A história das porteiras do Brás

É público e notório que no Brasil os governantes nem sempre atendem aos anseios da população. E isso evidentemente acontece do Oiapoque ao Chuí. Em São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, existem problemas urgentes que demoram anos para serem resolvidos. Contudo, parece que nada em nossa cidade demorou tanto tempo para ser resolvido por aqui como o caso das famosas Porteiras do Brás.

Divulgação / Correio Paulistano

Também chamadas no passado pela imprensa e população de “Porteiras da Ingleza” em referência a ferrovia The São Paulo Railway Company, elas são um problema da cidade desde que a ferrovia foi criada, ainda no século 19. De início atrapalhava pouco, uma vez que a cidade ainda era pequena e o “além da porteira” nos bairros como Penha, Brás, São Miguel Paulista eram arrabaldes distantes.

Divulgação
fig.1

Os problemas relacionados com as porteiras começaram a surgir nos últimos anos do  século 19, à medida que bairros como Mooca e Brás, entre outros, foram crescendo e recebendo levas e levas de imigrantes.

A foto ao lado (fig.1), por exemplo, mostra o tráfego intenso de carroças e pessoas diante da então chamada Estação do Norte (posteriormente Roosevelt e atualmente Brás), em um momento em que as porteiras estavam abertas.

Mesmo aparentando ser uma travessia bastante civilizada, desde o princípio ocorriam muitos acidentes, como atropelamento de pedestres, acidentes com carroças e ânimos acirrados por conta da espera, que às vezes era demorada.

Assim, no distante ano de 1884, surgiram na cidade as primeiras discussões públicas sobre questões de operação e alternativas para o funcionamento das porteiras, tanto do Brás como a da Mooca:

Correio Paulistano 16/10/1884
Correio Paulistano 16/10/1884

E se os problemas já eram bastante inconvenientes no século 19, o que dizer então nas primeiras décadas do século 20, quando a cidade já contava com muitos automóveis, bondes eletrificados e, principalmente, mais pessoas vivendo “além da porteira” ?

Projetos para o sonhado fim da porteira do Brás foi o que não faltou a partir dos anos 1910. Com a discussão recorrente quase que mensalmente nos jornais, não paravam de surgir ideias e sugestões. O primeiro deles a ganhar destaque na imprensa paulistana foi um feito pelo arquiteto Carlos Ekman em 1914:

Divulgação

No que provavelmente foi o mais ousado projeto para resolver os problemas da “porteiras do Brás”, previa a construção de um viaduto sinuoso que permitiria a circulação tanto pela avenida Rangel Pestana, como também pela própria via elevada.

A linha férrea, por sua vez, permaneceria com sua porteira, mas com a existência de um viaduto a espera deixaria de existir, tanto para pedestres quanto para bondes, carroças etc. A reurbanização da praça diante da estação daria um ar elegante e cosmopolita para o Brás.

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A proposta de Ekman, como tantas outras, acabou engavetada e os problemas das porteiras seguiram aumentando a cada ano que se passava sem solução alguma à vista. Alguns anos mais tarde, ja na década de 1920, precisamente em 1926, um novo projeto foi apresentado a municipalidade:

Divulgação / A Cigarra

Ao invés de uma ponte ou viaduto, seria criado um pequeno túnel sob o leito ferroviário onde ficavam as porteiras. Com esse projeto, algumas linhas de bonde iriam por cima e outras por baixo, distribuindo o fluxo de tráfego. Tal qual a ideia de Ekman, as porteiras não seriam suprimidas, mas modernizadas.

Apresentando pela extinta Sociedade Construtora de Imóveis, este projeto também foi recusado e esquecido. Continuava assim o drama das porteiras. Com isso, chegou a década de 30 e o trânsito aumentou ainda mais, deixando a região ainda mais conturbada.

Em 1934, o jornal Correio Paulistano publicou em primeira página uma reportagem sobre as porteiras do Brás ainda sem solução:

Correio Paulistano 11/08/1934
Correio Paulistano 11/08/1934

A reportagem, mesmo sendo curta, consegue dar uma boa noção de quão caótica era a situação nas porteiras, com condutores de bondes e motoristas de ônibus irritados com a demora para reabertura da passagem, muitas vezes passando 10 minutos de espera.

A nota também chama a atenção de como uma cidade com tantos “arranha-céos monolíthicos” (grafia da época) era incapaz de resolver um problema aparentemente tão simples.

