Quem passava pela avenida Prestes Maia ou mesmo pela rua Brigadeiro Tobias, no bairro da Luz, por décadas acostumou-se por ver um dos maiores prédios da região, com 23 andares, totalmente degradado e ocupado por movimentos de moradia. O que outrora foi símbolo de uma indústria pujante transformou-se no maior exemplo de déficit de moradia da capital paulista. Felizmente, não mais.

Mas, antes de falar sobre como ele finalmente terminou por receber retrofit e virou moraria digna para inúmeras famílias, vamos contar a história dele e um pouco de sua trajetória de degradação.
SÍMBOLO DE PUJANÇA (E DECADÊNCIA)
Construído em 1957 e inicialmente idealizado para ser um hotel, o Edifício Prestes Maia acabou por ser concluído como um edifício comercial, abrigando ali a sede da Companhia Nacional de Tecidos, uma forte empresa do ramo têxtil. A empresa utilizou o espaço até o final da década de 1970 quando a fábrica, seguindo o caminho de outras indústrias, transferiu seus negócios para o interior paulista.
Com a saída da empresa, em um primeiro momento o edifício foi alugado para fins comerciais diversos e, com a falência da Cia Nacional de Tecidos, passou pela mão de diversos proprietários, entre eles o Citibank em 1975 e, finalmente, o empresário do ramo têxtil Jorge Nacle Hamuche na segunda metade da década de 1990.

Hamuche considerava a compra do edifício a concretização de um sonho antigo. No passado ele mesmo havia trabalhado na Cia Nacional de Tecidos e vislumbrou a possibilidade de transformar seu desejo em realidade quando o prédio foi a leilão. O valor baixo de arremate o fez vislumbrar em diversas oportunidades de negócios, como um prédio com diversas salas comerciais para locação e estacionamento no térreo.
Entretanto, como sabemos, nem todo sonho vira realidade e o empresário nunca conseguiu executar seus planos de reabilitar o edifício, que já estava decadente desde o início da década de 1980 e desde 1986 não pagava IPTU. O máximo de uso como escritório que o empresário conseguiu no Edifício Prestes Maia foi como comitê eleitoral dele, para vereador, e para seu amigo e ex-prefeito e governador de São Paulo, Paulo Maluf.
A partir dos anos 2000 o prédio começou a sofrer diversas ocupações por movimentos de luta por moradia enquanto o tributo municipal, nunca pago pelo empresário, atingiu seu ápice em 2015, com R$ 9,1 milhões. Foi quando a prefeitura decidiu tomar de vez as rédeas do prédio, já transformado em segunda maior ocupação da América Latina e iniciar as tratativas pela desapropriação, para posterior transformação em moradia.
Hamuche refutou tanto a ideia de perder o prédio (ele acreditava ser inviável virar moradia) quanto nos valores propostos pela desapropriação. O empresário e seu sócio, Eduardo Amorim, propunham R$ 27 milhões enquanto a prefeitura ofereceu (e depositou em juízo) R$ 14,6 milhões, encerrando a longa disputa.
O RECOMEÇO

Transformar o prédio em um edifício residencial digno para as famílias que lá moravam foi um longo processo que iniciou-se com a desapropriação pelo então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). No entanto após sua saída do cargo seus sucessores João Doria e Bruno Covas, ambos do PSDB, pouco o nada fizeram para a reforma se iniciar. Apenas em 2022, já na administração do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que o processo de reforma e retrofit se iniciou, sendo concluído em de 2025.
Ao custo de R$76 milhões o Edifício Prestes Maia foi reinaugurado em 7 de abril de 2025 totalmente reformado e apto para receber as 287 famílias, sendo ao todo mais de 1000 pessoas que passam a residir no prédio desde já.
Segundo o prefeito paulistano “Esta entrega traz vários ganhos, o ganho de poder ter essas famílias atendidas com a política habitacional, o ganho da revitalização do centro, poder ter pessoas inclusive trabalhando aqui nos setores de gastronomia, de hotelaria, todos os setores aqui do Centro de São Paulo, então estou estou bastante feliz”. Além do Edifício Prestes Mais outros prédios no centro estão no alvo da prefeitura para serem retrofitados e destinados à moradia, como os edifícios Bandeira e José Bonifácio.
Veja na galeria abaixo mais fotos Edifício Prestes Maia totalmente renovado:
Crédito: Edson Lopes Jr (SECOM-PMSP)






Uma resposta
Um bom começo para amenizar a questão da moradia. Foi bom conhecer esse projeto de sucesso!