Dos meus bairros paulistanos favoritos, o Belenzinho é, talvez, o mais confuso de se delimitar. Muitas das localidades do bairro são ora chamadas de Brás, ora de Pari. Mas a verdade é que a rua Bresser sempre foi conhecida como a “fronteira” entre o centro, representado pelo Brás e o início da zona leste que é o Belém/Belenzinho. E foi em uma das ruas mais conhecidas do bairro que encontramos esta preciosidade à venda.
Localizada no número 700 da rua João Boemer, esta casa é uma das mais antigas e bem preservadas desta rua. Com uma arquitetura simples, que se repete por tantas outras ruas da região, como Cachoeira, Santa Clara, etc, esta é uma típica casa do Belenzinho, erguida nos primeiros anos do século 20, quando o bairro era um misto de fábricas e casario operário.
E é importante dizer que o bairro sempre foi, e por muito tempo ainda será, um bairro de migrantes e imigrantes. Se no início foi ocupado pelos imigrantes espanhóis, portugueses e italianos, passou a ser ocupado por migrantes nordestinos em meados da década de 70. Atualmente, recebe imigrantes de países como Bolívia, Peru e Chile, reforçando a tradição de bairro acolhedor de povos de várias localidades. Uma característica que Belenzinho e Brás sempre fizeram melhor que qualquer outro bairro paulistano.
Esta bela casa já teve seu período de glória e, mesmo estando muito bem conservada, parece estar em um período de ostracismo, que atinge todo o bairro. Alias, a melhor palavra hoje para o Belenzinho não é ostracismo, mas transição.
Transição esta que ainda não sabemos ao certo se será benéfica ou não para a região, com a chegada de um grande complexo religioso a poucos metros desta casa, pertencente a Igreja Universal. A inauguração do polêmico “Templo de Salomão” (cópia vulgar de um templo judaico histórico construído no século XI a.C) pode, eventualmente, trazer melhorias para a região, uma vez que uma grande gama de estabelecimentos comerciais podem surgir para suprir o público que frequentará o novo templo. Mas ainda é cedo demais para avaliar.
Uma coisa é certa: o preço dos imóveis nas ruas próximas ao templo de Edir Macedo tiveram um aumento tanto nos valores dos aluguéis quando nos valores de compra e venda. Enquanto um novo dono não chega para esta simpática casa, resta torcer para que as espadas de São Jorge que estão em um vaso na entrada da residência (como manda o costume!) ajudem a espantar interessados em demolir a casa e aproxime interessados em comprá-la e preservá-la.
Veja mais fotos da casa (clique na miniatura para ampliar):
ATUALIZAÇÃO 04/03/2024:
Após anos anunciada para venda os cartazes das imobiliárias não estão mais por lá, contudo não houve nenhuma movimentação para demolição ou mesmo reforma da casa. A mesma foi emparedada e segue fechada até o momento (vide foto abaixo). Terá sido vendida ou desistiram ? Só o tempo dirá!