Outro arquiteto bastante conhecido por seus trabalhos espalhados pela capital paulista, Cristiano das Neves, apresentou em janeiro de 1937 um ousado projeto arquitetônico para não só resolver o problema da porteira, como também remodelar o entorno da estação ferroviária:

clique na figura para ampliar

Apesar de toda a empolgação gerada pelo trabalho proposto por Cristiano das neves, mais uma vez não se chegou a um consenso e a ideia também foi engavetada. Dois anos depois, em 1939, já passados quase 50 anos da primeira reclamação sobre as porteiras, piadas pipocavam nos jornais paulistanos da época:

13/07/1939
13/07/1939

O drama insolúvel das porteiras também inspiravam as artes, como esta marchinha de carnaval que foi cantada pelos populares também na década de 1930:

A primeira solução para o caos no trânsito da região ainda demoraria para acontecer. Ela veio apenas em 27 de dezembro de 1949, ocasião em que foi inaugurado o viaduto do Gasômetro.

A obra foi bastante polêmica e muito contestada na Câmara Municipal de São Paulo. Segundo vereadores de oposição, contrários ao projeto feito às pressas, o novo viaduto prestigiava apenas veículos, desprezando os pedestres, como atesta um trecho de discurso de um vereador no plenário da câmara:

O Estado de S.Paulo / Divulgação

O novo viaduto, existente até hoje, desafogou um pouco o trânsito mas não acabou com os problemas da travessia das porteiras na vizinha avenida Rangel Pestana.

Elas continuavam sendo um foco causador de trânsito, confusão e acidentes. As fotografias abaixo, tiradas durante o ano de 1950, apenas um ano após a inauguração do viaduto da Rua do Gasômetro, mostra um caos tão grande na área das porteiras que nem parecia ter acontecido obra alguma:

Aguardando a abertura das porteiras (clique na foto para ampliar)
Avenida Rangel Pestana com as porteiras abertas (clique na foto para ampliar)

E continuavam a surgir projetos prometendo resolver o problema da avenida Rangel Pestana e suas porteiras. Alguns, eram bem pensados e previam um viaduto harmonioso na região.

Depois dos belos e ousados projetos de Carlos Ekman e Cristiano das Neves, uma nova ideia era apresentada, encomendada pela prefeitura paulistana ao engenheiro Pedro de Andrade Lemos.

Divulgação / Folha da Manhã

A ideia lembra um pouco o viaduto sobre a Praça 14 Bis, na Bela Vista, com seus pontos de ônibus bastante funcionais. Datada de 1948, previa a criação de um viaduto de 200 metros de comprimento com 30 de largura, além de três vão livres. O viaduto seria batizado de “Dr. Adhemar de Barros”.

Contudo mais uma vez o projeto não foi adiante e todos os problemas persistiriam por ali até pelo menos a segunda metade da década de 60, quando mais uma vez veio à tona a discussão para resolver o imbróglio das porteiras do Brás de uma vez por todas.

Travessia da avenida Rangel Pestana em meados da década de 60

É no final de 1966 que começa a surgir aquele que seria finalmente o projeto definitivo para o fim da novela das porteiras do Brás. Bem mais “pé no chão” que as demais ideias anteriores, a nova proposta previa um viaduto simples e funcional e foi apresentada ao público em março de 1967:

Não é preciso dizer que a descrença quanto ao novo projeto era bem grande entre a população, afinal eram décadas de promessas sem qualquer solução. Contudo, surpreendentemente, a ideia finalmente saiu do papel e as obras da tão sonhada solução para as porteiras do Brás finalmente começaram.

Era eminente o fim de cenas lamentáveis de atraso no desenvolvimento urbano, como estas abaixo:

Divulgação
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E foi assim que em 25 de janeiro de 1968 foi inaugurado o viaduto Alberto Marino. A ocasião foi tão aguardada pelos moradores e comerciantes da região que uma grande festa de inauguração foi preparada para a data, que também era alusiva ao aniversário de São Paulo.

A grande festa contou com decoração das ruas próximas e da avenida Rangel Pestana com réplicas de lampiões de 1900, dezenas de pombos brancos foram libertos na hora da inauguração, além de salva de fogos de artifícios (imagine os pombos sendo soltos e os fogos sendo disparados, o desespero das aves…), além de uma divertida corrida de calhambeques, com veículos produzidos até 1929.

