Edifício centenário é renovado no centro de São Paulo

Por cerca de uma década um dos edifícios mais antigos da Avenida Ipiranga, na região central de São Paulo, foi muito reconhecido pelas pichações e abandono.

riomar-antesx

Era sempre muito triste passar na mais famosa esquina paulistana e se deparar com este cenário de descaso e tristeza a qual o imóvel foi relegado. Afinal, além de ser um pequeno prédio com uma arquitetura encantadora, trata-se de um imóvel dos primeiros anos do século 20, época de ouro especialmente da Avenida São João.

Mesmo em mau estado de conservação o edifício chamava muito a atenção.

Fachada da face da Avenida Ipiranga do edifício (clique na foto para ampliar)
Fachada da face da Avenida Ipiranga do edifício (clique na foto para ampliar)

Felizmente a iniciativa privada – sempre ela – providenciou uma grande recuperação no prédio, que incluiu não apenas a restauração e pintura da fachada (o imóvel é tombado com patrimônio histórico de São Paulo), como também uma série de adaptações de modo a permitir novos usos ao edifício. O resultado foi bastante surpreendente.

Recuperação deu novos ares a esquina mais famosa de São Paulo (clique na foto para ampliar)
Novos ares a esquina mais famosa de São Paulo (clique na foto para ampliar)

A reforma serviu para no térreo abrigar um novo centro de compras, com várias mini-lojas vendendo de tudo. Já nos pisos superiores foi aberto um delicioso restaurante de cozinha peruana, o Rio Mar.

Revitalizado o local não só atraiu um novo público para esta esquina como trouxe um grande impulso para os estabelecimentos comerciais que já operavam nas proximidades. “A reabertura do edifício trouxe mais segurança e orgulho para a região”, é o que afirma Luis Cláudio, zelador e morador em um edifício próximo.

Na foto os andares superiores, onde funciona o restaurante (clique para ampliar)
Na foto os andares superiores, onde funciona o restaurante (clique para ampliar)

A cidade precisa muito mais disso! Recomendamos aos nossos leitores apoiarem os estabelecimentos instalados ali, tanto no restaurante quanto no centro de compras. Nosso parabéns a quem tomou a iniciativa da recuperação deste edifício.

Infelizmente, por outro lado, o andar térreo foi pichado apenas dois dias depois da inauguração. Lamentavelmente, o que podemos esperar em uma cidade em que o prefeito Fernando Haddad, sai ele mesmo pichando paredes ?

Sobre o restaurante Rio Mar:

Ceviche, uma das excelências do cardápio do Rio Mar (clique na foto para ampliar)
Ceviche, uma das excelências do cardápio do Rio Mar (clique na foto para ampliar)

Comandado pelos irmãos peruanos Hosler, Michael e Franco Castro Fernandes, que estão na cozinha e no salão, o restaurante oferece a quem anda pelo centro de São Paulo o que há de mais saboroso na gastronomia do país andino.

Entre os pratos mais servidos na casa estão o ceviche (foto acima), o arroz com mariscos e o chicharrón misto. Nas bebidas a casa oferece a tradicional bebida de milho roxo peruano, a chicha morada.

Serviço:
Rio Mar Restaurante Peruano
Avenida João, 610 – Centro
Telefone: (11)3224-8938
Site: www.riomarrestaurante.com.br
Horário: Segunda à domingo, das 12h às 23h.
Serviços: Ar Condicionado, Área para Fumantes, Aceita Cheque, Aceita Cartão, Trabalha com Reserva.

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Respostas de 22

  1. De fato ficou muito bonito! Bela iniciativa! Que pena ver o térreo assim… q pena

  2. Que bela notícia! De certo modo, acho bom que os predios sejam recuperados pela iniciativa privada. Tendo uso comercial (que não descaracterize a construção), provavelmente a manutenção será mais constante e mais eficiente. Ninguem quer ter seu negócio num prédio todo feio e detonado, não é?
    Vou fazer questão de ir ao restaurante Rio Mar, prestigia-los.

  3. As pichações – e não o grafite – são um problema enorme em São Paulo. Não é, porém, um problema específico de militantes de esquerda, como o péssimo artigo citado (onde aparece a fotografia do Haddad “pichando” um muro, sem nem mesmo mostrar o contexto, que era, na verdade, um curso de grafite na Pronatec). A cidade está coberta de pichações de militantes de extrema direita fazendo apologia do nazismo ou com frases racistas. Não há dúvida que a administração Haddad foi muito branda com os pichadores de muros e prédios, assim como foram outras no passado, e que muita gente de esquerda tende a romantizar essa prática abominável. Mas a própria esquerda está dividida nesse sentido. Devemos, agora, culpar toda a “direita” pelas numerosas pichações nazistas na cidade? Ou o centrodireita? Douglas, se a sua intenção não era citar o artigo horrivelmente maniqueísta, carregado de desinformação e de declarado proselitismo de direita da péssima revista online onde a fotografia se encontra, aconselho substituir esse link por outro, com a mesma fotografia ou imagem similar. Há vários. Ao contrário, se queria mesmo remeter ao artigo, neste caso, acabou de perder um admirador…

    1. Roberto,

      Concordo com você em relação ao link, puxei a imagem e não notei para onde linkava. Arrumei pra outra fonte.
      A mim não importa de que mão a pessoa está… se da direita, da esquerda ou do centro. A questão é a gestão atual foi a que mais estimulou o vandalismo na cidade, especialmente a pichação.
      Nenhuma pichação presta!

