Um gigante de concreto nas confluências da Avenida Cásper Líbero e Ipiranga. Esta é uma definição bastante simplória para aquela que é uma das grandes obras do arquiteto Oscar Niemeyer na Cidade de São Paulo.
O nosso ilustre arquiteto, falecido em 2012, projetou este edifício em 1951 e que, por sua importância e grandiosidade, seria inaugurado em 1954 tornando-se parte das celebrações do IV Centenário da Cidade de São Paulo. A obra foi elaborada no escritório paulistano de Oscar Niemeyer, que era dirigido pelo arquiteto e historiador Carlos Lemos.
O Edifício Montreal ocupa uma área construída de 41.600 m², e possui uma arquitetura bastante peculiar devido ao formato do terreno do prédio que não é amplo e fica em uma esquina. A obra soube aproveitar o máximo do terreno com muita maestria.
O anúncio abaixo, divulgado nos principais jornais paulistanos em 1953, apresenta o edifício a seus potenciais compradores. A entrada partia de Cr$25.000,00 com unidades à venda a partir de Cr$280.000,00.
A rapidez na aprovação do projeto e a execução da obra com os mínimos detalhes sendo acompanhados de perto por Niemeyer, deve-se a importância da construção deste empreendimento na época, para a cidade. Era um período de grande transformação urbanística e de desenvolvimento para a capital paulista, que se firmava cada vez mais como uma das grandes metrópoles mundiais.
Muitas das peças publicitárias veiculadas nos jornais da época, mostravam a figura do arquiteto ao lado do Prefeito Prestes Maia, em uma tentativa de vincular a modernidade de Niemeyer ao prefeito, algo que hoje não seria permitido pelas leis atuais.
O edifício era bastante inovador em uma série de fatores, e logo mostrou-se um tanto quanto incompatível com o código de obras municipal, o Código Arthur Saboya, já desatualizado, e que não previa em sua documentação novidades para a época como os dutos de ventilação para banheiros, ao invés de ventilação natural no perímetro das fachadas. Foram entraves burocráticos que por alguns momentos atrasaram o andamento das obras.
Uma vez inaugurado, o Montreal logo tornou-se uma das obras de grande orgulho de São Paulo, tornando-se rapidamente como uma das referências à pujança econômica da cidade e também apresentando a capital paulista como uma cidade de vanguarda arquitetônica no cenário mundial. Além de contar com os traços do arquiteto, o prédio ainda conta em seu interior um painel de Di Cavalcanti.
É importante lembrar que o Edifício Montreal foi inaugurado antes de outras obras famosas de Niemeyer pela cidade, como os edifícios Copan, Triângulo e Califórnia seria inaugurados nos anos seguintes.
Com o passar dos anos e com a degradação do centro da Cidade de São Paulo, o edifício passou a enfrentar dificuldades e hoje mesmo sendo um dos ícones arquitetônicos da capital paulista e do Brasil não encontra-se em bom estado de conservação, sendo fácil de observar por toda sua fachada a necessidade urgente de um processo de restauração.
Veja mais fotos do Edifício Montreal (clique na foto para ampliar):
Ficha Técnica:
Edifício Montreal
Arquiteto: Oscar Niemeyer
Início da construção: 1951
Inauguração: 1954
Incorporadora: Companhia Nacional de Investimentos / Banco Nacional Imobiliário
Área construída: 41.600 m²
Andares: 22
Localização: Avenida Ipiranga esquina com Avenida Cásper Líbero
Respostas de 14
Passei em frente esse predio agora a pouco! minha prima morou no predio montreal varios anos, lembro que eu morava no paraíso e fui passar minhas ferias lá com ela,amo o centro velho de são paulo!
Douglas, estou publicando um material sobre os painéis em mosaico dos anos 50. Gostaria de uma autorização para publicar a propaganda do Edifício Montréal que aparece aqui no seu blog. Pode entrar em contato? Parabéns pelo trabalho.
Oi Isabel, como vai ? Fique a vontade de usar.
Meu pai morou por 12 anos nesse prédio, mas no final de 2012 precisou mudar: o valor dos aluguéis das quitinetes do prédio inflacionou demais, devido á procura pelos coreanos. Fotografei um aviso no elevador, que era bilingue: em português e em coreano! Ao visitá-lo não havia vez que eu não subisse ou descesse com alguém de origem coreana. Como eles raramente cumprimentavam, eu fazia questão de dizer um BOM DIA! ou um OBRIGADO!, de modo a eles irem se acostumando com essas frases básicas da convivência humana. Mas o fato é que meu pai, aposentado, não poderia pagar o valor de aluguel oferecido uma família de aguerridos comerciantes… teve que mudar para Sapopemba…
Quanto está o aluguel no edificio?
Uma amiga morou nesse prédio. Eu o achava escuro demais. Uma das obras do Niemeyer que realmente não me agradou…
Eu sou a amiga que a Rita Palladino disse que morou no prédio. Estava bem sucateado na época e com uma síndica terrível (em todos os sentidos). Não gostei de morar lá. Era escuro, tinha baratas e estava totalmente abandonado. Foi numa época de pouca grana. De qualquer forma, foi interessante ler o texto, pois não sabia que era do Niemeyer. Mas havia uma obra (também abandonada) do Di Cavalcanti logo na entrada. Uma pena que esteja tão abandonado.
Eu só queria, mostrar aos meus amigos, sobre O Joelma, e nada mais
Eu João A. L. 73 anos trabalhei nece predio no ano 1986; faxineiro OK.
Minha tia Maria Dasdores ( Maria corintiana ) morou anos neste edificio,bons tempos eu convivi bastante com ela , moro no interior más ia aí com frequência. Saudades !
Pouco explorada epsta obra de Oscar Niemeyer merece destaque. Adorei seus comentários .
Eu morei nesse edifício conheci meu marido trabalhando la e até hoje ele trabalha no Montreal amo esse lugar.
Pena é que as pessoas não dão valor no que tem que vontade de voltar a morar la de novo.
como estava em 02/24: https://maps.app.goo.gl/aRsFYNJYnercubY66
No apartamento de Carlos fizemos belas festinhas nos idos anos 70, tempo do Madureza no Santa Inês (Pergunte a quem já fez). Bons tempos!!!!