Uma das ruas mais visitadas do centro paulistano é a São Caetano, também conhecida como ˝rua das noivas˝. Essa importante via liga as regiões da Luz e Bom Retiro até o Pari e mais adiante ao Brás, sendo há mais de um século um importante elo entre o centro e o leste da cidade.
Uma curiosidade é que entre os anos 1910 e 1920 a rua São Caetano era conhecida não pelas lojas de artigos para noivas, mas pelos seus pequenos cinemas, à época conhecidos como cinematógrafos. Haviam vários espalhados por ali.
Mas não falarei nem de loja de noivas nem de cinematógrafos. Hoje é o dia de falar deste interessante imóvel comercial:
Atualmente ocupada pela loja Tecidos Riviera, esse magnífico imóvel comercial localizado no número 135 da Rua São Caetano¹ foi ocupado por algumas décadas pela tradicional Casa Gagliano.
A Gagliano foi um famoso e concorrido magazine no centro da capital. Artigos masculinos, femininos e infantis, além de brinquedos eram vendidos lá. Na primeira metade do século 20 a loja era bastante conhecida pelos paulistanos.
O estabelecimento tinha uma grande variedade de produtos e de tempos em tempos realizava suas ações de queima de estoque. Aliás, o anúncio abaixo mostra que eles não tinham lá muita sutileza em divulgar a ˝queima de estoque˝ em anúncio de jornal. Acredito que hoje esse anúncio seria de extremo mau gosto:
O tradicional estabelecimento era propriedade de Donato Gagliano e filhos e a loja surgiu no início dos anos 1920. Embora não seja possível afirmar que o estabelecimento era proprietário do imóvel, o estabelecimento sempre esteve neste endereço.
Em meados da década de 1930, especificamente em 1934, a loja abriu uma filial na mesma São Caetano, do outro lado rua e em frente a matriz, apenas para vender artigos masculinos, pois não havia mais espaço no prédio principal.
O andar superior deste imóvel não era ocupado pela loja, mas por um tradicional clube paulistano que já não existe mais: O Terminus. Esta agremiação realizava muitos eventos nesta sede social, como festas e bailes de carnaval. O acesso ao piso superior do edifício se dá pela rua Dutra Rodrigues.
Um dado curioso é que em 1961 não havia mais o Clube Terminus no local mas outro clube, denominado Marconi. Como não se encontram informações sobre nenhum dos dois não é possível determinar se o Terminus mudou de nome para Marconi ou se eram dois clubes distintos que coincidentemente ocuparam o mesmo endereço.
A Casa Gagliano não existe mais, entretanto existiu ao menos até meados da década de 1960 neste mesmo endereço.
Atualizaremos este artigo à medida que obtivermos novos dados sobre o histórico de ambos estabelecimentos.
Sobre o imóvel em si, é importante salientar que ele encontra-se em excelente estado de conservação e preservação, sendo mantido em até hoje com suas características originais. Atualmente o piso superior é ocupado por estúdio fotográfico.
A Rua São Caetano é bem interessante e rende excelentes fotografias para os amantes da arquitetura antiga.
Nota:
1 – O atual número 135 onde encontra-se este edifício correspondem, até meados dos anos 1930, aos números 13 e 15.
Respostas de 13
Este imóvel merecia ser tombado!
Vamos promover a proposta?
Parabéns pela postagem!!!Que fachada maravilhosa,fiquei emocionado em saber que ainda existe arquiteturas lindas bem preservadas!!!Obrigado por compartilhar conosco!!!
Belíssimo prédio! De parabéns os proprietários, que têm essa consciência!
Legal, Douglas
Antes mesmo de abrir esse link já imaginava que a tal loja promovesse a sua queima de estoque mais ou menos nesse estilo do anúncio de época, que aliás, eu gostei, afinal, era uma época em que o que tinha que ser dito era falado na cara, sem o tal “politicamente correto”.
Maravilhoso site.Gostaria de ouvir a história de Franco da Rocha, qualquer dia desses.
Jazigo dos Gaglianos no Cemitério da Consolação (Via Google Street View): https://goo.gl/maps/LAffDwXYsdw
Interessante esta publicaçào, que por muita coincidencia, este predio foi sede de uma famosa loja de noiva que pegou fogo nos anos 90 assim como no anuncio da antiga gagliano!
Bom dia, Douglas, estou encantada com este site e assumi o compromisso de colaborar, modestamente, com seu trabalho . Muito “flanei” por bairros quando morei em São Paulo (1983 – 1996) e cada descoberta de um imóvel antigo preservado era uma felicidade. Essa arquitetura sobrevivente tem uma qualidade que jamais será reproduzida num país que nem está aí para a História, lamentavelmente. Em 1996 mudei para São Vicente e o cenário arquitetônico de Santos também foi de encher os olhos e alma. Ainda é, mas…….já caíram por terra muitos casarões e em seu lugar o que aparece ? Estacionamentos ou edifícios de 40 andares, blocos quadrados gerados por algum programa do tipo CAD, sem nadinha de especial, nenhum toque de personalidade, e de qualidade pífia, basta ver edifícios recentes à beira mar com parte do revestimento se soltando. Parabéns por este trabalho de garimpagem da nossa arquitetura antiga, ela conta muitas histórias !
Olá Mônica, como vai ?
Muito obrigado pela sua colaboração, qualquer valor ajuda.
APÓS RUA SAO CAETANOO SR VICENTE GAGLIANO [FILHO DE DONATO GAGLIANO]FUNDOU A LOJA TRIUNFAL NA RUA SAO BENTO
Moro a o lado do imóvel,e ele foi repintado da cor Lílas,e mais para baixo da rua São Caetano a um imóvel Azul lindíssimo como a casa Gaglianol
como estava em 01/23: https://maps.app.goo.gl/ohD8eZFy2eUhBa3u9 É uma loja de noivas. A de tecidos já se foi…