      1. Obrigado pela resposta, Douglas. Não acredito que a gestão tenha “estimulado” o vandalismo e as pichações, mas, sem dúvida alguma, ignorou o problema, assim como ignorou a questão da preservação dos parques municipais e do verde urbano, eixando que atingisse proporções insuportáveis Nós, do Parque Ibirapuera Conservação, temos lutado e chamando a atenção para o problema quase diariamente, seja na nossa revista online, seja na nossa página Facebook. De qualquer forma, parabéns pelo seu trabalho.

        1. Vocês ai fazem um trabalho ótimo! Nunca vi o Parque em tão boa forma… parabéns.
          Veja bem, não acho que o Haddad tem a pior administração de todas, uma cidade que teve Kassab, Pitta… esses são insuperáveis.
          Porém na gestão do patrimônio histórica essa gestão, em nossa avaliação, foi um desastre. É nesta área que eu atuo e milito.
          O DPH não age não por ser incompetente, que isso eles são não, mas porque não recebe verba da Secretaria da Cultura e nem recebe reposição de funcionários que se aposentam.Lá está largado… uma cidade que tem o enorme potencial que São Paulo tem não pode negligenciar monumentos, pontos e atrações turísticas.
          O centro nunca esteve tão sujo e pichado. Evidente que não é um privilégio da gestão Haddad, mas neste governo esses números só pioraram.
          Por fim, reitero que Haddad até hoje foi um dos caras mais íntegros e corretos que já passou pela prefeitura. Só não foi feliz.
          Aguarde nosso artigo com o balanço da gestão Haddad em relação ao centro e ao patrimônio histórico, que sai dia 15.

    2. Péssimo artigo? Não creio. Ele nos dá algumas pistas do porque a cidade de São Paulo ser tão rejeitada pelos brasileiros, de uma maneira geral. Quem pode gostar de uma cidade cujos habitantes não aceitam seu passado?

      O artigo também nos leva a uma conclusão: a esquerda odeia São Paulo porque São Paulo é o Brasil que deu certo sem ela.

      O link para o artigo é http://sensoincomum.org/2016/10/01/pichacao-monumento-bandeiras/

  4. Sorte que é um bom site sobre São Paulo antiga, e não um site sobre política nem sobre urbanismo. Pois se fosse seria péssimo e sem nenhum embasamento ou preparo. Foco no tema, e se for expandir ou relacionar, que não seja tão raso como foi nesse post.

    1. Lucas

      Não fomos rasos, quem diz isso são os sempre patrulheiros petistas que simplesmente não aceitam que se critique o prefeito.
      Temos sete anos e 11 meses de vida e aqui criticamos todos os prefeitos que passaram pela cidade durante nosso trabalho, como Serra e Kassab (esse último por sinal, muito pior que Haddad). A questão é que a atual gestão foi um DESASTRE para o patrimônio histórico paulistano.
      Nesta gestão monumentos foram destruídos e não foram repostos, monumentos foram pichados como nunca e a verba para o DPH foi uma piada.
      Deixe sua ideologia de lado e pense na cidade, vá (como eu faço) até a Secretaria de Cultura, DPH, Subprefeitura e apure o quanto este cara negligenciou a cidade. Ai você volta pra debater comigo.
      São Paulo terá um novo líder em janeiro… se será bom não sei, vou esperar pra ver. Mas só de não ser o Haddad o cheio já é melhor…

  5. Douglas,
    Sou fã do São Paulo Antiga e, apesar dessa infeliz associação, não deixarei de admirar seu trabalho.
    Quanto ao edifício, ficou excelente. Parabéns aos responsáveis!

  6. Ai, ai, ai. Os patrulheiros do politicamente correto ficaram injuriados, mas não admitem que, sim, muitos militantes de esquerda picham e muito nos seus “protestos”, assim como marginais e membros de gangues.

    Parabéns pelo registro, Douglas.

    A aparência do edifício deu uma vida ao lugar, mas, ainda assim, o entorno está feio com aqueles prédios cinzentos, desgastados (sem pintura) e de arquitetura feia. Tomara que esse edifício, com estética realçada, estimule os próprios usuários (trabalhadores e clientes) e vizinhos a cuidarem do local, e a o pintarem.

    Infelizmente, e põe infeliz nisso, nosso povo não tem cultura de preservação e apreciação da beleza arquitetônica. As pessoas passam anos sem pintar suas casas, mas olha só, um latão de tinta acrílica sai a partir de uns 220 reais, 5l de resina impermeabilizante pode sair a partir dos 50 reais e tinta esmalte (para pintar ferro e madeira, como janelas e grades) sai a partir de 80 reais. São preços bases, de boas marcas e em lojas de atacado de construção (claro, pode variar dependendo do lugar).