A inauguração também contou com a execução da canção “Rapaziada do Brás” composta por Alberto Marino, que dá nome ao viaduto.

Viaduto Alberto Marino então recém inaugurado

Era o fim de uma angustiante espera por solução de um problema que começou no final do século 19 e foi resolvida apenas na segunda metade do século 20. O novo viaduto resolveu definitivamente o problema da travessia da antiga porteira do Brás, porém não foi nem de longe a melhor solução.

A nova via elevada contribuiu bastante para a degradação do entorno e trouxe a decadência de inúmeros imóveis ali localizados, inclusive de hotéis que no passado recebiam de migrantes a clubes de futebol de outras cidades. Na rede hoteleira local a principal vítima foi, sem dúvida, o velho Hotel Sul América:

Hotel Sul América em 2005 (clique na foto para ampliar)

Resolvido a questão, é difícil conceber que um problema relativamente simples de ser resolvido como este levou quase um século para ser solucionado. Apenas a título de curiosidade e salva as devidas proporções, os Estados Unidos levaram 10 anos para concluir o Canal do Panamá. Tem definitivamente algo errado com o poder público brasileiro e não é de hoje.

Você vivenciou as porteiras do Brás ? Do que se recorda ? Deixe um comentário!

Na véspera da inauguração parte da estrutura da cancela que atendia a porteira foi substituída por uma estrutura de gesso. A troca foi para que no dia seguinte, no ato da inauguração, o governador pudesse transpor a porteira com um Jeep.

A foto abaixo mostra o momento em que isso ocorreu, com o Adhemar de Barros ao volante do veículo acompanhado de sua esposa e do prefeito de São Paulo, Asdrúbal da Cunha.

Bibliografia consultada:

Correio Paulistano Edição de 16/10/1884
Correio Paulistano Edição de 11/08/1934
Correio Paulistano Edição de 22/01/1937
Correio Paulistano Edição de 13/07/1939
A Gazeta – Edição 06060 de 19/04/1926 pp 1
Diário da Noite – Edição 07680 de 26/12/1949 pp 1
Diário da Noite – Edição 07706 de 26/01/1950 pp 9

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Respostas de 58

  1. O problema das porteiras foi negligenciado durante décadas pelos nossos administradores, assim como o metrô, que há 127 anos vem sendo empurrado com a barriga, ou seja, além de crônico, já é um problema secular, e a julgar com espantosa velocidade de tartaruga manca com que é ampliado, tornar-se-á também um problema milenar.

  2. Impressionante que naquela época a cidade já esquecia dos pedestres, essa “calçada” deve ter meio metro para um fluxo que já devia ser grande naquela época, só recentemente que o viaduto teve merecida atenção com o aumento da calçada para os pedestres e a inclusão da ciclovia.

    E o que tem definitivamente de errado com o poder público brasileiro é que ele não é fiscalizado nem cobrado pelos principais interessados, a população, reclamar no local errado, de forma errada e para as pessoas erradas é o mais o povo mais faz, sem nem ter ideia de qual é o problema e suas causas.

    Precisamos parar de nos ver como vítimas, somos coniventes.

  3. É. …. Já passou da hora de mudar o Brasil. O país tem em sua alma, uma lerdeza natural, sempre “forças ocultas” a nos rondar. Quantos anos serão necessários para mudanças (da população, governo, empresas).

  4. Nasci aí, atravessei essas porteiras e vi construir o segundo viaduto. Era bagunçado mas era legal. A primeira foto é simplesmente sensacional. O projeto do Pedro Lemos também é bacana. Aquilo que está lá até hoje e o que segue sendo a região é que não dá para entender. Bela matéria.

  5. Passei muito por ali, em 1967, pois cursei a antiga admissão,(5º Ano Primário), obrigatório para ascender ao antigo Ginásio, assim o exigia, na Escola “Romão Puiggari”, localizado quase que na esquina da Rua do Hipódromo, bons tempos,……!!!!!!!!, apesar de atravessar diariamente pela passarela de madeira durante as obras, do que veio a ser o Viaduto atual.

    1. José Wilson, o Grupo Escolar Romão Puiggari (onde fiz o primário todo) fica quase na esquina da Rua Piratininga e não na rua do Hipódromo.

  6. Quando criança, anos 50, eu costumava me divertir com a turminha “pegando carona” nas porteiras quando essas eram abertas…bons tempos!

