Açougue Municipal

Sempre me chamou bastante a atenção este pequeno salão comercial na rua Lopes de Oliveira, na Barra Funda, devido a sua arquitetura antiga simples, mas interessante:

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O que parece ser uma antiga oficina ou garagem de automóveis atiçou ainda mais a curiosidade quando observei a placa da fotografia abaixo, que permaneceu na fachada por anos. Pela tipografia e material empregado ela estava ali há muitas décadas:

Estranhamente essa placa foi removida recentemente, em 2017 para ser mais preciso, o que me deixou ainda mais curioso sobre o que foi esse imóvel público anteriormente. Será que foi vendido ou ainda pertence ao poder municipal ?

O imóvel está sempre pintado e muito bem conservado e nem mesmo fazendo uma pesquisa ampla foi possível descobrir o que funcionou originalmente no local. A total ausência de dados públicos foi um grande desafio para o avanço da matéria.

Foto: Douglas Nascimento / São Paulo Antiga
Detalhe de uma das portas do estabelecimento

Entretanto recentemente o leitor do São Paulo Antiga, Mauro da Silva, atento ao conteúdo que é publicado aqui conseguiu informações em um antigo jornal paulistano extinto e pouco conhecido: O Combate.

E foi neste periódico que foi possível descobrir com clareza e detalhes de informações o que funcionou originalmente neste imóvel: Um açougue municipal.

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Corria o ano de 1922 quando a população paulistana reclamava demais dos constantes aumentos de preços da carne nos açougues, mercados e mercearias da cidade. Constantes remarcações apontavam para um movimento ganancioso de cobrar mais pelo alimento mesmo não tendo inflação correspondente ou falta de carne no mercado.

Outro problema era a falta de higiene ou de locais adequados para o corte e venda da carne nos estabelecimentos paulistanos. Foi assim que a Prefeitura de São Paulo tomou a decisão de mudar essa realidade e coibir esses abusos através da criação de um açougue municipal.

Em fevereiro de 1923 o prefeito paulistano Firmiano Pinto inaugurava na Rua Lopes de Oliveira o primeiro Açougue Municipal, em parceria com a União Pecuária Brasileira Limitada.

O novo estabelecimento pretendia ser não só um marco regulatório nos preços abusivos da carne em São Paulo, como também um parâmetro de qualidade para os demais açougues da cidade. Ali tudo foi feito com as mais modernas características para um comércio deste tipo, como área para as peças de carne distante de paredes, ambientes azulejados e ventilados, áreas separadas para corte e venda, além de vestiário externo para os funcionários.

Infelizmente após a inauguração as informações são muito escassas e não foi possível determinar até quando este açougue funcionou, mas ao menos temos a noção do que funcionou no local.

Agradecimentos: Mauro da Silva

Bibliografia:

  • O Combate – Ano VIII – Número 2312 – 23/02/1923 – pp 01
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