Atualmente bairro densamente povoado, com trânsito intenso e muita atividade comercial e empresarial, Moema sequer existia no início do século 20. Era uma região de chácaras, ruas de terra e muito mato, basicamente um caminho entre as Cidades de São Paulo e Santo Amaro, à época um município independente.
A grande mudança daquela região então desabitada para um bairro urbanizado começaria pra valer na década de 1920 quando o Raul Loureiro, procurador-geral do fisco paulista, decidiu construir no que hoje chamamos de Avenida Ibirapuera a sua nova residência:
Construída no ano de 1923, tratava-se de uma mansão bastante eclética e espaçosa que logo se transformou em uma referência para a região. Uma das coisas que mais atraiam atenção das pessoas que observavam a residência eram os dois leões que guardavam a escadaria que dava acesso ao imóvel.
O impulso ao desenvolvimento local trazido pelo imóvel de Raul Loureiro logo surtiria efeito e em 1927 uma nova edificação surgiria: A Igreja de Nossa Senhora Aparecida. A partir da paróquia o crescimento deu-se ainda mais e o bairro logo ganharia destaque no cenário paulistano, com o nome não de Moema, como conhecemos hoje, mas de Indianópolis*¹.
O casarão permaneceria como residência por longas décadas, até que em meados dos anos 1970 seria desocupado. A partir deste momento e até seu derradeiro fim seria utilizado como imóvel comercial.
O fim do casarão mais antigo de Moema
Em uma cidade cuja preservação patrimonial é deficiente, nas mãos de pessoas totalmente despreparadas para lidar não apenas com os bens tombados da cidade, mas também de locais históricos de São Paulo, este acontecimento choca, mas não causa muito espanto.
Graças ao alerta do leitor Paulo Araújo, fomos informados na última sexta-feira que o antiga residência de Raul Loureiro, conhecido por ser o imóvel mais antigo de Moema estava sendo demolido:
Desde 1980 aproximadamente, o antigo casarão de Raul Loureiro passou a abrigar uma tradicional pizzaria que funcionou até poucos anos atrás no local, mudando depois para outra rua de Moema.
Na noite 22 de fevereiro de 2015, fomos as pressas até o local para conferir o que estava acontecendo e já encontramos o mais antigo imóvel de Moema em escombros:
Na cidade onde reina o descaso ao patrimônio histórico o fim da linha chegou ao mais importante pedaço da história de Moema. No futuro, pagaremos caro por toda essa negligência e descaso para com a nossa história.
*1 – MOEMA OU INDIANÓPOLIS ?
Embora seus moradores e os paulistanos em geral conhecem o bairro como Moema, até meados da década de 1980 o bairro era conhecido pelo nome de Indianópolis.
A mudança veio apenas em 1987 quando o então prefeito Jânio Quadros atendeu a reivindicação dos moradores e comerciantes da região, acatando a denominação de Moema, através do decreto 24.764 de 15/10/1987.
Respostas de 61
Fico chocado e indignado com a prefeitura de SP e com os responsaveis da preservaçao da cultura, patrimonio e arquitetura e historia da cidade. O que podemos fazer todos juntos para evitar que daqui ha 30 anos ou antes nao haja mais quase nenhuma casa ou predio antigo vitima da especulaçao imobiliaria e corrupçao do proprio governo? Alguem tem alguma ideia objetiva por favor? Vamos nos unir e lutar juntos???
Se o casarão não é tombado e for particular, não há muito o que a prefeitura possa fazer…
Acho que seria interessante vocês conhecerem,se já não conhecem o Ricardo Fraga Oliveira, ele trava uma luta de muitos anos contra este mercado, existem muitos que resistem ainda.
Acredito que valeria conhecer e mobilizar juntos!
Karla, você tem o contato do Ricardo? Sou repórter da Gazeta de Santo Amaro e gostaria de conversar com ele. Obrigado e fico no aguardo.
Eu vivia até 1963 em São Paulo, e na linea do bonde para Santo Amaro havia duas paradas: Moema e Indianapolis.