  7. Com certeza o poder pulico deixa a desejar, falta vontade politica, tem ruas do meu bairro que é para ser contra-mão ha anos e nada acontece.

  8. Minha mãe trabalhou na metalúrgica Matarazzo na rua Caetano Pinto de 1962 a 1969, ela se lembra da porteira do Brás e que sempre atravessava correndo, um vizinho dela morreu na travessia da porteira.

    1. Nossa amiga , minha avó r contava mesma historia , ela era funcionaria dos Matarazzo e eu sempre ouvia ela reclamar desta porteira, pois a distancia era imensa e tinham que se apressar por conta desta bendita porteira…..

  9. Bela reportagem, tenho 62 anos e passei por lá várias vezes a caminho do mercado municipal com minha mãe ainda muito pequena; mas me lembro bem da demora para cruzar a via férrea , que para mim era pura diversão esperar e ver o trem passar.

  10. Douglas, ótima reportagem, não vivenciei essa época, mas meu pai sim, e ele sempre comenta sobre o caos que era quando fala sobre.

    Perfeita sua colocação final: “Tem definitivamente algo errado com o poder público brasileiro e não é de hoje.”

    E infelizmente continuamos tendo muitos exemplos de obras públicas que, se tem a “sorte” de ser ao menos iniciadas, se arrastam durante anos e anos e mais anos para a conclusão… o Metrô de Sampa é um ótimo exemplo: está nessa “toada” de obras arrastadas a muitos anos.

  11. Sempre passo pela Rangel Pestana quando vou à Zona Leste, e nem suspeitava que, no passado, já era tão complicado ir para lá. Se hoje, com Marginal, metrô e Radial, ainda é caótico, imagino nessa época.
    O curioso é que, segundo reportagem do Estadão, quando as porteiras foram retiradas em 1977 para a construção do metrô, ainda tiveram moradores protestando pela manutenção das mesmas porteiras que tanto transtorno causaram. Diziam que eram patrimônio do bairro e que deveriam ser mantidas. Pelo visto, já foram tarde.

  12. Parabéns pela matéria!
    Moro bem próximo da estação do Brás e gostaria de acrescentar um detalhe sobre o assunto:
    Mesmo depois da construção do viaduto, em 1968, as porteiras continuaram em atividade por pelo menos dez anos.
    Eu tenho 43 anos (nasci em 1972) e por muitas vezes na minha infância passei pelas porteiras com meu pai e minha irmã por volta de 1978, eu acho.

    Uma outra observação: Na frente do Hotel Sul América, atualmente em péssimo estado de conservação, como mostrado em uma das fotos da matéria, saíam os ônibus da Viação Cometa S/A com destino a Santos há décadas atrás.

  13. Bom dia DOUGLAS
    PARABÉNS pela excelente reportagem. Eu também era um dos que aguardava, nas mãos dos meus pais e avós, a porteira se abrir. Não foi só essa porteira que gerou transtornos. Lembro-me claramente das porteiras de UTINGA, SANTO ANDRÉ e CAPUAVA, de tempos idos que não voltam mais.
    Saudações,
    MARIO CUSTÓDIO

    1. Vi apenas a porteira de São Caetano do Sul, que foi substituída por um túnel subterrâneo. Se lá já era uma confusão para passar, imaginem no Brás!

  14. Era bem melhor o tempo em que não existia o viaduto que passa sobre os trilhos da CPTM na Rangel Pestana.
    O viaduto que hora existe, serviu para enfeiar a paisagem e em seus baixos serve para moradores de rua dormir e fazer suas necessidades e Aliás chega de tantos viadutos nesta cidade!

  15. Muito boa a matéria, é a história viva da nossa cidade e um problema crônico e ainda atual o descaso dos governantes quanto à coisa pública. Desde sempre governando em prol deles mesmo e de costas para a população!

  16. Nasci na maternidade do Brás, morei no Brás até 76, mas não lembro da porteira. Eu era muito pequena.

  17. Foi exatamente aqui na PORTEIRA DO BRÁS, meu pai AMÁCIO MAZZAROPI começou sua carreira de artista de muito sucesso, começou como assistente de FAQUIR, o faquir FERRY, ou SILK como Mazzaropi o chamava, aos 17 anos de idade; em 1.929, e foi ai na porteira do BRÁS que AMÁCIO MAZZAROPI conheceu o ator caipira e irmãos Genésio Arruda irmão do conhecidissimo Sebastião Arruda, e dali nasceu o JECA na vida de MAZZAROPI, ali nasceu o JECA DO BRASIL; André Luiz Mazzaropi – O Filho do Jeca – 24-05-2.015.

