Em uma cidade como São Paulo, 7 décadas são um longo tempo para transformações. Basta passear em alguns de nossos bairros e irá perceber que em períodos muitas vezes bem menores as mudanças urbanísticas são tão drásticas e profundas que muitas vezes temos a sensação de que estamos em um outro lugar.
Regiões como Itaim Bibi, Moema, Tatuapé e Perdizes entre tantas outras, são bairros paulistanos que estão completamente diferentes. Mesmo assim, encontramos nestes bairros pequenas porções que nos remetem ao passado e nos permitem ter uma breve lembrança de épocas que muitos de nós sequer havíamos nascido.
E foi assim que decidimos ir atrás de uma esquina que um de nossos fiéis leitores nos enviou um tempo atrás. Sem muitas informações, a foto abaixo dizia apenas “Alfonso Bovero anos 1950”. A nossa missão era descobrir se o tal “Armazém Pompeia” de secos e molhados ainda existia e em que trecho da avenida Prof. Alfonso Bovero esta esquina estaria.
Passamos a observar a foto para tentar identificar os diversos imóveis que aparecem na imagem. O primeiro passo para tentar identificar um local antigo em uma fotografia, é analisar o seu entorno, onde eventualmente alguns imóveis ainda podem existir.
Assim, o prédio mais ao fundo foi imediatamente o que nos chamou mais a atenção, parecia ser um hospital ou uma escola. Através do excelente Google Maps, fizemos uma busca pelas vizinhanças da Alfonso Bovero na esperança de encontrarmos algum prédio de estrutura idêntica ao prédio. E assim, encontramos o Colégio Sagrado Coração de Jesus, que se estende por três ruas, as paralelas Tucuna e Caraíbas além da Cel. Melo de Oliveira.
A partir desta identificação geográfica, foi possível identificar qual era a rua que faz esquina com a avenida Professor Alfonso Bovero onde teria sido tirada a foto na década de 1950: A rua Tucuna. Agora, restava a dúvida: Será que este armazém teria resistido tantas décadas de transformações urbanísticas do bairro? Para tirar a dúvida, decidirmos ir até o local. E para nossa grata surpresa, o velho armazém não foi demolido e continua por lá:
Encontrar o velho armazém de secos e molhados em pé e bem preservado foi uma grata surpresa. Não sabemos há quantos anos o imóvel deixou de abrigar um armazém, mas nos últimos anos uma agência lotérica vem funcionando no local. A fachada sofreu algumas leves alterações perdendo algumas faixas e detalhes, mas preservando o relevo no frontão.
Na vizinha rua Tucuna muita coisa mudou. As árvores que inexistiam nos anos 1950 hoje encobrem totalmente a rua, tornando impossível avistar o colégio ao fundo do mesmo ângulo da fotografia antiga. As casas térreas e os antigos sobrados do lado direito da rua foram demolidas e deram lugar a edifícios e, na rua, os ecológicos paralelepípedos deram lugar ao asfalto, que não absorve nada da água das chuvas. Semáforos, que não existiam na tranquila Alfonso Bovero da década de 50 também foram instalados. A placa da rua passou da parede do imóvel para um poste na calçada.
Com estas imagens, foi possível traçar um comparativo entre duas épocas distintas e mostrar um pouco da transformação urbanística de um cantinho de nossa cidade.
Gostaria de ver outra região retratada pelo blog aqui no “Antes e Depois”? Mande sua foto que poderemos publicá-la!
Respostas de 38
Simplesmente Fantástico, esse recorte de cima com as fotos das crianças e o telefone na parede ficou muito boa.
Que coisa mais linda a foto antiga com os paralelepípedos perfeitamente alinhados e as crianças com roupas antigas na porta do armazén! Bem melhor antes mas com as árvores de atualmente ficaria perfeita. =)
andando pelo local existem sim muitas casas terreas ainda do outro lado da rua , vizinha ao armazem
somente na descida da rua tucuma de e que nao existem mais casas terreas.
Velhos tempos, velhos dias…
Trabalho excelente, revela o quanto perdemos a favor do “progresso”.
A fusão das duas imagens ficou soberbo, parabéns.
Do alto da Alfonso Bovero era possível ver o Palestra Itália lá embaixo, na Turiassu.
Fantástico e sem comentários!
Morei até julho do ano passado na esquina do outro lado…dentro da lotérica ainda tem fotos desta época do bairro.
Parabéns pela materia. Muito boa.
Gostaria de saber mais informações de um Casarão na esquina da av.Pompeia com rua Ministro Ferreira Alves, provavelmente dos anos 20, que está sendo demolido.
Gostei muito de ter conhecido esse site. Meus parabéns pelo trabalho.
Sou apaixonado por fotos da São Paulo antiga, fico imaginando a vida nessas decadas passadas, as pessoas … putz, show de bola.
