Eu costumo dizer que o primeiro inimigo das casas antigas são seus donos. Alguns podem achar a minha afirmação um tanto quanto dura, mas não é nada mais do que a verdade.
Um rápido giro pela cidade e você encontra um grande número de construções de alto valor para preservação que, entretanto, foram desfiguradas pelos seus proprietários que tem a equivocada visão que modernizar e reformar é melhorar.
Segue um conjunto adorável das Perdizes que é um excelente exemplo:
Localizadas na Alameda Olga, bem próximas a rua Tagipuru, esse conjunto de casas geminadas – originalmente num total de 11 – eram verdadeiras jóias da arquitetura paulistana oriundas da primeira metade do século 20.
Digo eram porque das onze residências dez delas foram alteradas de alguma forma, perdendo suas características originais para receberem adição de garagens, novas esquadrias, remoção de balaústres etc.
Posso afirmar categoricamente que das onze apenas duas respiram ares que remetem a arquitetura original. Sendo que a mais original delas, pasmem, é justamente a casa que se encontra fechada e desocupada.
A outra, uma amarela (foto acima), é a única que foi modernizada realmente com bom gosto que conciliou a arquitetura original com a adaptação à necessidade moderna. Teve uma outra (vide galeria no fim deste artigo) que ficou tão descaracterizada que sequer parece que um dia fez parte do conjunto, enquanto outra recebeu a famigerada pintura texturizada, que ao meu ver não acrescenta em nada a fachada de imóveis antigos.
Estas descaracterizações, tão comuns em nossa cidade, revelam a urgente necessidade da criação de oficinas culturais destinadas a difundir e divulgar a cultura preservacionista, explicando a proprietários de imóveis antigos que ao preservar ele só tem a ganhar.
As prefeituras regionais poderiam ser palco para estas oficinas, com desconto em IPTU aos que aderissem aos projetos.
Confira a galeria dos imóveis citados neste artigo:
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