Essa pizzaria era a extinta “La Sorella” ?
Isso, parece que ela mudou-se pra outra rua
A pizzaria ocupava algumas casas da Rua Juriti e parte do casarão, o pátio externo. Provávelmente passou a ocupar apenas as casas da Juriti: a título de curiosidade, em uma dessas casas o fotógrafo Duran foi criado.
Morei mais de 20 anos na rua atrás deste casarão, que pela foto vê-se já estava cercado de prédios de gosto duvidoso…é mais uma evidência de como São Paulo está sendo descaracterizada pela especulação imobiliária, lamentável!
Triste…
Lamentável… Lá se vai mais uma bela casa para dar lugar aqueles prédios ridículos com as suas varandas gourmet… Lamentável!
Triste, passava todo dia por ela. Ficava babando, imaginando se um dia eu poderia ter uma casa tão bela e grande igual aquela. E imaginava também como era a vida das pessoas que ali moravam.
Um grande perda. Fico muito triste com isso.
É lamentável, porém, infelizmente não acontece só em São Paulo, aqui em Belém sofremos do mesmo mal!
Mais um crime absurdo contra a história e o patrimônio de São Paulo.
Na verdade já estamos pagando pelo preço de não cuidar do patrimônio histórico da cidade, simplesmente demolindo construções tão lindas e importantes como esta, sem si importar com o significado que elas tem. Uma pena.
É uma lástima que esse tipo de ocorrência tenha se tornado comum, que a memória cultural e arquitetônica das cidades esteja posta no lixo da inconsciência e nos baús da ganância desmedida.
Santos também anda assim (pouco resta) e vai se transformando em um paliteiro de concreto. Você mesmo, por aqui, já denunciou alguns casos.
Vão enchendo as panças, os cofres, os colchões e, depois, fica o espírito vagando, tentando tomar conta daquilo que não foi possível levar para o outro lado.
Adorei! Tomara que vaguem mesmo como karma pelo que destruíram e continuam destruindo em sao paulo!
Adorava a arquitetura dessa casa, embora ela me traga uma tristíssima lembrança. Foi lá que meu irmão Yúri Wágner morreu, em 1992.
Que droga! O quê temos de fazer para impedir isto? Nossa história já não é longa e ainda o pouco que nos resta é destruído! Assim não sobrará nenhuma recordação para as futuras gerações!!!
opa , fui eu que mandei o alerta para voces , e obrigado por acatarem e ir ver …. diga-se de passagem eu quando vi isso nao acreditei … e como muito ligado ao patrimonio histórico de sp … doi ver muitas coisas que vi sendo colocadas a baixo …e por sinal … essa doi mais ainda para mim … tipo … eu nasci em moema e tenho 27 anos … e sempre vi aquela casa sabendo que era do fundador do meu bairro … do lugar que morei a vida inteira ….e que de um dia para o outro ver que estao mandando tudo a baixo sem escrupulos … eu vi o marco do bairro aqui que era azulejado ficava de esquina com a av ibirapuera com a eucaliptos ser arrancado pela renault e ser destruido … onde indicava a direção da estrada para santo amaro … que eli era a praça dos eucaliptos … e que para o outro lado era o centro de são paulo … simplesmente arrancaram isso e destruiram …e agora ver o casarão ser derrubado me deu uma agonia ainda maior por ser no meu bairro … ja doi ver tudo que acontece por ai em relação a historia … só ver meu facebook … mas essa foi a alfinetada no coração para acreditar que o brasil só esta desse jeito porque não tem história … um pais sem história … é um pais sem futuro ….
Nasci em Moema tb, minha continua, mas infelizmente essa época ficou na lembrança… o auge de Moema foi, para mim, pelo menos, os 80 e 90…que bom que vivemos isso!!!!
Eu lembro de ter ido lá comer pizza, nao acredito que demoliram essa casa tão linda. SP esta ficando cada dia pior, que tristeza! Nunca vi, de uns anos para cá, a cidade tão suja, abandonada, tantos mendigos e quarteirões inteiros demolidos para erguerem-se torres.