Moro bem pertinho do local da foto.
Muito legal, adoro fotos comparativas antes e depois, é uma maneira de poder voltar o tempo.
Fantástico o trabalho…. parabens
Fantástico!!! A fusão das duas imagens chegou até a me emocionar!! Que trabalho lindo o de vocês neste site!!!
Deus os abençoe!!!!
Veja que na vendinha de 1950 tem uns cartazes:
“Exija produtos Cica” e
7 Up
2 marcas que tambem sucumbiram….
Descendo a Tucuna apos o ARMAZEM sentido Tavares Bastos, existia um cinema, verdadeiro pulgueiro,seção so no domingo, para época na Pompéia era luxo,tomei muita Crush e Grapete neste armazem.Depois abriu o Cine Astral na Cotoxo que acabou virando Teatro Manoel da Nobrega( Silvio Santos ).Muita saudade deste tempo na Pompéia
Olá Garcia. Eu morei na R.Aimberé e estudei no ex-Liceu Tiradentes fins anos 50, até fins anos 60.Passei todo o seu tempo por essas ruas. Íamos à missa na Ig.Nossa Senhora do Rosário, Pe. Estevão, Pe. Miguel. Pe. Afonso. Na minha época já não peguei essa venda como era chamada antigamente, nem o cinema da R.Tucuna, mas sim, o Astral da Rua Cotoxó. Eu tinha uma amiga que morava na Rua Tavares Bastos, numa fila de sobrados, lado esquerdo virando a Tucuna à esquerda. Ela tinha irmã, morena de olhos verdes. Ambas eram muito lindas. Usavam cabelos estufados, desfiados no alto. E tinha outra amiga que morava na Tavares Bastos, logo na subida, sentindo R.Caraíbas, lado esquerdo, o pai era artista da antiga Rádio S.Paulo. Eu tinha um colega que tinha um bar na esq. da Afonso Bovero com Rua Caraíbas, de frente a Padaria. Onde andará esse rapaz, hoje um senhor de 73 anos.Era da Ilha da Madeira, sobrenome Brazão, será que você conheceu essa família. E outra família, uma jovem que estudou comigo no Liceu, Maria E/Helena Orlando. Morava lá embaixo na R.Br.do Bananal, perto da White Martins. Gostei imensamente dessa foto. Pena, que deu para eu gardar no meu álbum de família.
Cecília, sou a Maria Helena Orlando, como faço para contactar você? mande seu e mail bjs
O e mail preenchido aqui é o da minha irmã Maria Dalva. escreva por ele, ok?
Olá Cecília,
Você poderia me enviar o seu e-mail, eu preciso fazer um trabalho sobre esse bairro. Pode me contactar por esse e-mail.
o nome desse cinema que vc. se refere era o Cine Pompeinha e o dono era o Sr. João. Toda vez que ele começava uma seção ele avisava : se fizerem barulho eu paro..kkk.Foi ali, aos 16 anos que vi, pela primeira vez um filme de strepe-tease..” O sonho da hoteleira””.Logo depois que o cinema acabou, motivado pela inauguração do Astral , esse local serviu para que fizéssemos bailes ali.
O PULGUEIRO CHAMAVA-SE CINE POMPÉIA., PERTENCIA AO SR. GETULIO. O BARONDE VC. TOMAVA CRUSH LOGO NA ENTRADA TOMEI MUITA SEVEN-UP.
Sensacional…a montagem da foto chega a emocionar.
Acompanho há muito o site, e adoro as imagens comparativas. Essa, então, conseguiu mostrar um imóvel antigo que resiste, e as crianças “viajando” no tempo até os nossos dias.
A nossa cabeça viaja também…
Parabéns.
Adorei essa foto e sua montagem. O meu sonho é fazer isso em muitas fotos antigas na cidade d Rio de Janeiro.
Sou paulistano, mas moro no Rio, e tenho um grande respeito por estas duas grandes cidades.
Trabalhei numa pequena fábrica na Aimberê nos anos 80, como contínuo. Dada minha atividade, aindei muito à pé pelo bairro, e já nos anos 90 ao eventualmente retornar ao local percebi mudanças drásticas, que continuaram num mesmo ritmo acelerado na década de 2000. A principal que salta aos olhos é a exploração imobiliária. Os antigos e bem conservados sobradinhos e casinhas térreas com jardim na frente que ainda abundavam na década de 80 por Aimberê, Tucuna, Alfonso Bovero, e demais quadras da região praticamente desapareceram dando lugar a prédios de apartamento. Sem dúvida um dos bairros que mais se alteraram, apesar da grata surpresa deste prédio do mercadinho quase intocado.
Uma das fotomontagens mais emocionantes que já vi em minha vida. Parabéns ao autor.
