Interessante que para o leitor pode dar a impressão de que bancos viraram nosso assunto predileto, porém o fato é que estas instituições financeiras deixaram suas marcas em diversos edifícios da cidade e, no rastro de suas histórias, pode não ter sobrado muita coisa além dos edifícios que os abrigavam. Daí os artigos sobre bancos.
Por conta disso temos mais uma história que pode ser lembrada ao passarmos pela Avenida Paulista esquina com a Rua Bela Cintra, exatamente no número 2.421 onde temos a visão de um moderno edifício de vidros escuros e espelhados que nos dá impressão de ser moderno e recém construído, porém antes do retrofit executado pela empresa de KV&A Arquitetura e Interiores muita história passou por ali.
Hoje o prédio denominado Edifício Bela Paulista na verdade foi um projeto encomendado pelo Banco Português do Brasil aos arquitetos Francisco Beck e Ary de Queirós Barros e construído pela extinta construtora Guarantã. Foi inaugurado no ano do cinquentenário do banco, em março de 1968, com o nome de Edifício José da Silva Gordo.
O prédio foi tema de uma matéria publicada na revista de arquitetura Acrópole na sua edição de outubro de 1968 onde explica a modernidade do prédio cujos vidros, entre outras características, eram em cristal “solar-gray” visando, além do fator estético, controlar os raios solares para uma melhor eficiência do ar-condicionado Os acabamentos exteriores eram em mármore e alumínio.
O presidente do banco era o empresário José Adolpho da Silva Gordo que atuava em vários setores da economia tendo sido inclusive secretário das finanças do Estado de São Paulo na gestão de Adhemar de Barros.
O banco chegou a ser o 10º. maior do Brasil antes de ser adquirido pelo Itaú em março de 1973 e alguns podem se lembrar do concurso de desenho infantil que era promovido pelo banco onde as crianças tinham que desenhar uma caravela, símbolo da instituição.
Logo após a venda, já em setembro de 1973, o prédio passou a sediar o Banco Halles, uma instituição financeira do Rio de Janeiro que sofreu intervenção do Banco Central em 16 de abril de 1974 e cujos ativos foram transferidos para o Banco do Estado do Rio de Janeiro, o BANERJ que manteve lá uma agência até o início dos anos 2000. Vale lembrar que o BANERJ havia sido privatizado em 1997 e comprado pelo mesmo Itaú que de alguma forma voltava ao prédio…
Hoje sem as características originais, fora o terraço que avança sobre a avenida, lá está mais um prédio importante cuja história revelamos para o bem da memória da cidade.
Quanto ao resultado das transformações, cabe ao leitor julgar…
Bibliografia:
* História das Instituições Financeiras, Estrela Alfa Editora. 1972
* O Estado de São Paulo, edições de 23/3/1973, 14/3/1974 e 11/3/2007
* A Tribuna (Santos) edição 3/5/1969
* Revista Acrópole – Edição Outubro 1968
Curiosidade:
A nota abaixo, publicada na coluna “Direto da Fonte” da jornalista Sonia Racy (O Estado de S.Paulo) mostra um fato curioso envolvendo o sucessor doBanco Português do Brasil, o Halles, e um então ilustre correntista do referido banco, o então Presidente da República, Ernesto Geisel. Vale a pena ler e ter uma noção de ética que hoje parece ter se perdido no poder público.
Notas complementares (clique para ampliar):
Respostas de 6
Uma história muito interessante.
Já sobre a história envolvendo o ex-presidente Ernesto Geisel, realmente os tempos mudaram. Se fosse hoje o presidente não só retiraria o dinheiro depositado como avisaria alguns amigos sobre a intervenção. Atitudes semelhantes já foram tomadas na atual gestão e sem maiores constrangimentos.
Acredito que em gestões anteriores, também.
Meu pai tinha conta nesse banco. A agência ficava na rua Itapicuru, nas Perdizes. Hoje funciona uma agência do Bradesco.
Meu avô tem papéis se ações do banco português do Brasil s.a.
Será que podem valer alguma coisa?
Poderia ter sido transformado em papéis do Itaú, que o comprou?
Seria uma boa surpresa!
Quem comprou o Banco Português do Brasil rua 7 de Abril SP. preciso copia do fundo de garantia para efeito aposentadoria 1972 a 1973 quem pode me ajudar. grato
Quem trabalhou na agência da lapa. Em 1970.
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