    1. Pelo que eu entendi você é o filho do Mazzaropi… aquele comediante que fazia o Jeca, certo???

      Mas enfim…pelo visto desde aquela época se cobrava uma cidade não só feita para os carros, mas sim para os pedestres e destaque: PELO MENOS NAQUELA ÉPOCA HAVIA POLITICOS CONSCIENTES DISSO, hoje no entanto nem isso temos mais. No geral, posso dizer que desde sempre o Brasil sempre “brasilizando”.

    2. Seu pai foi um dos maiores divulgadores da São Paulo antiga, seus filmes retrataram grandes momentos desta história…enfim, que caminho seguistes?

  18. Não tenho coragem de criticar as coisas que me fazem lembrar minha mocidade, porque hoje tudo virou saudades que não voltam mais. E André, os filmes do Mazzaropi também é parte deste sentimento.

  19. Lembro perfeitamente de atravessar as porteiras de mãos dadas com meus pais. Embora muito pequena, lembro que já havia o viaduto por cima das porteiras. Era realmente demorado, mas as crianças amavam ver os trens tão de perto.

  20. Douglas, como sempre, parabéns pela matéria bem escrita e pela grande pesquisa. Sobre esse tema das porteiras, recomendo ler um ótimo livro de um dos cronistas supremos de São Paulo, o mestre Lourenço Diaféria: em Brás -sotaques e desmemórias (editora Boitempo), em alguns trechos ele, nascido e criado no bairro, relembra as porteiras e os problemas que elas causavam até mesmo com singeleza, como é regra nos ótimos textos em que ele proclama o amor problemático que todos temos por esta cidade. Abraço

  21. Bela matéria histórica.
    Enquanto para se melhorar a mobilidade urbana demora-se mais de um século, um Prefeito petista, eleito em 2013 em apenas dois anos e sem fazer planejamento estatístico adequado e consistente, está metendo os pés pelas mãos, emperrando o transito citadino ao projetar obras de custo vultuoso, de difícil acompanhamento e comprovação. E nós pobres cidadãos da megalópe é que arcamos com os prejuízos.

    1. Isso é o que você deseja acreditar, sem provas é claro. Ele, com seus erros e acertos não está administrando uma barraca de pastel na feira, só uma das maiores cidades do mundo com uma dívida pública monstruosa.

      1. Desculpe-me, ele não tem nem mesmo capacidade para administrar essa “tal barraca de pastel” a qual Você se refere.

  22. Um “minhocão” de 100 anos atrás, acho que em 2066 o problema do minhocão será solucionado, e depois de vermos mil projetos, será adotada a solução mais simplista e estúpida.
    A história sempre se repete em ciclos.

  23. Apesar dos transtornos que causaram na época, as Porteiras do Bras estão até hoje em minhas lembranças… como era demorado trajeto para quem precisava se locomover para ´”o lado de lá”,

  24. Minha mãe trabalhou de 1944 a 1949 em uma indústria que era próxima às porteiras, a metalúrgica Peter Murani. Uma das entradas da fábrica era situada na rua da Cruz Branca. Ao sair do trabalho, ela aguardava as porteiras se abrirem para poder pegar o bonde sentido Pça da Sé. Ela e a colega Tomazina colavam rótulos em caixas. Cumpriam 5 milheiros por dia. E quando tinham chance faziam extra para ganhar mais!

  25. Minha mãe trabalhou de 1944 a 1949 numa fábrica que ficava bem próxima à porteira do Brás, a metalúrgica Peter Murani. Ela lembra bem da porteira, que esperava abrir quando saía da fábrica, porque o bonde que tomava para ir no sentido da Praça da Sé vinha por ela. A fábrica dava para 3 ruas, uma delas era a rua Cruz Branca. Mamãe conta que ali colava rótulos, junto com a colega Tomazina, e outras funcionárias. Elas tinham de cumprir 5 milheiros por dia e saíam com cola até nos cabelos. Mas diz que ela e Tomazina gostavam mesmo assim e que todas as vezes em que era possível faziam mais para ganhar extra. Por isso, foi muito legal encontrar essa reportagem, que lhe trouxe as boas recordações.

