mensagem estampada na sua camiseta, como quem fosse vencer a disputa pelo impeachment que sofreria dias mais tarde. Como bem sabemos, não certo. Mas o tempo nos controla como o autêntico senhor da razão em muitas coisas do nosso dia a dia e uma coisa em que ele é implacável é com a aparência das coisas.
Vejam o caso da casa acima. Localizada na rua do Oratório, região do Alto da Mooca, a casa é um belo exemplo ação do tempo. Construído décadas atrás com um estilo arquitetônico compatível com a sua época (estimo entre as décadas de 1960 e 1970), a casa está há anos neste estado de “cápsula do tempo”, seja pela aparência cada vez mais de desgaste que a casa ostenta, ou pelo velho Fiat Palio 1999 que acumula camadas de poeira sobre a lataria, essa casa parece um pequeno museu de rua sobre as residências do passado.
Museu de tempos em que morar bem não era viver em pequenos apartamentos de pouco mais 30 m² com paredes de gesso entre os cômodos onde a privacidade é zero. Ou dos tempos em que casas tinham pequenos muros e portões baixos, não verdadeiras muralhas intransponíveis onde vivemos como prisioneiros do nosso cotidiano hostil.
A cada pastilha que cai das colunas ou a cada planta que morre nos vasos da casa a certeza é uma só: que o tempo é implacável com o nosso cotidiano e com nossas vidas.
Em matéria de arquitetura acho essa casa encantadora. As pastilhas em cores azul e amarelo dão um contraste muito agradável entre as colunas e a fachada. O muro baixo, em pedra, nos remete a tranquilidade que era viver em uma residência simples era seguro, enquanto o portão baixo é muito gracioso. Já na garagem o piso de caquinhos vermelhos, uma marca tradicional das casas paulistanas, dá um ar de “casa de vó” para a residência, com o detalhe que sob o carro há uma estrela feita com os mesmos caquinhos e peças inteiras da mesma cerâmica, em cores vermelha, amarela e preta.
O jardim do lado esquerdo originalmente também era feita de caquinhos, mas entre 2012 e 2013 foi substituída por uma cerâmica mais nova, o que não chega a ser um problema. Por fim, no canto direito, há uma escada que leva a um porão habitável.
Que esta casa preciosidade do Alto da Mooca permaneça de pé!
Respostas de 12
Acho linda essa arquitetura. Uma obra não precisa de detalhes elaborados, complicados para ser bela.
Precisa ser apenas funcional, a beleza reside na simplicidade.
Tem uma linda casa bem antiga assim na Rua Tagi, uma vila inteira tombada como patrimônio entre as ruas Cuiabá e Santo Hipólito. A casa do antigo Itaú na Avenida Paes de Barros, e tantas outras passeando pelo bairro da mooca. Inclusive, uma delas, abriga um salão de festas bem ao lado do banco Safra na também avenida paes de barros.. bem no comecinho dela, e a casa que virou um antiquário da esquina da Rua dos Trilhos com a Rua Clark
Uau! Que legal! Passo sempre na frente dessa casa e acho ela o máximo
Ótima matéria,
Bela obra de arte !
Eu passo todo dia em frente dela e fico imaginando quantas histórias tem nessas paredes, sensacional a matéria e a foto, curto casas antigas !
É linda demais! Eu gostaria de morar em uma dessa! É linda, amo! Tda original… Gente; é uma belezura adoro!
Já passei em frente a essa casa, na correria do dia a dia eu não dei o devido valor. Fiquei pasma ao ler a sua matéria, a forma de olhar a nossa volta é tudo! Lindo trabalho que você faz, parabéns!
Quem é o arquiteto?
Muito bacana! Que tal uma casa na Mooca onde vive uma roseira há mais de 120 anos????
Já gostei! Onde?
Queria ver as histórias das casas da rua Ernesto Eugenio Piedade, na vila medeiros.