    Agora, é só fazer um cálculo simples, 220 + 50 + 80 = 350. Com 350 reais uma família pode deixar sua casa bem pintada, e o pode fazer da seguinte maneira, 350/12 = 29, 20. Ou seja, guardando pouco mais de 29 reais ao mês é possível obter tintas para deixar a “casa nos trinques”. Ah, e uns vasos de flores melhorariam um pouco mais a aparência da casa.

    Então, e por que as pessoas não agem por suas casas? Por que as deixam sujas, desgastadas? Trinta reais ao mês poderiam ser poupados por muitas famílias, mas isso não acontece. Acho que é falta de prioridade, brasileiro não liga para a aparência das casas, ruas, praças e etc…

    1. ANDERSON: Eu acredito que, as pessoas deixam suas casas feias hoje, entre outros fatores, por medo de assaltos, pois uma casa bonita pode ser um “chama ladrão”.

      E quanto ao lugar, lembro que eu até gostava de trabalhar nessa região no fim dos anos 90, pois até gosto do Centrão de São Paulo, o único inconveniente era o horário (das 13:40 às 22:00), porém, mesmo assim, por causa do horário ser meio “barra pesada”, eu gostava de andar a noite no centro sem a muvuca da luz do dia.

  7. Não só não podemos esperar nada do prefeito que sai pichando paredes mas também da própria população que fica décadas olhando impassível o centro ser abandonado, fora destruindo, sem dizer um pio, sem exigir, sem sentar e cobrar das pessoas que elas próprias elegeram. Santa ingenuidade achar que não temos parte da culpa, mas é mais fácil falar que é o prefeito, né?

  8. Seria nesse edifício que funcionou por algum tempo um Bingo chamado Sampa? Gostaria de saber sobre o histórico deste prédio. O que funcionava nele durante os anos. Obrigado.

  9. No térreo funcionava um bar que servia refeições e era conhecido por ser o Restaurante dos Músicos por estar próximo ao Largo Paissandú onde ficava a ordem dos Músicos.

  10. Prezado Douglas. Como sempre tive curiosidade sobre este edifício, fiz algumas pesquisas na internet e jornais antigos e constatei o seguinte:
    Estilo: eclético. Data da construção 1922. Construtora: Companhia Iniciadora Predial. Cliente: Alfredo Laudisio.
    “Em 1922, a Companhia Iniciadora Predial solicitou, em nome do proprietário Alfredo Laudisio, aprovaçãodo projeto e licença para a construção do prédio com piso térreo para uso comercial, mais três pavimentospara apartamentos residenciais e porão. Os apartamentos, um por andar, possuíam três quartos, sala de jantar, cozinha, terraço e banheiro, cujo acesso estava voltado para a Avenida Ipiranga.O imóvel, de esquina, foi concebido em linhas ecléticas e apresenta elaborada ornamentação composta deplatibanda – encimada nas extremidades por frontão curvílineo -, cimalhas, consoles, frisos e molduras nasenvasaduras. Destaca-se, na fachada, a presença de volumes salientes com terminações curvilíneas, que,no terceiro pavimento, formam varandas com guarda-corpos em gradil de ferro ornamental. Nessepavimento, os outros balcões possuem o mesmo tipo de guarda-corpo e, no segundo andar, apresentamguarda-corpos em balaustrada. As fachadas são revestidas de argamassa com bossagens e acabamentorecente em pintura de tinta à base de látex. Servindo ao pavimento térreo há portas de enrolar metálicas.Nos demais pavimentos, as esquadrias, exceto a janela e o óculo (em gradil de ferro e vidraça) localizadosacima da porta de acesso voltada para a Avenida Ipiranga, são de madeira e vidro com duas folhas deabrir e bandeira aparentemente fixa”. (fonte: DPH-USP).
    Uso:
    3º andar: empresa Contabilex Contabilidade – 3º andar – salas 1,2 e 3 (Fonte: Diário da Noite 07/1947). Posteriormente, passou a funcionar também o Instituto de Ensino Radio Eletrônico, fornecendo cursos de manutenção em rádios, funcionando por volta de 1954 a 1958 (fonte: Diário da Noite).
    No 2º andar, funcinava a Sede do Arara Clube entre 1956 a 1958. Em 1956 ocorreu uma batida policial lá em virtude de denuncias de jogos de carteado o que provocou o fechamento temporário do clube. (fonte: Correio Paulista 12/04/1956). Em 1972, uma escola de dança.
    Primeiro andar: ???
    No Jornal Correio Paulistano de 20/07/1952 publicou uma nota de infratores do racionamento de energia, onde entre os relacionados, consta as empresas Cerveja Mossoró e Fechaduras Arouca estabelecidas no número 866 da Avenida, sendo provavelmente as lojas do térreo do edificio.
    Recentementes utilizações já contam em outro link do seu site.

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