  26. Na figura da travessia da avenida Rangel Pestana em meados da década de 60, avistei aquele anúncio da Aveia Ferla que estava até pouquíssimo tempo no mesmo local. Infelizmente, passei esses dias pela região e notei que eles colocaram agora uma placa anunciando uma loja de roupas. Depois de tantos anos, o anúncio da Ferla também sucumbiu. No restante, excelente matéria novamente Douglas. Um abraço!

    1. A Aveia Ferla mudou-se para Itapevi-SP já faz uns três anos. O local ficou vazio por um tempo até que readaptaram o local para ser uma extensão da Feirinha da Madrugada do Brás, funcionando a todo vapor.

  27. QUE SAUDADES ,CARA TENHO 63 ANOS. TANTO PASSEI POR ESTA PORTEIRA, COMO ANDEI NOS BUZÃO DA FOTO UM DA ANTIGA CMTC OUTRO DA VIAÇÃO ALTO DO PARI

  28. Eu morei da rua do Hipódromo, 116 desde 1956 a 1963 e a porteira que ficava nesta rua faz parte das recordações da minha infância. Meu avô era o cantor Paraguassú, ídolo na década de 30. Ele tinha um grande sucesso de sua autoria “PORTEIRA VELHA”,música linda que retrata uma época!!!

  29. A lembrança que tenho é que quando ia buscar algum mantimento no armazém secos & molhados e voltava para casa minha mãe me dizia “Que isso menino quando você vai comprar algo demora mais que a porteira do Brás”. São Paulo tudo de bom na época.

  30. Bela reportagem, muito obrigado pelas recordações…Lembro-me muito bem destas porteiras, estudei na Escola Técnica Getúlio Vargas, na rua Piratininga, uma travessa da Rangel Pestana. Descia do trem e tinha que aguardar a abertura das porteiras para seguir caminho ou galgar as escadas de aço. Tempo bom, Cine Piratininga, Móveis Paschoal Bianco, G.E. Romão Puiggari,Teatro Colombo, bonde Mooca-Centro, Praça Clóvis Beviláqua, Café Moka, Cine Mundi e Santa Helena, grandes recordações…porém, devemos abrir espaço para o progresso, mas, recordações não se apagam e revivê-las é ótimo…abraços

  31. materia sensacional nasci em 1965 na penha nunca poderia imaginar que existia esse poblema no bras quem anda por la hoje em dia nao fas idea de como era no passado

  32. Parabéns pela postagem. Amo seu trabalho. É de uma riqueza impressionante. Gostaria muito que outras cidades tivessem pessoas como você… dedicadas com a preservação das histórias delas.

  33. Maravilhosa matéria. Nasci no Brás e me lembro da inauguração do Viaduto Alberto Marino. Fui até o Largo da Concórdia com minha irmã. Morávamos na Rua Oriente com a Rua Miller. Lamento ver o Brás como está atualmente. Um caos total. Desordem é a palavra exata. Tem gente demais ocupando as ruas. É uma pena, porque grandes recordações tenho desse bairro que era mais familiar com seus imigrantes italianos, espanhóis e portugueses. As lojas eram dos judeus e árabes e todos conviviam pacificamente. Estudamos no Liceu Acadêmico São Paulo que hoje não existe mais. Velhos e bons tempos. Muita saudade!

  34. Nos meus tempos de colégio (entre 1986 e 1993) na região da Penha, qdo alguém falava ou fazia uma besteira, ao invés de dizermos algo do tipo “vai plantar batata”, “vá te catar”, “vai tomar banho”, ou outros termos mais chulos, nós dizíamos “VÁ MORRER NO BRÁS!”.

    Tempos depois, em algum lugar, eu li que essa frase era comum devido antigamente haver várias mortes em acidentes nessa Porteira do Brás.

  35. Eu procuro parentes de uma senhora chamada Filismina, era uma portuguesa que tinha uma pensão na Rua Bresser, 1602, na década de 70. Obrigado !

  36. Não vivi as porteiras do Brás, mas a Gasómetro, onde moro, continua com tráfico intenso. Se diz que tem um projeto, já aprovado , de um túnel ligando o final da rua Gasómetro com o Parque Dom Pedro. Demoliria o viaduto Diário Popular.

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