Douglas, como já mencionei em outros sites, grupos e publicações, cubro as atividades dos vereadores para 2 jornais diários. Tenho brigado, e muito, quanto ao descaso para com a memória de nosssa cidade. Cito seu trabalho, b como seu site, como fonte de infoemação, mas infelizmente venho travando uma luta, mas sem obter eco.
Concordo com o Wilson.
O importante é não desistir.
Temos que formar um grupo para melhor reivindicar.
Pena era um lindo casarão deveria ter sido tombado
Me expliquem o que tem ADM municipal com isso, o fator de livre mercado como chamam impõe seu preço, essa “memoria” seletiva serve a quem?
Se você não sabe, eu te explico: alvarás de demolição e construção são expedidos pela prefeitura.
A prefeitura que concede alvarás.sem isso você não pode construir ou demolir ou reformar.E ninguém aqui está falando da gestão atual, e sim do histórico de barbaridades da prefeitura de são paulo, não importando o mandato
Uma pena 1º o Palace e depois HSBC casa de espetaculos desaparecer de moema, agora essa pizzaria.
Uma pena. Tanto a pizzaria quanto a casa de espetaculos Eu já frequentei.
O Brasil de hoje, como todo país atrasado, não quer ter passado. Também não terá futuro algum, porque destrói seu passado. São Paulo não é diferente. Faz parte dessa tragédia. Mas isso tudo porque mais que atrasados, somos um país de ignorantes.
Em breve chegará o tempo em que estes imóveis existirão apenas em fotos antigas ou apenas na memória daqueles que os conheceram nos velhos e bons tempos.
que pena pois conheci o grande amor da minha vida lá, casamos e tivemos uma filha linda, saudades dessa epoca
Frequentei muito a La Sorella. Lamento muito…
Eu lembro em frente a Igreja B
N S Aparecida, passava sempre la em frente pra ir ao Cesar Martinez onde estudava, depois acho q foi um colegio estou certa ???
O colégio ficava na esquina com a Av. Sabiá, onde hoje há um hotel,
chamava Pica Pau, atual Augusto Laranja, atualmente atrás do Shopping Ibirapuera
O prédio ao lado é ilegal, muito mais alto do que permite a lesgislação, ficou embargado por anos. Ele fica preservado, e demole-se o que é legal. Sinal dos tempos
A casa é mais antiga que a Igreja, e foram seus proprietários os articuladores da construção da Igreja
Fonte: http://www.moema.com/historiadobairro.htm
Em 1915, dois anos após a compra do sítio, a Companhia Territorial Paulista começou a demarcação do terreno, e a área foi batizada com o nome de uma cidade muito populosa do Estados Unidos da América: Indianópolis. A CTP abriu uma grande Avenida no Centro da área, que hoje é Avenida Ibirapuera. Originalmente a avenida foi batizada como Araci, homenageando a filha de Arens Júnior, que gostava de nomes indígenas”.
Em 1923, o então procurador geral do Fisco de São Paulo, Raul Loureiro, construiu uma enorme casa com esculturas de leões alados na entrada.
Até 1930 o bairro possuía apenas a pequena capela dedicada a Santa Rita, que media 50 metros quadrados e abria suas portas somente aos domingos. Insatisfeito com a situação, Loureiro, cuja mulher, Dona Antonieta, era devota da de Nossa Senhora Aparecida, lutou pela construção da Igreja e da praça ao seu redor. No dia 26 de fevereiro de 1930 Dom Duarte Leopoldo e Silva, então arcebispo metropolitano de São Paulo, por provisão, nomeou a Comissão construtora do novo Santuário, cujo presidente era vigário da paróquia de Nossa Senhora da Saúde. Em 1934, após quatro anos de trabalhos, eram lavradas as escrituras do terreno, doado por Fernando Arens Júnior e pelo Cel. Joaquim Ribeiro dos Santos, que embora protestante, era de caráter íntegro e bondoso. A pedra fundamental foi lançada em 26 de março de 1933. Esta data desde então é tomada como um marco cívico e religioso para festejar a construção da igreja e paralelamente o início do desenvolvimento do bairro. O novo templo estava sob os cuidados espirituais da Congregação Salvatoriana, na pessoa do Revmo. padre Roberto José Waltz. A inauguração definitiva foi feita no dia 15 de agosto de 1941, dia de Nossa Senhora da Glória. Em 28 de outubro de 1933, festa de Cristo Rei, era assinado o decreto que constituía canonicamente a paróquia dando-lhe por padroeira Nossa Senhora Aparecida, sendo esta a 1ª paróquia da Rainha do Brasil em São Paulo. Seis dias após, em 4 de novembro de 1833, era provisionado o primeiro Vigário da paróquia, o referido Revmo. padre Roberto José Waltz.
