As casas demolidas da rua Madre Cabrini

Eu deveria abrir aqui uma sessão com o nome “arquivos esquecidos” onde publico imagens de locais que visitei por alguma razão, mesmo tendo passado anos a fio, jamais publiquei. Sou bastante organizado na publicação e no arquivamento do material que produzo para o São Paulo Antiga, porém de vez em quando cometo algum erro, como foi dessa vez que guardei as fotografias das casas antigas da rua Madre Cabrini em uma pasta com o nome errado. Felizmente as encontrei e publico aqui:

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Essa rua que mencionei acima fica no bairro de Vila Mariana, zona sul da capital paulista, e embora eu tenha as fotos das casas aqui para publicar, fiquei espantado em descobrir que nenhuma delas mais existe, foram todas demolidas para dar lugar a três edifícios. As imagens que vocês conferem nesta artigo foram realizadas em 2011.

O total de residências deste trecho bem inicial da rua Madre Cabrini, entre os números 99 e 167, que foram demolidas para dar lugar aos prédios são um número de sete, sendo que delas temos fotografias de cinco.

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A residência acima, localizada no então número 99 da rua Madre Cabrini, foi a primeira a ser demolida sendo seu lote bem na curva da rua. Construída aproximadamente entre o final dos anos 1940 e início dos 1950 foi originalmente residência de Elias Jacob Maluf. Nos últimos anos estava locada para o CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) da Vila Mariana. Era um sobrado muito bem construído e geminado com outros dois, sendo que o da esquerda na foto não foi demolido e o da direta (canto) foi abaixo junto a este e aos demais.

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Já na foto acima estão os dos imóveis seguintes, igualmente demolidos, localizados nos números 137 e 149. Construídos na década de 1950 tenho escassas informações sobre eles, exceto pelo nome do proprietário original da 137 chamado Luiz A.Rangel. Os terrenos foram juntados em um único lote para a construção do novo empreendimento.

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Agora é que começo a ficar aborrecido para valer, com essas duas últimas residências que apresento a vocês, iniciando por esta que era no número 161 e que eu gostava muito pelo seu estilo peculiar. Desde que a conheci, em 2009, ela já estava com placas de venda e confesso que sempre fiquei torcendo para que quem a comprasse a mantivesse de pé, o que, evidentemente, não aconteceu. Abaixo na galeria você confere mais duas imagens dela. Por boa parte de sua existência a residência serviu de moradia a uma mulher de nome Alice Davidoff.

E, finalmente, a minha casa favorita nessa rua e que fiquei muito desapontado com sua destruição, que é a vizinha da casa acima, esta, por sua vez no estava no número 167 e era simplesmente encantadora:

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A mais antiga de todas as residências que veio abaixo, por muitos anos visitei um amigo que morava num prédio nesta mesma rua Madre Cabrini, mas do outro lado da rua, e fiquei admirando esse casarão lindo, com seu jardim vivo e frondoso, sua entrada com uma varanda super aconchegante, seu porão habitável bem alto e amplo e sua arquitetura antiga típica das primeiras décadas do século 20.

Infelizmente nada disso sobrou, restando apenas a árvore que está na calçada. Na galeria abaixo você pode conferir mas duas fotos com detalhes da casa:

O QUE FOI CONSTRUÍDO:

Claro que tantas residências demolidas todas vizinhas em área tão valorizada como essa parte da Vila Mariana não poderia ter virado outra coisa que não novos edifícios, a fotografia abaixo – extraída do Google Street View – mostra o local onde antes existiam sete casas e agora são três edifícios enormes, sem qualquer investimento público na rede de saneamento de esgotos da região. Imagina um local que antes moravam apenas 7 ou 8 famílias agora residirem centenas o quão precário fica?

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Respostas de 10

  1. Triste, muito triste ver essas belezas de arquitetura antiga, serem demolidas para dar lugar a uma caixona!

  2. Pareciam em excelente estado de conservação, especialmente as de paredes brancas com partes de madeira (janelas e portas) cor de marfim. Deplorável e revoltante ao mesmo tempo!

  3. A demolição acontece pois é permitido pela prefeitura de SP, o que acontece já há anos!!! temos uma casa no Cambuci dos anos 20 muito bonita e preservada e está a venda e ninguém quer! as pessoas em SP capital querem morar em apartamentos, pois a segurança deixa a desejar, ninguém tem tempo de ficar limpado e cuidando de casa, como era costume…assim SP vai virar um Hong Kong da América do sul!..infelizmente!

  4. Infelizmente só vão restar as imagens, pouquíssimos herdeiros querem preservar a estória das casa, só querem o dinheiro
    30 anos atrás a Vila Mariana era tão linda com seus casarões
    Ficava admirando cada detalhe, imaginando quem construiu, quem morou
    Hoje tudo está virando entulho
    Sem falar na vegetação onde até os pássaros perdem seu lar
    É triste demais

  5. Amo as arquiteturas antigas. Deveria ter uma lei para preservar essas arquiteturas antigas

  6. elianaisola@gmail.com
    Douglas, admiro seu trabalho. Nasci no bairro da Aclimação, em SP., há 73 anos atrás.
    Você imagina as lembranças que tenho daquela SP que não existe mais. Minha mãe morava no n. 273, da rua Safira e meu pai no 430.
    Ali se conheceram e casaram. Nunca mais voltei lá. Eu sei que a casa dos meus avós paternos já foi destruída.
    Obrigada por seu trabalho magnífico. Abraços.
    Eliana d Avila Isola.

  7. Infelizmente “Assim caminha a humanidade ” . Estamos falando de casas de 80/70/60 anos . Foram destruídas e no lugar estão construídas moradias que hoje vemos . E sendo “Assim caminha a humanidade” da mesma forma daqui 60/70/80 anos tudo deverá ser novamente diferente . Diversos centros urbanos já estão iniciando este processo urbanístico !!!!!!!

  8. Cresci nessa rua, fim dos nos anos 1960 e começo dos 70. Brincávamos na rua, que era tranquila, e à tarde podíamos brincar no parque do Colégio Madre Cabrini, cujos portões ficavam abertos na época. Tempo em que os vizinhos ainda se conheciam. Triste saber que casas tão lindas já não existem mais.

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