Não é a primeira vez nem será a última crônica sobre as estátuas e monumentos da cidade, porém nos chama a atenção novamente é que em São Paulo, nem um imperador romano consegue ficar num só lugar…
Estávamos em 1937 comemorando o cinquentenário da imigração em São Paulo quando relembrávamos os primeiros 15.233 italianos dentre o total de 15.399 imigrantes que aqui aportaram em 1887 trazidos pela Sociedade Paulista de Imigração.
Uma grande exposição foi organizada no Parque d. Pedro II, mais exatamente nos jardins do Palácio das Indústrias. A presença da colônia italiana foi marcante não só pelo impressionante pavilhão das indústrias Matarazzo, mas também pelo pavilhão oficial do governo italiano que se fez representar com destaque após a participação na exposição ter sido aceita pelo ministro do exterior e negócios estrangeiros da Itália na época, Conde Galeazzo Ciano cuja primeira missão diplomática tinha sido justamente no Brasil.
A orientação do governo Italiano era que o pavilhão deveria ter equilíbrio nas proporções, linhas harmônicas e dignidade arquitetônica e decorativa.
Alinhado na entrada com 4 alegorias representando o “littorio” estava uma estátua do imperador romano Augusto César, fundida, segundo consta, mas sem comprovação, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
Terminada a exposição e desmontados os pavilhões, foi a estátua doada à cidade de São Paulo pelo governo italiano, sendo que a imprensa da época ressaltava que tal doação fora feita pelo rei da Itália Vittorio Emanuelle III.
Uma vez recebida a estátua o prefeito Fábio Prado resolve coloca-la naquela que seria a Praça da biblioteca na confluência das ruas Augusta, Major Quedinho, Consolação e São Luiz. Tal alocação foi contestada pelo advogado Ubaldo Franco Caiuby que alegava ser a figura do imperador era estranha a história da cidade e deveria ficar exposta num local fechado como um museu. Tais alegações foram respondidas pela então atuante Sociedade Amigos da Cidade que apoiou a localização determinada pelo prefeito.
Então, no dia 21 de abril de 1938 tendo como madrinha da cerimônia a Sra. Renata Crespi da Silva Prado, esposa do prefeito, foi inaugurada a estátua no local pré-determinado que, de fato, nem praça ainda era… Presente grande público, autoridades incluindo aí o embaixador da Itália no Brasil Sr. Vincenzo Lojacono e Sra. Que foram depois homenageados num grande almoço oferecido pelo Conde Francisco Matarazzo Jr. na chácara Matarazzo no Piqueri.
Mas o imperador que havia chegado da Itália em 1937, sido exposto no pavilhão italiano e colocado depois em praça pública não poderia deixar de se mudar, afinal em 12 de outubro 1948 foi reinaugurado durante as comemorações dos 60 anos da imigração, desta vez no Largo do Arouche onde consegue permanecer até hoje.
Felizmente, a partir de agora, este importante monumento tem sua história preservada e esperamos que possa permanecer às vistas do público por muito tempo.
A fotografia abaixo mostra o monumento de perto, atualmente, no Largo do Arouche, onde permanece até os dias atuais.
Nota:
A estátua é uma cópia da “Augusto de Prima Porta”, uma escultura romana hoje depositada num dos Museus do Vaticano, e que fora encontrada num local um pouco distante de Roma, na localidade de Prima Porta, à beira da Via Flamínia, nas ruínas da vila suburbana de Lívia, esposa do Imperador.
Bibliografia:
* A partecipazione italiana all’esposizione di San Paolo del Brasile – 1937 XV Col. José Vignoli
* Correio Paulistano – Edição de 22/04/1938 pp 1
* Correio Paulistano – Edição de 10/08/1948 pp 7
* Informativo Arquivo Histórico Municipal – Ano 3 Nº16