Desinfectório Central

São Paulo possui muitas construções grandiosas e interessantes, mas parte delas não são muito conhecidas pela população, entre vários motivos, pelo fato destas edificações estarem um tanto quanto escondidas em meio a selva de pedra paulistana. Um deles é o imóvel que por décadas abrigou o Desinfectório Central.

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Localizado no número 100 da Rua Tenente Pena, o belo edifício fica numa área um tanto quanto “escondida” do bairro, logo após o término da Rua José Paulino. Inaugurado em 1893, o Desinfectório Central foi construído em uma época que o controle de pragas e doenças, bem como o saneamento básico, não eram lá os melhores, e havia-se a necessidade urgente de um prédio público onde fossem deliberadas as funções do serviço sanitário, tal como remoção de doentes para hospitais de isolamento, remoção de cadáveres de pessoas vitimadas por doenças infecto-contagiosas e combate a epidemias.

O desinfectório em foto da década de 1910

A construção do Desinfectório Central ficou a cargo da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo e foi projetada pelos construtores Paul Rouch e J.E. Damergue. O local da construção do imóvel era ocupado por um antigo sobrado, chamado de Bom Retiro. Neste velho sobrado que antecedeu o desinfectório havia a primeira hospedaria de imigrantes da cidade, que possivelmente estimulou as ruas vizinhas a se chamarem Rua “Dos Italianos” e “Dos Imigrantes” (posteriormente a Rua dos Imigrantes seria renomeada para Rua José Paulino).

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O imóvel tem uma arquitetura bastante peculiar, e lembra uma construção fortificada. A primeira vista, a impressão que passa aos pedestres que desconhecem a história do lugar é que ali funcionou algum tipo de quartel militar. O mais curioso é que no período após a hospedaria dos imigrantes e antes da construção do desinfectório ali funcionou a hospedaria militar da Força Pública. Teriam sido os construtores especializados na arquitetura militar ? Como não há dados disponíveis que corroborem ou não esta teoria, ficaremos sem saber de fato.

De Desinfectório a Museu:

Com a reforma do sistema estadual de saúde, iniciado na década de 60, ocorreu a partir de 1967 uma descentralização administrativa e uma reestruturação dos serviços de saúde pública o que esvaziou consideravelmente as atividades do outrora movimentado prédio público. Com isso, surgiu-se um debate a favor da construção de um museu da saúde pública e da figura do antigo diretor do Serviço Sanitário do Estado, Dr. Emílio Ribas. E foi assim que em 1979 foi inaugurado o Museu da Saúde Pública – Emílio Ribas.

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Desde sua criação consagrou-se como depositário de um dos mais importantes acervos documentais da saúde brasileira, composto por documentos textuais, iconográficos, sonoros, audiovisuais e objetos, e representados por séries históricas de documentos da Secretaria de Estado da Saúde, fundos institucionais e pessoais, públicos e privados, referentes à saúde, desde o final do século 19 até o presente. Mantém uma área de exposição com temas relacionados à história da saúde, concebida a partir de seu acervo, cuja visitação a grupos de interesse é feita mediante agendamento.

Enfim ,”escondido” no Bom Retiro encontra-se um dos prédios mais importantes da história da saúde pública em São Paulo e um importante pedaço da memória paulistana. Bem conservado e funcional merece a visita. Foi tombado como patrimônio histórico paulista pelo Condephaat em 1985 (processo 23881/85).

Serviço:
Museu de Saúde Pública Emílio Ribas
Rua Tenente Pena, 100
Bom Retiro – São Paulo/SP
Telefones: (11) 2627-3880

Veja mais fotos do Desinfectório Central (clique na miniatura para ampliar):

Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
Foto: Douglas Nascimento
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Respostas de 11

  1. Bom saber,pois sempre que olhava para esse prédio via ali uma antiga escola…Não pergunte porque, mas era o que pensava.

  2. Muito legal essa matéria ilustrada como sempre com belíssimas fotos ! Trabalho na Barra Funda tão próximo do Bom Retiro e não conhecia essa construção ! Parabéns Douglas e equipe do SPa…abraços !

  3. Adoro história aliada a conhecimento de saúde pública, melhor ainda. Vou agilizar uma visita a esse local que me pareceu maravilhoso e que eu uma paulistana da gema não conhecia.

  4. Parabéns pelo seu trabalho Douglas. Não conhecia essa história do prédio mas, meu avô, entre os anos 50 e 70 e meu tio, entre os anos 60 e 80, trabalharam como motoristas nesta repartição pública. Meu avô como motorista de ambulância, transportava ao Hospital Emílio Ribas e muitos outros hospitais, recém construídos na época do Governo de Adhemar de Barros, em todo estado de São Paulo, muitos pacientes com doenças de notificação compulsória. Daí também saíam, carros para atender o antigo palácio do governo nos campos elísios na Avenida Rio Branco. Já meu Tio, vivenciou uma situação diferente, como você citou, pois o prédio teve destino de garagem dos carros oficiais que serviam a Secretaria do Estado de Saúde do Estado de São Paulo, transportando o secretário de saúde e assessores, assim como pesquisadores, médicos e outros que trabalhavam no Instituto Adolfo Lutz principalmente; assim como outras autarquias do complexo Hospital das Clínicas e Faculdade de Medicina da USP e Faculdade de Saúde Pública. Muitas vezes fui em festas de final de ano, onde as famílias dos funcionários participavam e lá era organizada exposição de carros e caminhões antigos, que serviram aquela divisão de transporte e como você disse, hoje viraram museu. Era muito divertido conhecer tudo aquilo e colegas de trabalho de meu avô e meu tio, almoçar uma saborosa feijoada que o cozinheiro, conhecido como “Bolão” preparava para os funcionários. Boa lembrança de minha infância, bom saber que se perpetuou em museu. Hoje moro em Jundiaí, qualquer dia darei uma passada lá. Obrigado Douglas, pelo seu trabalho e pelo momento de recordação que me proporcionou.

  5. Meu avô nasceu em 1912 em uma residência em frente este prédio, o seu pai, meu bisavô faleceu algum tempo depois de tuberculose, é possível que ele tenha ficado internado neste prédio e depois ao falecer foi sepultado no Araça, mas isso são apenas histórias contadas por meus antepassados, busco pesquisando sobre meu bisavô mas nada encontrei sobre sua morte entre 1913 e 1917.

    1. Parabéns Douglas! Faço pesquisas para complementar a Árvore Genealógica de minha família! Em 1919, uma das minhas tias avós (irmã do meu avô paterno), faleceu nesse local, vítima de bronco pneumonia, atendida pelo Dr. Monteiro Viana e foi sepultada no Cemitério do Araçá!

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