E , assim Moema, como tantos outros bairros, vai ficando sem sua história.
Márcia Mai
http://www.moemadetantashistorias.blogspot.com
Que retrocesso com a nossa cultura e história regional e nacional! Uma pena, grande perda.
Retrocesso, absurdo, tristeza!!!!! A omissão dos administradores do patrimônio histórico (ainda que não tombada) da cidade. Moema perde seu maior símbolo, duma época que marca o início do bairro. A especulação imobiliária é o maior vilão da memória de uma cidade. Por quê isso não ocorre em países da Europa e os turistas tanto se admiram com as coisas antigas de lá? Não há aqui a preservação da história…
O que impera nesse Brasil é dinheiro. Não há planejamento.
Em 1973 vi os casarões da Paulista sendo demolidos . Jamais teria que acontecer isso. Nossa história estava nesses casarões.
Casarão da família Matarazzo, foi implodida do dia para noite. (deveria ser Patrimônio Histórico) .Dinheiro sempre o dinheiro é quem está nesse jogo. No mesmo espaço hoje é um shoping
Não há critério .
Impedir festas e mais festa nessa Paulista. Para que foi construído o Sambódromo?
O importante é fazer prédios e mais prédios, com isso maior arrecadação.
São Paulo está um colapso. Está insuportável. Não há hora ou dia melhor para dirigir. Rodízio e nada é a mesma coisa.
(EX: onde havia uma moradia com mais ou menos 6 moradores, hoje no mesmo espaço há prédio de 29 andares, um apto por andar, como aproximadamente 150 moradores 156 veículos com 4 vagas por andar).
Casas e mais casas estão sendo demolidas
Haveria sim, a necessidade de criar parques, praças e não prédios.
Outro detalhe, esses novos empreendimentos haveriam de ser construídos com o reaproveitamento de água, isso é exigido pela Prefeitura? Nem pensar.
Avenida 23 de Maio pinturas que agridem.Por favor, Prefeitura , limpem esses muros, pois isso não é arte, é poluição visual DA PIOR ESPÉCIE, pior do que era antigamente, com letreiros.
BRASIL NÃO HÁ HISTÓRIA .
DINHEIRO EM PRIMEIRO LUGAR.
NÃO HÁ RESPEITO COM A POPULAÇÃO.
MAS ATRÁS DE TUDO HÁ UM PROPÓSITO –
VEJAM O DOCUMENTÁRIO ABAIXO -É ESCLARECEDOR
https://www.youtube.com/watch?v=I0Aq5SQrIEg
AGENDA – documentário completo – Legendado
Concordo 100%! Dói no coração ver a cidade em que nascemos nesse estado caótico devido ao descaso e ganância.
Pinturas que agridem? Os grafites? Hum, não tem como concordar
Uma pena. Conheci o prédio muito bem. Era freguês da La Sorela. Conhecia, também, um bela casa bem próxima, cujo nome da rua em que está ou estava localizada não me recordo no momento, onde ia às vezes, pois tinha negócios com os proprietários. Nesta casa, segundo os proprietários e de acordo com o noticiado anos atrás, morou a Rainha SIlvia da Suécia, quando adolescente. Será que ainda está de pé ? Se alguèm souber algo a respeito, queira por gentileza responder.
