Teoricamente São Paulo é “protegida” por dois órgãos de defesa do patrimônio histórico: O Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), de alçada municipal, e o Condephaat de nível estadual. Entretanto são dois departamentos públicos bastante ineficientes quando o assunto é realmente proteger a memória arquitetônica paulistana. Seja isto por falta de verbas, pessoal ou falta de vontade.
Tomemos por exemplo o imóvel abaixo:
Construído nos primeiros anos do século 20, é um dos belos armazéns antigos da Bela Vista. Localizado na altura do número 1180 da Rua Santo Antônio, trata-se de um típico estabelecimento comercial paulistano do passado. Nele é possível ver como não existe uma fiscalização eficiente e uma documentação iconográfica pública dos imóveis antigos da capital.
Houvesse em São Paulo uma fiscalização decente nos bens imobiliários antigos da cidade, jamais teria sido permitido que uma das portas antigas do imóvel fosse removida, descaracterizando parcialmente sua fachada. Ou, no mínimo, o proprietário teria recebido alguma orientação dos órgãos de defesa do patrimônio histórico de como proceder na preservação da fachada.
Até poucos anos atrás as três portas resistiam muito bem, sendo que apesar de não ter mais a porta original de madeira na entrada central, as duas laterais ainda as mantinham. Por enquanto, felizmente, a entrada da direita mantém a porta original preservada. Já no canto esquerdo, foi substituída por uma horrorosa porta de alumínio que além de gosto duvidoso, destoa completamente da belíssima fachada original do armazém.
É sabido que hoje em dia não é barato fazer uma porta de madeira nos moldes da original. Por isso há a necessidade urgente de políticas públicas eficientes, aliadas a descontos no IPTU, que permita que o proprietário use parte (ou a totalidade) do tributo municipal em prol da preservação de fachadas de imóveis antigos. Também é necessário que o poder público produza uma espécie de cartilha para orientar os donos a como manter suas casas preservadas.
Ideias em prol de uma cidade melhor não faltam, o que falta é vontade do poder público.
Veja abaixo duas outras fotos, agora das portas do armazém:
Respostas de 11
Vai longe o tempo no qual as portas podiam ser simplesmente de madeira. Quando os muros nada mais eram do que muretas, das janelas abertas nas quentes noites de verão. Infelizmente.
Ou porta/janela de aço. No interior tem muito disso. Acaba com as casas.
Eu simplesmente odeio o maldito alumínio! Ô praga que infesta esta cidade…
Lembro-me muito bem deste imóvel. Em meus tempos de garoto, lá mesmo no ‘Bixiga’, lá mesmo, neste velho imóvel, funcionou um depósito comercial e, aonde esta a ‘distoante’ porta de alumínio, era uma ‘maloca’ ou ‘cortiço’ (como queiram), administrado por uma grande amiga de nome Hilda.
Geralmente essas casas descaracterizadas , são casas invadidas ou ocupadas ilegalmente !
Deviam os orgãos públicos cuidarem desses casarões, mas infelizmente a ganância e a especulação imobiliária tomaram conta de toda cidade. Passam como um trator demolindo da noite para o dia tudo o que é belo. Existiam casarões maravilhosos, e de uma arquitetura de estilo europeu, que foram derrubados sem dó e piedade. Está no lugar desses casarões, prédios de vinte, trinta andares. Um dia esses prédios estarão como vários prédios do centro. Deteriorados e invadidos por moradores que se dizem “sem tetos”.
Acho que a prefeitura deveria restaurar prédios do centro e tornarem eles habitável, para não serem derrubadas casas tão belas nos bairros de nossa São Paulo.
Meu caro, a minha avó morou neste endereço nos anos 60, depois que arrendou a fazendo em Jabuticabal. o corredor de entrada era justamente onde mudaram a porta, eram 8 famílias, 3 na parte superior e 5 na parte de baixo. Tinha uma italiana, a Dona Anunziata que morava com a irmã, que todos os dias às 6 da manhã ligava o rádia altíssimo tocando a Ave Maria.
A construção era bem interessante, uma passarela no andar superior com grade de ferro antiga e um grande cômodo dividido por portas de madeira e janelas, de acordo com a necessidade de locação fechavam as portas entre os cômodos. Apenas um banheiro e um tanque na parte de baixo e na parte de cima.
Para acessar a parte de baixo, tinha uma escada de ferro até um grande quintal.
A minha avó ocupava três cômodos do andar inferior, uma cozinha e dois quartos.
Abs.
Eu vi nos Açores se usarem esquadrias de alumínio e portas de alumínio, reproduzindo-se com exatidão os detalhes do original. O problema com madeira é que a mesma apodrece com o tempo pois não há como se usar soleiras de latão.
A maior preocupação ali é a recuperação dos detalhes de alvenaria. Estando elas intactas, ou em condições que possam ser recuperadas. o restante é irrelevante.
A atenção com a recuperação vai de mão em mão com o bolso do proprietário e a percepção do tipo de aproveitamento econômico que o imóvel trará.
Vc pode argumentar que está se dando “Pérolas aos Porcos”, mas o fato é que uma vez proprietário, o custo de manutenção do imóvel recais sobre o mesmo. Portanto reclamar, dizer “que pena”, típicamente coisa de Brasileiro, não adiantará nada.
Esquadrias e portas de alumínio podem ser empregadas , afinal o material não sofre com corrosão e empenamento tanto quanto aço ou madeira.
E madeira empregada em janelas, a peroba , praticamente desapareceu. Restaurar lãs seria o mais óbvio, porém novamente a preguiça, mesquinhice e ignorância da maioria dos proprietários locais conspira contra a noção desse preservar o que originalmente foi concebido para ser agradavelmente estético.
O problema com esquadrias de alumínio está em comprar algo padronizado na loja que não se conforma com as características esteticas originais em que fachadas foram erguidas .
Além do proprietário ou locatário não Se dispor a gastar o necessário para se manter a autenticidade de imóvel , não há quem se disponha a construir esquadrias e janelas em produção não seriada, no caso do alumínio.
Minha bisavó morava num cortiço exatamente neste endereço nos anos 70. Um único cômodo para 4 pessoas. Lembro da porta de madeira na entrada. Um corredor escuro, depois vinham as casinhas ao fundos. Algumas em cima, outras em baixo. Um banheiro só para todas as famílias. Além da minha vó, só lembro de uma moradora, a dona Hilda, que minha vó chamava de “Ida”.
como estava em 01/24: https://maps.app.goo.gl/qAYQhmRhiHBtCBNy9