A evolução dos tênis: conheça a história dos calçados esportivos que se tornaram ícones da cultura mundial

Os tênis percorreram um longo caminho desde suas origens como calçados puramente funcionais para esportes e exercícios. Antes considerados acessórios casuais, eles evoluíram para uma importante declaração de moda e se tornaram parte integrante da cultura popular.

De todos os estilos e formatos, desde designs clássicos a luxuosos, com acessórios e cores variadas, usados para a prática esportiva como os tênis de basquete, ou compondo looks casuais com o melhor sapatênis masculino. Seja qual for sua origem, os tênis não têm apenas uma, mas várias histórias que remontam a mais de um século.

Os primeiros tênis

Há registros de que os primeiros pares de tênis semelhantes aos modelos usados atualmente foram criados em 1830 pela companhia inglesa The Liverpool Rubber, fundada por John Boyd Dunlop, que descobriu como unir cabedal de lona a solas de borracha. Nas décadas de 1860 e 1870, surgiram outros modelos projetados especificamente para o uso esportivo.

No início do século 20, empresas como Spalding e Converse basearam-se nestes designs iniciais para criar calçados específicos para esportes como basquete, tênis e atletismo. Esses modelos de tênis já apresentavam amortecimento e suporte aprimorados, além de solados de borracha antideslizantes.

O Converse All Star, desenvolvido em 1917, foi o primeiro tênis a ganhar popularidade. Usado por jogadores de basquete norte-americanos, o design icônico de lona simples e sola de borracha ganhou o mundo e ainda é um dos mais vendidos até hoje.

Em 1922, a companhia fez algumas alterações no modelo, reforçando principalmente o tornozelo. O jogador de basquete Chuck Taylor, embaixador da marca, teve a sua assinatura acionada ao selo do tênis, que recebeu o nome de Chuck Taylor All Star,  trazendo um novo fascínio ao calçado esportivo.

Alguns anos mais tarde, o desenvolvimento industrial e as mudanças sociais influenciaram as atividades esportivas, abrindo caminho para o surgimento de outros calçados especializados, como o icônico modelo Green Flash, da Dunlop, usado pela lenda do tênis Fred Perry em Wimbledon, no ano de 1929.

Nas décadas seguintes, as fabricantes continuaram seus projetos de calçados esportivos para modalidades específicas, com foco em ajuste, suporte e desempenho. Os tênis de corrida com amortecimento adicional e os avanços no design do solado pavimentaram o caminho para a expansão sem precedentes deste ícone do guarda-roupa global, que ganhou status de símbolo cultural.

Na Europa, a marca de calçados esportivos mais conhecida era a alemã Dassler. Tanto que nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, os atletas alemães usaram Dassler. Ao mesmo tempo, a delegação americana usou o Converse. Na década de 1940, o tênis já havia se estabelecido como principal calçado esportivo. Foi quando os irmãos Dassler, donos da marca homônima, deixaram de ser sócios e montaram as empresas Adidas (Adolf Dassler) e Puma (Rudolf Dassler).

A ascensão cultural dos tênis


Os calçados projetados para performance esportiva permaneceram amplamente funcionais durante a década de 1950. As primeiras tendências de tênis combinando com jeans apareceram. Logo, estrelas de cinema adotaram essa moda e a levaram mais longe, incluindo celebridades como James Dean, Marlon Brando e Marilyn Monroe.

A grande mudança na história dos tênis ocorreu ao longo das décadas de 1960 e 1970. Usados por astros do esporte e referenciados como tendência de moda, estes calçados tornaram-se muito mais do que acessórios esportivos – eles passaram a fazer parte da cultura popular.

A década de 1960 marcou o início da moda casual, incluindo os calçados esportivos. Na década de 1970, marcas clássicas como Nike e Vans ganharam popularidade não apenas entre os atletas, mas começaram a atingir um público diferenciado. A febre do jogging nesta década consolidou a posição dos tênis na moda e na cultura. Logo, os tênis passaram a ser associados ao hip hop e aos skatistas, assumindo uma estética mais rebelde.

O estabelecimento da Nike como gigante do esporte nos anos seguintes foi o empurrão final para estabelecer os tênis como um calçado urbano popular. Em 1984, o astro do basquete Michael Jordan assinou contrato com a marca para o lançamento do Nike Air Jordan, um dos tênis mais famosos de todos os tempos. O Nike Cortez, primeiro modelo com amortecimento para corrida, garantiu o status cultural da marca ao ser usado pelo personagem de Tom Hanks no filme Forrest Gump, de 1994.

Anos 1970-80, o boom das marcas brasileiras de tênis

A história do tênis no Brasil não pode ser contada sem considerar as décadas de 1970 e 1980. Modelos como Kichute, Conga, Bamba, Rainha e Montreal estiveram presentes nos pés da maioria dos jovens brasileiros em uma era de grandes mudanças no mercado esportivo nacional e global.

O Kichute, da Alpargatas, foi lançado para homenagear a vitória da Seleção Brasileira na Copa do México, em 1970, com a conquista do tricampeonato Mundial. No auge da sua popularidade, este modelo chegou a vender nove milhões de pares por ano. Os outros dois modelos da Alpargatas, Conga e Bamba (inspirado no All Star), também alcançaram grande sucesso na época.

O tênis Montreal foi criado em 1976 para homenagear os Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá. O modelo ficou famoso pela publicidade nos programas do Silvio Santos na antiga TVS, hoje SBT, ao qual o apresentador sorteava os tênis para o público no quadro Domingo no Parque. O tênis Rainha, por sua vez, foi lançado originalmente em 1934 pela Saad & Cia e se popularizou no final da década de 1970, quando a marca foi adquirida pela Alpargatas.

Os tênis estão intimamente ligados a todas as tendências de moda e às mais diversas tribos urbanas: punk, hip hop ou indie, apenas para citar algumas. Dos esportes, ruas e palcos, estes calçados esportivos deram um salto definitivo para as passarelas, marcando presença nos desfiles de alta-costura internacionais. De fato, as empresas de luxo não hesitam em lançar seus próprios modelos, mostrando que o tênis alcançou o máximo status fashion e tornou-se um fenômeno verdadeiramente universal.

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