Afffffff que tristezaaaaaaa!!!!!!!!
eles vão deixando destruir tudo. A prefeitura não está nem ai, nunca esteve, e são expedidos alvarás de demolição a torto e a direito. Morei em moema e vila olimpia por vários anos, e ia nessa pizzaria, que ficava em outro local na avenida, ao lado de onde era a brindes pombo, e mudou pro casarão. Uma pena. A vila Olimpia também sofre desse mal, e nasci no itaim bibi, na joaquim floriano e hoje nem reconheço mais a rua….muito menos o bairro…
Que raiva
A historia sendo esquecida.
Se Deus permitir comprarei quase todos os p´redios de moema e demolirei tudo, farei casas lindas com estilo europeu…. insensiveis, filhos herdeiros dos antigos donos são eles os culpados, mas isso não importa mais; o que importa é ensinarmos aos nossos posteriores os valores do amor, da arte e da beleza…não dispediçando e nem vendendo as casas que tantas historias tem.
São Paulo e o Brasil se confundem quando “o negócio” é destruir casarões históricos, ao invés de restaurar por fora e por dentro, tal qual ocorre em outros países. Fico triste quando lembro de Salvador e os casarões que circundam a Av. Lafayete Coutinho (sentido Barra ao Mercado)!
93 anos
Depois vai pra Europa e acha tudo lindo.
“Discernir o importante do irrelevante é o ato inicial da inteligência, sem o qual o raciocínio nada pode senão patinar em falso em cima de equívoco.”
Vale a pena ler esse longo texto do professor Olavo de Carvalho escritos 1999.
O nome é: ” A origem da burrice nacional”
http://www.olavodecarvalho.org/textos/burrice.htm
As vidas das famílias, os que usavam o bonde colégios e tudo que ligava Santo Amaro até a Praça João Mendes, é do conhecimento dos moradores da região. Está nas nossas memórias. Demolições,troca de nomes por outros mais charmosos e construções feias. Edifícios altos demais e descaracterização. Nomes de ruas…..Água EsprConsideroaiada pelo nome do dono da Globo é totalmente ofensivo.!Tudo quanto escreveram aquí sai do coração de cada um de nós. Será que serão lidas as frases? Alguém vai pensar nalguma medida? A criação das sociedades de bairro costumam funcionar nestes casos. Ou um blog no facebook para iniciar a troca de informações. Um ou mais advogados para orientação também seria de grande ajuda.Professores, memorialistas e antigos moradores. Esta é minha contribuição hoje. Quero lembrar Bárbara que entre o balão do bonde de Indianópolis e Moema, existia a parada de Largo Franco. Se estiver errado me corrijam.Há vasta produção literária sobre os bairros de São Paulo. Em tempo, mudei para Salvador há já 4 anos e à distância vejo minha cidade e penso que jamais seria feliz aí, como fui até meus 30 anos. Não penso em voltar.
Isso poderia facilmente ser chamado de crime contra o patrimônio histórico da cidade. Triste!!
Será que vc tem em seu arquivo algum casarão da época dos barões do café, em Guarulhos, que tenha se transformado em grupo escolar na década de 50?
Não tenho esse registro. Mas vou perguntar para uma colaboradora que é historiadora especializada em Guarulhos
Ironias do destino: o casarão de 1923 deu lugar a uma unidade da Casa Mathilde — “doçaria tradicional portuguesa” —, que se orgulha de uma história que remonta a 1850.
Pois é William, mas se você observar a fundo vai ver que a história “que remonta a 1850” é construída.
O nome Casa Mathilde está ligado à Fábrica das Queijadas Mathilde fundada em 1850 por Mathilde Soares Ribeiro, em Ranholas, localidade do concelho de Sintra, paragem obrigatória para quem se deslocava à Vila. O próprio rei D. Fernando II, um apaixonado pela Vila onde mandou construir o Palácio da Pena, expoente máximo da arquitectura do século XIX, fazia aqui uma pausa no seu trajecto para Sintra. O apreço deste rei pelas queijadas da Mathilde era tal que a distinguiu como fornecedora da Casa Real, concedendo-lhe um carimbo metálico com o qual deviam ser marcados os pacotes que lhe eram destinados. Junto com o carimbo, a Mathilde recebeu um impresso no qual se pode ler: “Sua Magestade El-Rei D. Fernando II, por preferir as queijadas desta marca, houve por bem oferecer este marcador para que os fornecimentos a Sua Casa Real fossem devidamente marcados”.