Realmente me emocionei muito. Um detalhe: reparem na tranquilidade daquelas crianças
naquele local naquela época. É muito emocionante e ao mesmo tempo também, muito chocante
com a nossa realidade atual. O ideal seria termos os avanços tecnológicos de hoje aliados
à maior paz e tranquilidade para se viver daquela época. Será que um dia conseguiremos este
feito? Sinceramente só acredito que conseguiremos isso quando pudermos realmente nos espiritualizarmos mais. Não falando de religião, mas sim de nos unirmos para, juntos, através da boa vontade maior de uns para com os outros, fazermos uma São Paulo mais digna e feliz para todos. Um abração. Fotos maravilhsas…
Desde 1947 na Pompéia…
Essa esquina hoje é a lotérica do Prado ( ex jogador do São Paulo ). Na foto antiga 1.953, se viam crianças uniformizadas do Colégio Lafayete, antes do Liceu Tiradentes e hoje Bradesco. Na descida da Tucuna ( hoje uma mecânica ), havia o Cine Pompéia- anos 50 ( Sr. João), o tal “pulgueirinho” .Coitado ele foi p/falência devido a concorrência do Cine Astral – anos 60 ,que também não durou muito. Nós ,dessa época, alugávamos esse espaço e fazíamos bailes(como era chamado na época ). Os famosos Cabeludos ( Cid e Jair ), é que organizavam. Essas baladas variavam muito de local e era costume da moçada alugar casas disponíveis ( ganhar uns “cruzeirinhos” sempre foi bom ) .
O espaço aqui é muito reduzido para contar o que havia “” entre os paralelepípedos”” da minha querida Pompéia.
DOUGLAS, o que você precisar de informações a respeito do quadrilátero compreendido entre as ruas RIbeiro de Barros à Rua Diana e da Venancio Aires a Gonzaga Duque ( essa é a Pompéia ), estarei a sua disposição. Nasci aqui , morei na Miranda de Azevedo, Rua Guiará e hoje moro na Raul Pompéia e por aqui continuarei….
Acho legal em ver nessas fotos de antes e depois, que a preocupação com a arborização urbana,ao que me parece pela maioria dessas fotos, é meio recente.
Essa foto foi feita pela Alice Brill em 1953 intitulada Empório na Pompéia, seu acervo sobre SP se encontra no site do Instituto Moreira Salles, assim como de outros fotógrafos. Vale a pena visitar
Lotérica do Prado. Ex jogador do Palmeiras.
Que incrível! Vi a foto dos anos 1950 em uma página do Buzzfeed e achei incrível. Eu pensava que era a esquina com a Tucuna. Usei a foto para fazer um estudo de aquarela:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10204743249761998&set=a.3358011909990.2163479.1259776236&type=1&theater
Ficou muito bom Daniel!!
A história me fascina. Vendo uma foto dessa ainda; onde essas crianças hoje são avós, ou já nem estão mais aqui. E o prédio continua lá….Sensacional
Parabéns pelo registro
Numa dessas casas que aparecem na direita da foto morava uma antiga professora minha, dona Iolanda Macruz, do Grupo Escolar Clovis Bevilacqua na Vila Anglo.
Será que as meninas estavam vindo daquele colégio? Se sim, é um bocado longe. Há 60 anos tudo era mais bonito.
BOM DIA, BEM? SE CUIDANDO? BOM… HAVIA UM COLÉGIO, UM LICEU OU ATENEU, NA RUA ALFONSO BOVERO ENTRE A AVENIDA POMPEIA E A RUA CAYOWAA OU RUA TUCUNA E COTOXÓ: PODE AJUDAR? ENVIE UM E-MAIL COM AS INFORMAÇÕES E SE POSSÍVEL, FOTO. MUITO OBRIGADO!!!!
Boa tarde !!! Estudei no Colegío Liceu Tiradentes, tendo me formado no curso Técnico de Contabilidade em 1965. Recentemente passei onde ficava o Colégio a alguns anos atrás e o local está absolutamente mudado. Você teria a numeração do local, foto e qualquer outro dado para que eu conseguisse a informação que preciso junto a Secretaria de Educação. Estou encontrando muitas dificuldades. Grato.
Durante muitos anos, onde foi o Liceu Tirandentes, foi uma agência do Bradesco, que recentemente se mudou para um imóvel bem em frente, onde outrora fora uma agência da Caixa Econômica Estadual.
Estão construindo um prédio no lugar onde foi o Liceu e depois o Bradesco.
Aí em São Paulo não é obrigatório aos moradores em frente aos terrenos, fazerem a poda das árvores? Eita cidade que cresce desordenadamente! Depois vem a concessionária de energia elétrica e decepa sem dó e sem critério as árvores.