O nome Casa Mathilde está ligado à Fábrica das Queijadas Mathilde fundada em 1850 por Mathilde Soares Ribeiro, em Ranholas, localidade do concelho de Sintra, paragem obrigatória para quem se deslocava à Vila. O próprio rei D. Fernando II, um apaixonado pela Vila onde mandou construir o Palácio da Pena, expoente máximo da arquitectura do século XIX, fazia aqui uma pausa no seu trajecto para Sintra.
O apreço deste rei pelas queijadas da Mathilde era tal que a distinguiu como fornecedora da Casa Real, concedendo-lhe um carimbo metálico com o qual deviam ser marcados os pacotes que lhe eram destinados. Junto com o carimbo, a Mathilde recebeu um impresso no qual se pode ler: “Sua Magestade El-Rei D. Fernando II, por preferir as queijadas desta marca, houve por bem oferecer este marcador para que os fornecimentos a Sua Casa Real fossem devidamente marcados”.
O Casarão tiha virado uma Pizzaria lembra? Mudou de lugar é verdade, e existe até hoje
Chocante e um absurdo realmente. Foi com a chegada de Raul Loureiro, em 1923, que a parada de bonde começou a se transformar num grande bairro. Para morar, Loureiro construiu uma enorme casa com escadas, torres e esculturas de leões alados na porta. Depois, pensou no desenvolvimento de tudo aquilo. Primeiro planejou a construção da igreja, incentivado pela mulher (dona Antonieta) que era devota de Nossa Senhora Aparecida. Finalmente, em 1927, depois de muita luta, a igreja estava pronta. Mas igreja sem praça não fazia sentido, ainda mais porque ali era uma epécie de cartão de visitas da cidade. Quem chegava ao aeroporto obrigatoriamente passava pelo local. Lá foi o doutor Raul batalhar uma para a igreja de Nossa Senhora Aparecida. Homem bem relacionado, graças a profissão – procurador geral do Fisco do Estado de SP, cargo hoje extinto – conseguiu a praça, atualmente conhecida como Largo de Moema. Em seguida, ele arranjou tratores, formou as ruas e iniciou a implantação do saneamento básico. Muitas famílias começaram a se mudar para Moema, os Caldas, os Barbante, a família Prado e os Frassati. Na década de 30 começaram a chegar os imigrantes, na maioria alemães e austríacos mas, também haviam muitos húngaros, poloneses, russos italianos lituanos e os tradicionais irmãos portugueses. Começaram a surgir casas de Chope – marca do bairro até hoje – e anos mais tarde, vieram os “sambões” esplhando-se pela avenida Ibirapuera, dando o toque brasileiro a Moema. Por volta de 1930 a Cia Territorial paulista começou a lotear o bairro, que de grande Avenida tinha somente a Rodrigues Alves, de terra, é claro. A região era tranquila, a linha do bonde com os trilhos cercados por arame farpado, quase todo mundo tinha a bicicleta como meio de locomoção já que o bairro é em grande parte plano. A maior diversão era correr pelos campos, ver os aeroplanos numa área de aviação próxima de onde hoje é o largo do Pombo (Lavandisca com Ibirapuera). Ali desciam Edu Chaves e Ada Rogato, famosos aviadores da época. Eram os bondes porém a maior diversão dos moradores. No começo só havia o Minas Gerais (chamado assim porque era grande). Bonito, todo amarelo e apitava como um trem. Depois veio o Camarão, vermelho, e o o povo não gostava dele porque era muito abafado. O pequeno núcleo residencial formado ao longo da linha do bonde era inteiramente de casas térreas com grandes jardins.